Base Nacional Comum e o pensamento matemático – parte 2
Como a criança interfere e se apropria dos espaços? É possível trabalhar o tempo? As quantidades? E os fenômenos naturais? Como a Base Nacional Comum Curricular aborda o pensamento matemático nas crianças pequenas?
Começando a conhecer o mundo, os bebês e as crianças pequenas iniciam e criam as primeiras aproximações com ele: observam, mexem, jogam, mordem, interagem, investigam…
O texto provisório do documento da Base Nacional Comum Curricular também aborda propostas para provocar e desenvolver o campo de Experiências Espaços, Tempos, Quantidades, Relações e Transformações em cada eixo de objetivos:
Conviver,
Brincar,
Explorar,
Participar,
Comunicar,
Conhecer-se
Fotografia: instrumento precioso da Educação
Fotografia é uma das linguagens da arte que pode, de fato, captar a poética da infância. Como fazer isso acontecer?
Fala-se intensamente sobre Registro e Documentação Pedagógica do professor e de suas crianças. Mas salta ao pensamento a importância dos relatos escritos e a fotografia como apoio, suporte ou até mesmo embelezamento do resultado da reflexão do professor.
Palavra de… Edith Derdyk: o desenho do gesto e dos traços sensíveis
Edith Derdyk nos fala do novo olhar para o desenho da criança no contexto da arte contemporânea: o desenho que ultrapassa barreiras de modelos e normas formais para contar sobre as sensações e gestos de quem os produz.
Tanto em suas palavras como em seus trabalhos, a linha marca a pesquisa na arte de Edith Derdyk e nos convida a brincar com nosso olhar e gesto.
VIÉS – DVDteca Arte na Escola
Tempo de Creche – O que o desenho conta sobre a criança?
Edith – O desenho é linguagem que atravessa todos os tempos – das cavernas à informática – sempre esteve presente na História da Civilização. E, de todas as linguagens, é a mais antiga. Tal como a pantomima*, são linguagens nascentes.O desenho é linguagem inata: toda a criança, de qualquer tempo e lugar, desenha. Toda criança possui intimidade com o desenho como ponte de investigação, expressão e comunicação com o mundo. Existe uma proximidade imensa e natural entre o ato de desenhar e a ação corporal mais do que com o quê a criança deseja ou pensa em “representar”. Num primeiro momento do desenvolvimento da aquisição da linguagem do desenho, a criança é verdadeiramente o seu gesto, o seu traço, o seu movimento e o desenho é resultante desta ação, registrando o percurso do movimento do corpo no espaço do papel, na parede, em qualquer superfície.
Seguindo por esta trilha de investigação, talvez possamos refletir um pouco mais sobre como a criança desenha e menos com o quê o desenho conta sobre o que a criança é! Esta diferença entre “como a criança desenha” e “sobre o quê ela desenha” ou “o quê o desenho conta sobre a criança” são limites sutis e avassaladores, pois o modo como se desenha revela qual o modelo de desenho que nos habita. E cada modelo de desenho traz, consigo, um conjunto de conceitos, ideias, atitudes e procedimentos. Talvez pudéssemos inverter a pergunta e enunciar que o sujeito que desenha – seja criança, seja adulto – , é quem reinventa o que um desenho é e pode ser!
[*pantomima = mímica]
Um relato sobre relações e aprendizados na prática de Reggio Emilia
Registro e Documentação Pedagógica são ferramentas imprescindíveis para dar contorno ao trabalho pedagógico desenvolvido em Reggio Emilia. Diversos relatos publicados em livros podem ilustrar a forma como as equipes pedagógicas realizam suas práticas, os registros e as reflexões provenientes da análise desses materiais. Destacamos um relato do capítulo Uma mensagem de grupo, extraído do livro Tornando visível a aprendizagem: crianças que aprendem individualmente e em grupo para aprofundar o olhar sobre as relações, as conquistas de um grupo de crianças e de sua professora.
Numa das escolas de Reggio Emilia é desenvolvido um projeto permanente de Caixas de Correspondência (ou de comunicação à distância). Todos participam: crianças, professoras, atelieristas e cozinheiras. São caixas individuais, uma para cada criança e profissional da equipe.
O currículo integral e formação de professores na Educação Infantil
Tempo de Creche conversou com Janaina Maudonnet, mestre em educação e especialista em educação em direitos humanos, sobre o currículo integral – ou holístico – e seu potencial nas descobertas da cultura e singularidade das crianças e as demandas na formação do professor na Educação Infantil.
Tempo de Creche – O que é o currículo para a Educação Infantil?
Janaina – Ao tratarmos de currículo na Educação Infantil, estamos falando do modo de organizar as práticas educativas: os espaços, as rotinas, os materiais que disponibilizamos às crianças, as experiências com as linguagens verbais e não verbais que lhes serão proporcionadas e os modos de acolhimento na instituição.
A forma como organizamos essas práticas tem por trás ideias sobre a finalidade da educação, a maneira como os sujeitos aprendem, o que se deseja que eles aprendam, que tipo de homem queremos formar e para qual tipo de sociedade. Trata-se de uma prática complexa, que necessita de permanente reflexão por parte dos adultos que a oferecem.
As histórias para os bebês fazem Ploquet, Pluft, Nhoc!*
Falar de leitura para bebês e crianças pequenas pode soar estranho e ainda é assunto polêmico. Quase sempre associamos a leitura ao aprendizado da escrita ou à ideia de que os bebês não estão capacitados para compreender e absorver de modo ativo e inteligente esta parcela letrada do mundo.
Estudos e práticas recentes revelam exatamente o contrário. Reside uma sabedoria infantil que nasce no berço e, livros e leituras podem se tornar uma espécie de brincadeira alegre e divertida para os bebês.
É disto que falaremos daqui para adiante. O que me impulsionou a escrever este texto, além do convite do pessoal do Blog “Tempo de Creche” e da minha afinidade e familiaridade com o assunto, foi a leitura que fiz na Revista Emília e na entrevista que Yolanda Reyes, uma colombiana que defende uma cultura leitora desde o início da vida concedeu ao blog Arte e Infância. Nesta reportagem Yolanda afirma que os primeiros contatos das crianças com a literatura ocorrem em “livros sem páginas, que estão escritos na boca das pessoas”.
9 dicas especiais para contar histórias
Contar histórias para crianças é tão importante para a sua formação que diversas pesquisas apontam para resultados surpreendentes dessa prática. Nos Estados Unidos pediatras passaram a receitar a narração de histórias e poesias até para bebês no útero! Professores precisam trabalhar o mergulho na magia das histórias com suas crianças.
Mas é preciso ser profissional ou ter esse dom?
![](https://tempodecreche.com.br/site/wp-content/uploads/2020/03/roda-de-histórias-806x604.jpg)
Contar histórias é uma das artes da palavra.
Muitos contadores usam experiência e intuição para transmitir o que viveram. Outros buscam aprendizados para desenvolver esta habilidade. Leem muito, estudam a língua e, às vezes aprofundam-se nas técnicas de representação. Os atores que encenam histórias, o fazem com um texto formatado, independente do tipo de plateia presente. Já o contador precisa levar em conta a presença e a personalidade de sua audiência.
Apesar da carência na formação de alguns professores, podemos buscar informações sobre o assunto e seguir alguns conselhos preciosos dos especialistas deste oficio. Outro fator importante é exercitar e desenvolver um jeito prazeroso e particular de proporcionar para as crianças experiências literárias.
Letramento no dia a dia: gradual, lúdico e significativo
Como pensar o letramento e a alfabetização na Educação Infantil? Quais atividades são prioritárias para o pleno desenvolvimento das crianças?
Rudolf Steiner, filósofo e educador austríaco do início do século XX, defende que até os sete anos a criança tem que brincar. E ponto! E esta é uma das responsabilidades da escola.
As linguagens do corpo são acompanhadas pelo desenvolvimento neurológico como um todo, incluside da linguagem oral. Para Steiner, a educação da primeira infância voltada para o brincar conquista mais resultados futuros do que aprender técnicas de leitura e escrita!
Também Vigotski seguiu nessa linha na mesma época. O aprendizado da escrita é gradual e deve ser iniciado na primeira infância por meio do fazer simbólico. Para o psicólogo bielorrusso, atividades mecânicas de leitura e escrita atrapalham o amadurecimento porque pulam etapas do desenvolvimento. Por outro lado, a brincadeira garante os pilares para a construção significativa da linguagem.
Então GRADUAL, LÚDICA e SIGNIFICATIVA parecem ser as chaves para pensar os conteúdos que contribuem com o amadurecimento neuropsíquico da criança e que as levará a dominar o sistema de símbolos da leitura e escrita, na alfabetização.
Uau! Passeio na rua… fora da creche… é muita aventura e descoberta!
Experimentar um passeio curto com as crianças, nos arredores da creche, é fonte de pesquisa inovadora e motivadora do processo de crescimento.
Você já pensou em levar sua turma para conhecer o quarteirão da creche? O que tem para conhecer por perto? Tem praça com verde? Tem canteiros com flores? Há uma instituição cultural no bairro?
Em que língua falo com minhas crianças?
Como contribuir para que as criança se expressem e comuniquem seus desejos e opiniões?
Às vezes é frustrante notar as crianças entristecidas e não conseguir “ser um ombro amigo”. Acolhemos nos braços, tentamos conversar, mas percebemos que a criança tem o que falar e não consegue se expressar.
Não é fácil para nós, adultos, traduzir sentimentos e emoções em palavras, o que dirá para as crianças! Encontramo-nos, então, numa encruzilhada entre a disposição para ajudar e a dificuldade em dialogar.