Presente para a Educação Infantil: Catálogo de jogos e brincadeiras africanas e afro-brasileiras
Quais são as brincadeiras de origem africana brincadas no Brasil e nos países africanos de língua portuguesa? Um grupo de pesquisadores se interessou pelo tema e nos presenteou com o Catálogo de jogos e brincadeiras africanas e afro-brasileiras, um linda publicação gratuita, que reúne brincadeiras tradicionais do Brasil, de Angola , de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de Moçambique e de São Tomé e Príncipe.As organizadoras do e-book (livro digital) são Helen Pinto, Luciana Soares da Silva e Míghian Danae. O autor das ilustrações (um deleite para os olhos!) é Rodrigo Andrade. Participaram do levantamento das brincadeiras: Pedro Nguvu (Angola), Luliane Sousa (Brasil), Jacica Fernandes (Cabo Verde), Yacine Tavares (Guiné-Bissau), José Maye (Guiné Equatorial), Hercinia Wasse (Moçambique), Quezia Miranda (São Tomé e Príncipe). A editora, que realizou o trabalho primoroso de edição do livro é a Aziza, que aliás, possui diversas publicações de literatura infantil africana para contar – bem…
Final de ano: oportunidade para as arrumações na sala e faxina nos brinquedos!
Ao aproximar-se o final de ano, o movimento é grande e são muitas as obrigações, arrumações e afazeres, tudo à beira de um período de festas e comemorações. Mas ainda temos um grupo de crianças que continua frequentando a escola. O que fazer de diferente com essa turminha?
Sentimos no ar uma mudança no espírito, esses meses de final e início do ano têm uma atmosfera diferente…
Nessa altura as crianças estão mais amadurecidas e integradas. Os maiores e os menores se conhecem e brincam juntos. Os espaços da escola são familiares e os materiais também. A autonomia está em pleno exercício. Porém, o papel do professor não entrou de férias. Ainda é preciso aproveitar o tempo com as crianças e criar ambientes de aprendizagem.
Que tal propor uma nova organização do espaço e a redistribuição dos materiais!
Para unir o útil ao agradável, pense em transformar a organização dos materiais em brincadeira! E quanto aos brinquedos velhos, incompletos e quebrados, será que eles podem ser reaproveitados?
Aqui vai uma sugestão que pode ajudar o professor a encontrar um caminho interessante para os poucos dias que restam no ano…
Levantamento, separação e organização
Junte todos aqueles brinquedos e partes de brinquedos que não vão ocupar as prateleiras de destaque no próximo ano. Você pode solicitar os descartes de outras turmas e até mesmo os da cozinha (cuidando para não incluir vidros, facas e outros itens perigosos).
Prepare caixas de papelão de diferentes tamanhos, arrumando-as nos cantos da sala.
A dica é colocar todo o material que será rejeitado sobre um tapete, tecido, lona plástica ou folha grande de papel e convidar a turma para separar e guardar nas caixas.
Para os pequeninos, entre 18 e 24 meses, tudo vale. Ainda é complicado fazer seleção e classificação. Porém, se o grupo já começar a nomear cores, compreender as relações entre objetos como carrinhos, bonecas, copinhos e pratinhos, é possível lançar o desafio de guardar os materiais de acordo com algumas classificações.
Depois do período de acolhimento…
Por que o período de adaptação/acolhimento não acaba?
Muitos professores imaginam respostas para essa pergunta comum:
Neste ano minha turma está difícil.
As minhas crianças chegam cansadas, ficam irritadas e querem dormir.
Percebo que os pequenos ainda não estão prontos para participar de projetos, eles não se entrosaram com os colegas, o espaço, os horários…
Encontramos professores assumindo essas conclusões no período “pós adaptação” ou, como temos nos referido, “pós-acolhimento”.
O que está acontecendo de fato?
Onde está o problema?
O que está por trás dessas conclusões?
Respondemos:
O que você está olhando?
O que está deixando escapar?
Qual é a sua pauta de olhar nesse momento?
A chegada dos pequenos à escola no início do ano se resume a alguns aspectos fundamentais:
- Relações com os adultos
- Relações com outras crianças
- Construção dos tempos coletivos e a rotina
- Interações com o espaço
- Interações com os materiais
- Aspectos individuais
- Segurança
As relações demandam empenho, afeto, tempo e amadurecimento para que se estabeleçam os novos vínculos. Trabalhamos nesse sentido buscando conhecer cada uma das crianças que compõe o grupo, suas histórias e raízes, investimos nos gestos, nas palavras e na mediação entre os amigos. E assim, num trabalho de formiguinha vamos gerando – de gestação mesmo! – o nosso grupo.
Até aqui, tudo certo! Temos até um sentido humano-amoroso-professoral que nos guia por essa jornada. Mas então o que falta? Por que ainda não está dando certo?
Água para brincar, acolher e pesquisar
Crianças são formadas num ambiente aquático. O líquido amniótico é uma piscina que banha o bebezinho durante os 9 meses de gestação. Então, a água é a casa da criança por muito tempo e a sua ligação com esse elemento é estrutural. Crianças até dois anos são formadas por 75 a 80% de água, enquanto nós, adultos, temos 70 a 75% deste elemento em nossa constituição.
Portanto, a água é conhecida dos pequenos. Ela traz memória corporal registrada em seus primórdios. Água faz parte do universo das crianças. Água interessa e desafia. Água é íntima, acalma e acolhe.
Quer elemento melhor para acolher as crianças na chegada ao mundo novo que é a escola depois das férias?
Use a água e todo o seu potencial nas propostas dessa época de calor e adaptação:
Bacias, banheirinhas e outros recipientes amplos
De acordo com o número de crianças da turma, coloque os recipientes preenchidos com aproximadamente 10 cm de água. Disponha as bacias com distância apropriada para permitir a movimentação dos pequenos. Diminua a roupa: tire camisetas, meias, sapatos e até a calça/short. Permita tempo suficiente para a experiência. Enquanto os pequenos não se cansarem de aproveitar a água, vai ser difícil encerrar a brincadeira… é muita diversão e aprendizagem!
Águas coloridas
Pesquise recipientes amplos, transparentes ou brancos, e coloque gotas de corante alimentício para tingir levemente as águas. Prepare o ambiente, de preferência externo, reduza as vestimentas das crianças e pense na estética da organização do espaço. Isso convidará os pequenos a experimentar a água e as cores.
Se é brincadeira, é livre!
Existe “brincadeira dirigida”?
É comum ouvirmos professores comentado sobre os momentos da rotina em que promovem “brincadeiras dirigidas” ou “brincadeiras livres”. Ambas colocações levam a interpretações não adequadas a respeito da brincadeira na escola.
Afinal, como são pensados essas tais momentos de “brincadeira”?
Um cardápio variado de cantos de atividades
Que tal testar novos cantos de atividades e pensar sobre aqueles que devem permanecer na sala?
Antes de começar esta conversa, é importante dizer que a escola existe na vida dos pequenos para ampliar seus desafios e construir saberes. Por isso, canto permanente não quer dizer imutável! Cantos permanentes de atividades tem uma temática que se mantém, mas a partir da observação e do acompanhamento das brincadeiras, o professor pode introduzir novos materiais, alterar a arrumação e até dar um descanso no tema, se perceber que os interesses estão diferentes.
É comum encontrarmos nas salas da Educação Infantil cantos de leitura, de casinha, de cozinha e até de carrinhos e fantasias. Com essas organizações de espaços e materiais, provocamos exploração, investigação e o faz de conta. Todas as propostas de brincadeira são importantes, mas os cantos permanentes provocam a escolha: com quais materiais quero brincar agora? Com quem quero brincar? O que posso inventar? É puro exercício de autonomia!
Jogo de brincar ou jogo de competir?
Duas situações de competição X participação envolvendo a Dança das Cadeiras chamaram a nossa atenção recentemente. A brincadeira tradicional foi proposta para crianças na faixa de 3 a 4 anos, em diferentes instituições, e causou tristeza, choro e frustração nos grupos e também nos professores.
Por que as crianças que saíam do jogo ficavam tão chateadas a ponto de chorar e impedir a continuidade da brincadeira?
Pois é! A Dança ou Jogo das Cadeiras é um jogo tradicional que, dependendo da forma como é brincado, leva à questão de ganhar ou perder, inadequada até 4 anos.
Por que será? Qual a diferença entre competição e participação?
Piaget e sua discípula, a educadora Constance Kamii, estudaram as situações de jogo com regras ao longo da infância e também as implicações da competição entre os participantes. Para ambos, as crianças até 5 ou 6 anos estão no estágio do brincar egocêntrico, em que brincando juntas ou separadas não se preocupam com a questão de “vencer”. Crianças pequenas gostam do desafio de jogar e se divertem cumprindo tarefas, regras ou combinados propostas pelos jogos. E só!
Sou o que sou, não o que vou ser…
É possível olhar outro ser humano com olhos neutros?
Acho que não! Percebemos o mundo a partir do que somos e das experiências que acumulamos na jornada da nossa vida.
Lá no início do ano, quando entramos em contato com as crianças que vão ser “nossas”, é com um olhar subjetivo que encontramos outras tantas subjetividades concentradas em corpos pequeninos.
Estar consciente de que nosso olhar nunca é neutro, é ponto de partida para pensar sobre a forma como vemos as crianças e como desenhamos suas características em nossas cabeças. É esse desenho, ou conceito, que pauta as relações com os pequenos.
Apoiamos as iniciativas das crianças?
A cada dia nos surpreendemos com as habilidades e as iniciativas das crianças pequenas. Curiosas e investigativas, experimentam o que está ao seu alcance. Ao valorizar esse espírito, contribuímos para formar bons estudantes e profissionais competentes. Será que a nossa prática dá espaço ao entusiasmo da infância?
Quanto menor a criança, maior o entusiasmo e o afinco em pesquisar, construir, encaixar, desmontar, saltar, ultrapassar, transferir, esvaziar, atirar, amassar, criar… Um sem fim de ações ousadas que a leva a experimentar e aprender.
Porém, à medida que as crianças crescem, percebemos que esse ímpeto diminui. Já não se atrevem com frequência a realizar tarefas que não tem familiaridade, não se interessam por desvendar mistérios e vão se conformando com um repertório limitado de brincadeiras.