Documentação pedagógica: 7 passos para reunir e organizar os registros

Documentação pedagógica: 7 passos para reunir e organizar os registros

Documentação pedagógica é a expressão de um processo de ensino-aprendizagem, direcionado a um público específico. É contar uma “história pedagógica” utilizando recursos que sejam compreendidos pelo público. A narrativa deve deixar evidente a voz e o protagonismo da criança e também as reflexões do professor.  Para compor a narrativa é importante esquecer o que é genérico e ressaltar os acontecimentos e pensamentos característicos do seu contexto: situações que só poderiam acontecer com você, com as suas crianças e na sua escola. Uma boa documentação pedagógica revela as características das pessoas envolvidas no processo.

Assim, para compor a documentação pedagógica é preciso ter objetivos claros sobre o que se quer comunicar (a narrativa de uma atividade, de uma sequência didática ou de um projeto), para quem será feita a comunicação (o público: crianças, famílias, equipe pedagógica ou comunidade) e qual o melhor formato para fazer a comunicação (cartaz, painel, relatório, portfólio, apresentação em PowerPoint etc.).

Organizamos um roteiro para facilitar a primeira etapa da elaboração da documentação pedagógica: juntar informações. Sugerimos reunir os registros, as imagens e as produções das crianças e seguir o roteiro abaixo. A ideia é ir ticando cada item executado no quadradinho à esquerda.

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Com as informações reunidas e organizadas, e a definição do público para o qual se quer apresentar a documentação, fica mais fácil escolher a forma de expor a narrativa. Leia abaixo:

 

Um exemplo para inspirar…

Ao visitar a pré-escola Trångsund, em Estocolmo, na Suécia, fotografei um painel que revelava um projeto de investigação. Tudo começou com os relógios. As crianças falavam sobre eles e pensavam sobre a sua função. Em meio a conversas e desenhos, criaram relógios de flores, porque descobriram lindas flores no jardim. Contudo, os relógios tradicionais – aqueles com os quais conviviam em casa e na escola – tinham outras características: algarismos e diferentes formatos. 

 

Para perseguir os interesses das crianças e provocar aprendizagens, as professoras, também investigadoras, pesquisaram o que as suas crianças de 3 a 4 anos conheciam sobre os algarismos. O que elas sabiam sobre as formas geométricas?

O painel que fotografei era simples, sem sofisticação estética. Não foi “decorado” e exibia somente os conteúdos importantes para contar a história pedagógica da investigação. Nada disputava a atenção dos textos, desenhos e fotografias que deixavam evidentes as aprendizagens das crianças e das professoras.

Algumas dicas finais:

  • Não utilizar citações teóricas como foco principal da documentação! A teoria pode acompanhar algum fato ou evidência de aprendizagem ou ainda uma reflexão do professor, mas ela não é a estrela do documento. Também deixar de lado frases genéricas que não dizem nada ou que poderiam ser aplicadas a qualquer situação: “as crianças aprenderam muito”; observamos diversas experiências”; “percebemos que as crianças interagiram”… Quais foram as aprendizagens? Como foram as experiências? Que tipo de interação? É importante expor os fatos!
  • Escolher as falas e fotografias das crianças que evidenciem o fato que está sendo narrado e defendido pelo professor. Como num livro de histórias, as ilustrações apoiam o texto, elas são usadas para ajudar na narrativa. Desse modo, nem todas as imagens das crianças e/ou falas são importantes para contar a história pedagógica da aprendizagem do grupo, é preciso selecionar.
  • Escolher desenhos e produções das crianças que demonstrem o modo como elas registraram suas teorias e aprendizagens. Os desenhos são o registro da criança. Não esquecer que não se deve interferir no desenho, colocando o nome e o significado na parte de trás ou numa etiqueta ao lado.
  • É melhor usar poucas imagens em tamanho grande e com boa definição, do que muitas imagens pequenas e pouco nítidas.

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PARA SABER MAIS…

Publicamos diversas postagens sobre Documentação Pedagógica com diferentes abordagens:

17 comments

Gente tô boba aqui! …. De boca aberta, quanta riqueza de ensinamentos! … VOCÊS são o MÁXIMO. FIQUEI FÃ…. PARABÉNS…. VOU SEGUIR A RISCA. ESTOU APAIXONADA PELA FORMA QUE VOCÊS EXPRESSÃO TANTOS CONHECIMENTOS. GRATA. IVANA MOZART

oi boa tarde!
gostaria de agradecer e também que fala-se um pouco mais da coordenação Pedagógica obrigada

Boa tarde!
Gostei muito da sugestão do material de vocês para a organização da Documentação Pedagógica. As observações (dicas) sobre as citações são bem interessantes. São um alerta!! Também concordo que elas, não são o que se tem de mais importante nessa documentação, mas, devemos ter muito cuidado. Compreender que a criança é centro de nosso planejamento, não é exatamente, abominar as discussões teóricas, uma vez que, entendo, que até as resistências devem ser analisadas. Ultimamente minha experiência com professores e como docente, tem me permitido observar com muito cuidado, o que se entende por fundamentação teórica. Observo que ora, a documentação traz, “”verdadeiros livros”” contextualizando o material e ora, não há nem sinal de qualquer discussão entre a prática e a teoria. Acredito que o bom senso deve prevalecer aqui. Precisamos demonstrar que nosso trabalho é acompanhando de um dialogo entre teoria e prática, sempre buscando, a qualidade do processo de aprendizagem e desenvolvimento infantil, assim, como práticas pedagógicas significativas para as infâncias.

Lúcia,
Concordo com você sobre a importância do diálogo entre teoria e prática, mas a documentação pedagógica deve trazer prioritariamente os acontecimentos e a reflexão do professor sobre o ocorrido. Se nesta reflexão ele trouxer a teoria como apoio, então tudo bem. O problema é cair na teorização de algo que não está apoiado sobre a realidade. Temos observado diversos painéis e portfólios que exibem uma fotografia ou uma justificativa de projeto ou sequência didática, acompanhados de trechos e mais trechos teóricos… onde está a descrição do que de fato aconteceu? Onde está a participação das crianças? Como foi a jornada? Por que o professor fez suas escolhas? Ao responder essas questões e expor o que pensou, o professor certamente revela as teorias nas quais se apoia 🙂

Você está coberta de razão! Tem que existir essa reflexão sobre a experiência da criança. Se isso não acontece fica complicado compreender que as aprendizagens se originem de forma significativa e efetiva a partir das interações e brincadeiras. No entanto, se não existir uma leitura embasando essa reflexão podemos morrer na praia. Caminhamos muito na educação infantil e precisamos cada vez mais valorizar essa etapa da Educação Básica e nossos saberes e fazeres pedagógicos através de muita leitura e discussões, sempre em busca de uma boa formação.
Essa reflexão só promove um processo de aprendizagem e desenvolvimento dessas infâncias com qualidade compreendendo que o professor é medeador deste e para tal, precisa estudar. Observo que, a dificuldade é tamanha, que pela falta de leitura o professor não escreve, e assim, não consegue muitas vezes, descrever como se deu a experiência e quais os avanços ou não, foram alcançados ali. Obviamente, que sempre respeitando os interesses das crianças. Que na maioria das vezes, nos surpreende e nos colocam muito questionamentos as práticas. Esse processo é muito complexo e as especificidades nos levam a inúmeras problematizações. Vamos conversando e crescendo juntas, Grata pelo feedback. Abraços

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