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A educadora, fundadora e coordenadora do Grupo de Estudos sobre Projetos/GEP, Alice Proença, promove o aprendizado de professores e coordenadores, por meio de grupos de estudos. No final de cada semestre, organiza uma exposição que revela as descobertas singulares dos participantes. Estruturado para desafiar o olhar dos educadores, refletir em grupo sobre práticas pedagógicas e promover estudos e discussões, os grupos são compostos por pessoas com diversas experiências profissionais: gestores, coordenadores, professores e estagiários. Neste final de semestre, os caminhos e os conhecimentos produzidos foram expressados no conceito COM-PAR-TRILHAR.

Este ano, o estudo capítulo a capítulo do livro Arte e Criatividade em Reggio Emilia, de Vea Vecchi, está sendo o guia dos trabalhos. É um percurso coletivo de conquista de saberes do grupo, de aprendizados individuais e de crescimento profissional, apresentados numa documentação voltada para a equipe pedagógica. Um processo de formação e crescimento dos alunos-professores pode ocorrer também na escola. Acompanhe a entrevista realizada com Alice e seus alunos, que têm um modelo enriquecedor de formação continuada para compartilhar.

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Qual a importância de ouvir a fala das crianças? Falamos na escuta e no registro das colocações que os pequenos fazem sobre o mundo, suas relações com os adultos e as hipóteses que povoam suas mentes. Qual a visão de educadores e famílias a esse respeito?

Escutamos e acolhemos as crianças porque o que elas têm para expressar é importante. Crianças aprendem sempre, especialmente quando se interessam pelo assunto. Nós adultos precisamos identificar esses interesses para proporcionar melhores possibilidades de aprendizagem. Simples assim: se identificamos o que provoca a curiosidade dos pequenos, contribuímos com uma educação significativa que visa mudanças. Isso é falar sobre protagonismo infantil, onde os pequenos encabeçam seus percursos de brincar, pesquisar e aprender. Na postagem Protagonismo Infantil em quatro falas, a pedagoga Alice Proença coloca que o protagonismo só pode ser visto em função de uma relação. Alice diz que ora o adulto é protagonista, ora é coadjuvante. Ser coadjuvante significa estar criando um meio para o outro poder ser o ator principal, neste caso, a criança.

diário de registro das falas das crianças

→  Você tem escutado suas crianças?
→   Também se coloca no papel de coadjuvante para que ela tenha o papel principal?
→   Você provoca situações de conversa para levantar as hipóteses que os pequenos fazem sobre o mundo ao seu redor?
→  Você tem o hábito de registrar as falas captadas nas conversas e também as espontâneas?

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campo de experiencias corpo trepa-trepaO PROTAGONISMO INFANTIL foi o tema que levantou mais comentários da série de postagens sobre o documento provisório da Base Nacional Comum Curricular . O documento provisório da Base não utiliza essa expressão como conceito central, mas como adjetivo de “PARTICIPAÇÃO” para ressaltar a escuta e a valorização da voz da criança.

Ao considerar as formas das crianças aprenderem, a “PARTICIPAÇÃO” foi transformada em direito:

PARTICIPAR, com protagonismo, tanto no planejamento como na realização das atividades recorrentes da vida cotidiana, na escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo linguagens e elaborando conhecimentos.

Assim, participar com protagonismo e fazer escolhas foram termos escolhidos para se aproximar da questão do protagonismo da criança. Porém, nos questionamos:

Por que não valorizar o conceito de PROTAGONISMO? O que o uso desse termo causa nos educadores que os fazem reagir de formas tão diversas?

Tempo de Creche foi atrás de algumas respostas para este questionamento e conversou com quatro educadoras e estudiosas da criança. Conhecemos diferentes caminhos que levam a pensar na escuta acolhedora dos interesses e pesquisas que as crianças trazem e na reflexão equilibrada do professor ao ponderar e dimensionar os desafios dos conteúdos mais importantes para serem trabalhados com suas crianças.

Como você explica o protagonismo infantil?

Para Alice Proença o protagonismo só pode ser visto em função de uma relação. Ora eu sou protagonista, ora eu sou coadjuvante. Ser coadjuvante significa que eu estou criando um meio para o outro poder ser o ator principal.

campo de experiencias identidade

A Denise Nalini parte para análise do termo: eu sempre penso no desmonte dos termos. A gente tem um monte de conceitos e eles não estão desmontados, desse modo, cada um entende o que quer. É assim que acontece com o protagonismo infantil. Entendemos a criança como capaz, no sentido da capacidade de aprender e de construir um conhecimento. Ela, enquanto criança, está em processo de formação e não tem condições de dizer “olha eu quero aprender isso e aquilo”. Ela precisa do olhar do educador para fazer a tradução de suas necessidades, que tem um papel fundamental no processo de desenvolvimento e acompanhamento da criança.

Josca Barouk também segue pela definição do termo protagonismo: se entendermos a vida como um palco e a criança como o ator principal da sua vida, ainda assim não quer dizer que ela pode tudo e nem de que ela prescinda de atores coadjuvantes, do diretor ou do roteirista. Então, tem muita gente que confunde protagonismo com deixar fazer tudo. Uma professora me contou que um menino de quatro anos chegou na escola, num dia muito quente, com a blusa de lã do irmão de oito anos. Ele não conseguia andar porque estava tropeçando. A mãe falava “mas ele quis!”. Olha só! A criança quer usar uma roupa de lã, de um menino mais velho para ir para a escola, mal conseguindo se movimentar e num dia quente. Basta ele querer? Pode uma criança escolher tudo o que vai comer? A hora de dormir? Os programas que vai assistir? Qual é o papel do adulto? Por outro lado, o adulto precisa regrar tudo? Então o que é esse protagonismo? A gente sempre foi protagonista da nossa vida, mas tem educadores que cerceiam a criança achando que só tem uma maneira de viver as experiências. Portanto, está nos olhos e na escuta do adulto perceber como a criança está se manifestando e em que pontos a criança pode fazer suas escolhas adequadamente.

Tânia Fukelmann Landau parte de um questionamento: como as crianças podem construir suas próprias narrativas? É preciso aguçar o olhar e a sensibilidade para escutá-las, e elas não falam somente com a boca. Dizem-nos com seus gestos, movimentos, olhares e inúmeras expressões. Precisamos aprender a interpretar e dar visibilidade para suas ideias, pensamentos e representações do mundo.

Como os educadores compreendem o protagonismo da criança?

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O trabalho formativo das equipes não precisa necessariamente acontecer com alguém de fora da instituição. A formação de um grupo de estudos pode acontecer nas reuniões e paradas pedagógicas, com qualquer equipe que se disponha a pensar junto, estudar, refletir e trocar conhecimentos das instituições.

Tempo de Creche conversou com a doutora em educação Maria Alice Rezende Proença, coordenadora dos Grupos do GEP – Grupos de estudos sobre projetos, para auxiliar o coordenador pedagógico a construir um grupo de estudos em sua CEI – janeiro, 2016.

Tempo de CrecheComo organizar um grupo de estudos entre a equipe de Educação Infantil? Como desenvolver uma proposta para a qualificação dos professores?

Alice Não se consegue construir um espaço de transformação quando as ações são isoladas. As pessoas só se apropriam das questões em que estão trabalhando, o que chamamos de contexto. O contexto é que revela o percurso formativo a ser desenvolvido num grupo de estudos.

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O profissional responsável por este espaço formativo tem que estabelecer o foco a ser trabalhado.

Quando você não tem foco, simplesmente acaba perdido, caminhando em diversas direções e quem está no grupo percebe isto claramente. No momento que você estabelece um foco começa a criar uma proposta.

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Bia Nogueira, atelierista da Escola Primeira, SP, dá a sua receita para realizar uma mostra que coloca a aprendizagem e a estética em destaque.

Tempo de Creche – Qual a importância de um evento como este?
Projeto Cores e Tons - Escola PrimeiraBia – A escola trabalha por projetos e a mostra cultural dá visibilidade a eles. Os projetos vão acontecendo durante o ano. Às vezes acontece de mudar o tema, mas existe uma linha condutora que vem do que as crianças trazem. Estes aspectos vão sedo trabalhados com os educadores, a partir de pequenos momentos que vão aparecendo nas salas durante o ano. Tudo devagarzinho, porque é uma construção longa. A Mostra Cultural dá uma dimensão aos projetos, uma espécie de conclusão por meio de outra vivência, pois quando os trabalhos estão montados numa mostra, a experiência é outra. Não é só apresentar o que foi feito, é recriar o que foi vivenciado, destacando os aspectos mais significativo ao longo do processo e, além disso, potencializar em uma experiência que pode ser compartilhada com os funcionários, com a família e com as crianças da escola, porque elas vão vir para a mostra e viver coisas que são familiares a elas de uma outra forma.

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