Acolhimento e adaptação: é hora de falar a língua da brincadeira!

Acolhimento e adaptação: é hora de falar a língua da brincadeira!

Ouvimos de algumas alunas do curso Escuta e Intenção Pedagógica, comentários alvoroçados sobre a volta das crianças para a educação infantil: “as crianças não escutam nada e só ficam correndo e gritando! ; “é um chororô sem fim!” ; “parece que as crianças desaprenderam sobre as rotinas e os espaços da escola”. O arremate nas percepções acaloradas foi: está muito difícil saírem dos pátios e irem embora para casa!

 

Ao ouvir tudo isso, tive a sensação de que também as equipes pedagógicas “esfriam” e perdem o ritmo do ofício. Por isso, nesta postagem vamos abordar a recepção e o amparo das crianças, famílias e educadores, e sugerir diversas publicações do Tempo de Creche que podem ajudar a recuperar o espírito de acolhimento e adaptação.

O novo de novo…

Para começar, NÃO É HORA DE CURRÍCULO E DE ROTINAS RÍGIDAS!
Desarme-se, relaxe a respeito das “obrigações” curriculares e foque nas palavras acolhimento e (re)conhecimento!

Então, vamos à prática!

Pense, antes de tudo, na língua da criança: a brincadeira. No momento, esta linguagem é a mais direta e certeira para acolher e conhecer a turma: cenários interessantes, desafiadores, conhecidos e também desconhecidos, devem ser a base de uma recepção que respeita os tempos, ritmos e desejos das crianças.

No início, é muito provável que a brincadeira seja “reconhecer”. Ou seja, para os novatos, é descobrir os espaços, os materiais e os adultos da escola:
Onde estou?
O que está ao meu alcance
Quem são as pessoas que me cuidarão neste lugar?
Estes são os desafios para as crianças que nunca foram à escola ou foram transferidas para novas instituições.

Para os que retornam, a ideia é conferir se está tudo no lugar, do jeitinho que deixaram. E então, só depois de se certificarem e experimentarem o que é conhecido, surge a hora de descobrir o que tem de novo.
E é isso para o período! Até que a confiança das crianças na escola seja reconstruída, o currículo é permitir chegar, assegurar-se, conhecer, reconhecer, relacionar-se, interagir, habituar-se, entrar no ritmo, apropriar-se e… relaxar.

E os professores?

Eles também precisam de tempo e de condições para retomar e reaquecer. Desse modo, é hora de favorecer a brincadeira, acompanhar as crianças, intervir sutilmente para provocar, observar e registrar… porque os registros serão o porto seguro para entender a situação de cada pequeno, do grupo como um todo e enxergar o papel do docente frente as aprendizagens das suas crianças.

A observação é a garantia de qualidade no tempo de transição, aquele período em que todos se adequam e se percebem pertencentes à comunidade escolar.

Então, olhe para a sua sala e para as áreas externas e pense: quais dos cenários já conhecidos das crianças posso retomar e planejar novas propostas? Quais brincadeiras posso introduzir? Como organizar o dia a dia de modo a respeitar os ritmos ainda desorganizados das crianças? Quais perguntas posso fazer para as famílias para entender um pouco dos contextos vividos nas férias?

Se as suas crianças não conhecem a escola, pense: como transformar um tour pela escola em proposta de atividade? Quais atividades podem colocar as crianças à vontade para explorar e construir pertencimento? Uma dica é olhar para os ambientes escolares com olhar de primeira vez e colocar-se no lugar das crianças: o que seria importante conhecer no primeiro dia? E no segundo?… Quais pessoas precisamos “visitar”?

Finalmente, esfrie a cabeça! Ao fazer TUDO ISSO, você fará muito. Aos poucos, as crianças voltarão a ser velhas conhecidas, a rotina vai se restabelecer e o currículo vai se adaptar à nova/velha realidade.

Para ajudar a planejar cenários de brincadeira, espaços propositores, atividades e também dar dicas sobre observação e registro, sugerimos as postagens:

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