Alimentação saudável: aprendizagem apoiada em significados

Alimentação saudável: aprendizagem apoiada em significados

Do ponto de vista de uma criança, o que significa considerar um alimento bom ou ruim ? O que elas entendem por saudável e não saudável? Será que apresentar pirâmides alimentares e dar explicações nutricionais são estratégias adequadas e suficientes?
Nesta postagem propomos reflexões e sugestões práticas para elaborar um projeto transversal de educação alimentar saudável nas escolas da infância. E, no final da publicação, compartilhamos um relato Sobre as conquistas da Creche da Associação Bênção de Paz, da Vila Carrão, em São Paulo. A documentação sensível e poética, aponta os caminhos de uma jornada vitoriosa de transformações dos processos de alimentação dos bebês da unidade. Acompanhe os percursos das crianças, dos professores e dos gestores desta escola, visualizando o arquivo em PDF no final da postagem.

Já presenciei professores fazendo longas explanações para crianças pequenas sobre os males do açúcar, da gordura, da fritura, das farinhas… mas não observei carinhas de entendimento entre elas.
Se é tão gostoso, por que é ruim?
O que a criança entende quando mostramos fotos de batatinhas e balas e dizemos “esta comida é ruim para você”? Certamente ela se lembra de ter comido estes alimentos com prazer e satisfação e,  provavelmente, não lembra de ter ficado doente depois.

A concorrência é desleal e não é fácil contar com a previsão das crianças em relação ao “futuro sombrio” de não cultivar uma alimentação saudável. Por isso, cada palavra empregada e cada estratégia precisa levar em conta a faixa etária, a cultura e o amadurecimento das crianças para que compreendam e pensem sobre as experiências propostas pelo professor.  Resista à tentação de falar mais do que elas entendem e de fazer discursos quando vão se alimentar. Mas não deixe passar oportunidades de ressaltar que aquela fruta é ótima para dar energia para brincar, que o leite faz os ossos crescerem, que a cenoura ajuda a melhorar os olhos e que o limão e a laranja auxiliam o corpo a não pegar resfriado. Também evite dizer “esse alimento é ruim”, mesmo no caso dos pouco saudáveis. Troque esta rotulação por “alimentos que devemos comer só um pouquinho/de vez em quando” e também destacar os “alimentos que podemos comer bastante e todos os dias”. Pequenas mudanças de atitude por parte dos educadores e dos familiares podem contribuir para favorecer boas escolhas, enaltecer os sabores genuínos dos alimentos e habituar o paladar e o desejo de comer bons alimentos.

A primeira infância é a etapa ideal para estruturar as bases de uma cultura alimentar saudável, que propicia para as crianças:

  • a construção de um hábito que será levado por toda a vida
  • o aumento da imunidade e uma menor propensão a doenças
  • maior disponibilidade física
  • a melhoria do humor
  • pele, dentes e olhos saudáveis
  • o reforço dos ossos e dos músculos
  • o aumento da capacidade de pensar,
  • a melhoria da memória e dos reflexos
  • o desenvolvimento da concentração, do foco e da predisposição para aprender

Então, comecemos por entender a alimentação de forma simples!

Primeiramente: o que a gente come entra dentro do nosso corpo, então precisa ser muito bom para ele.
A alimentação (ou “comer”) permite que a gente não fique doente e tenha força e energia para brincar, crescer, correr, desenhar… Sem comida, nosso corpo fica doente e muito cansado.

Em segundo lugar: mesmo que algumas comidas sejam gostosas, nem sempre elas nos dão energia e fazem o corpo crescer. Algumas comidas são gostosas, mas não são boas para o nosso corpo. Certos alimentos, como os doces muito doces, enjoam se a gente comer muito.

Em terceiro lugar: as comidas que nascem na horta e que são servidas na escola nos dão muita energia e ajudam a gente a não ficar doente.

Finalmente, que tal focar no que é bom e saudável? Vejo que você está gostando dessa maçã e também sei que seu corpo está contente com a energia que ela vai dar. Vejo que você está comendo um chocolate. Seria muito bom para o seu corpo se você comer um pedaço hoje e deixar outro pedaço para amanhã, agindo assim você vai poder comer aquela melancia gostosa que teremos no almoço.

Estes são exemplos da perspectiva das crianças pequenas em relação aos alimentos, e é importante não deixar isso de lado quando planejar propostas e dialogar com elas.

Para ajudar na elaboração de projetos de alimentação saudável na educação infantil , elencamos estratégias práticas para organizar os eixos e inspirar ações.

1- Considerar as crianças como parceiras

As crianças precisam se sentir coparticipantes ao optarem por uma alimentação saudável. Para criar este sentimento, é importante envolvê-las nas discussões e consultá-las sempre que possível.

2- Explicar os motivos das escolhas dos adultos

A mídia da venda de doces e fast foods expõe os atributos deste tipo de alimento baseados em sabor, cor e formato. Precisamos expor nossos motivos também: provoque as crianças a “explicarem” o sabor dos alimentos saudáveis, a fazer relações e combinações, a pensar sobre forma cor e textura.

3- Educação alimentar deve ser rotineira

O desenvolvimento de bons hábitos alimentares deve ser trabalhado com frequência – não ocasionalmente – e pode ser considerado um tema/projeto transversal na educação infantil. Por que isso? Porque precisamos construir um hábito!

4- Criar um cronograma alimentar

Estabelecer datas e horários para “escapar” da alimentação saudável com sorvete, bolo, chocolate, salgados etc. Desse modo, as crianças entendem que este tipo de alimento existe, é considerado, mas pertence a momentos restritos. Excluí-los totalmente é artificializar o processo e ignorar a realidade.

5- Lanchinhos também têm horários

Quando qualquer comida pode ser dada para as crianças em qualquer horário, estamos dizendo que podemos nos alimentar a toda hora. Esse tipo de comportamento predispõe as crianças a distúrbios de compulsão alimentar.

6- A faixa etária e a cultura das crianças é relevante ao planejar estratégias de educação alimentar

É importante entender o estágio de desenvolvimento das crianças para planejar propostas adequadas, inclusive as relacionadas à alimentação. Também é preciso considerar o contexto e a cultura da turma: o que as crianças conhecem sobre tal alimento? Quais são seus hábitos ao ingeri-lo?

  • Até 1 ano – as crianças levam tudo à boca.
    É hora de oferecer uma ampla variedade de alimentos e deixar que elas explorem com as mãos, com a boca e todos os sentidos… favorecer brincadeiras para conhecer este universo.
  • A partir de 2 anos – as crianças relutam em experimentar novos alimentos
    • Apresentar os alimentos com diferentes preparos, temperaturas e temperos: Ex.: espinafre cru na salada, refogado e como recheio ou creme
    • Introduzir novos alimentos em pequenas quantidades facilita a experimentação. Crianças ficam resistentes quando se veem diante de grandes quantidades de alimentos desconhecidos.
  • Para todas as crianças: aproveitar os horários de fome  
    • Apresentar as novidades antes de oferecer o restante da refeição
    • Complementar as atividades realizadas em sala com a refeição que se segue

7- Não transformar alimentos em prêmio ou castigo

→ Nunca associar doces e salgadinhos a premiação. Também não usar a proibição de comer esse tipo de alimento por conta de mau comportamento. Nestes casos, colocamos a “comida proibida” num lugar ainda mais cobiçado e tudo o que queremos é construir um desejo pelo alimento saudável.

→ Não oferecer prêmios se a criança comer um alimento que resiste em comer (“se você comer os brócolis, deixo brincar com aquele brinquedo”). Elas devem comer porque gostam e porque têm fome. E é importante elogiar as conquistas quando experimentam ou reconhecem que apreciam um alimento.

8- Levar os alimentos/ a alimentação para as atividades de arte, música e literatura

→ Que tal desenhar um brócolis, uma cenoura, a maçã, o prato de comida… As propostas de desenho de observação podem contar com esta temática! Muitos artistas clássicos e contemporâneos produzem obras sobre alimentos e com alimentos.

→ Apreciar músicas que abordam a cultura gastronômica. Alguns exemplos:

  • Feijoada Completa – Chico Buarque
  • No pagode do Vavá – Paulinho da Viola
  • Você já foi a Bahia? – Dorival Caymmi
  • Farinha – Djavan
  • Morena Tropicana – Alceu Valença
  • Yes, nós temos banana – Ney Matogrosso
  • Biscoitinhos – Biltre
  • No tabuleiro da baiana – Ary Barroso
  • Peixe com coco – Clara Nunes
  • O Preto que satisfaz (Feijão Maravilha) – Gonzaguinha
  • Tico-Tico no Fubá – Carmem Miranda; Ney Matogrosso

→ Escolher livros de literatura infantil com temática da cultura gastronômica ou com citação de alimentos. Se a história fizer parte das propostas relacionadas à alimentação, que tal providenciar os alimentos presentes no enredo para uma degustação? Ou ainda, que tal fazer a leitura da história antes do almoço e garantir que o alimento citado esteja presente na refeição a seguir?

9- Oportunizar a elaboração dos aprendizados sobre a alimentação saudável no faz de conta

O faz de conta é o território para a elaboração dos conteúdos vividos pelas crianças. Brincadeira é espaço de pensamento. Nesse sentido, cenários de brincar devem incluir as vivências das crianças em relação à alimentação. É nas narrativas e interações do faz de conta que as crianças vão pensar sobre a cultura gastronômica à qual pertencem e estão sendo educadas. Então, leve para os cenários de brincadeira utensílios, ingredientes e outros componentes da gastronomia que possam inspirar as narrativas inventadas pelas crianças: “cardápio”, registro de receitas, mobiliário, roupas, adereços, embalagens de alimentos, dinheiro de mentira etc. 

10- Integrar a alimentação à matemática e às ciências

Quantidades, proporções e transformações são a base da cozinha. Seja a escriba de receitas e exponha esta documentação para as crianças. O prato também pode ser discutido: metade deve ser preenchido com legumes, verduras e frutas e a outra metade pode ser dividida entre grãos e proteínas; cada cor tem propriedades (vitaminas) diferentes que ajudam a gente a crescer, ficar forte e se prevenir em relação às doenças.

A química da culinária é pura transformação! Os estados da água e do ovo são questões cotidianas vividas pelas crianças. A combinação de diferentes substâncias altera o sabor e o aroma dos alimentos. As texturas de uma batata crua, cozida ou como purê despertam variadas sensações. O importante é não atropelar as oportunidades para despertar a curiosidade e investigar:

  • Olha só, o ovo de hoje está durinho e ontem comemos ele molinho. Como será que isso acontece?
  • Ontem tomamos um suco de limão que foi preparado com limão e açúcar. Hoje estamos temperando a alface com limão e sal. Ficou diferente? Combinou? E se a gente fizer diferente?
  • Por que a massa do bolo é liquida e quando vai para o forno fica durinha?

11- Conectar as atividades sobre alimentação com o que será servido às crianças durante o dia

Crianças pequenas aprendem com experiências reais e ainda estão construindo memória sobre o que vivem e aprendem. É importante relacionar, em curto espaço de tempo, as experiências da sala com o que as crianças comem nas situações reais da rotina (momentos do café, lanche, almoço e jantar). Por exemplo, não adianta fazer “propostas de interação com a beterraba”, mesmo que se oportunize a degustação, distanciando este alimento do contexto das refeições.

12- Convidar familiares e especialistas para cozinharem com as crianças

Estas ações valorizam o cuidado com as escolhas e o preparo da alimentação, constroem parceria com as famílias, ampliam o repertório cultural e o respeito à diversidade.

13- Fazer compras de alimentos/ingredientes com as crianças

Ao expô-las às feiras e mercados, despertamos a curiosidade por novidades e incluímos suas participações nas escolhas e planejamento das refeições. Deixe os pequenos escolherem frutas e legumes e permita que os maiores sugiram alguns ingredientes e temperos. Aproveite também para mostrar os bons alimentos, falar sobre formas, texturas e sabores (é azedinho como o limão, é docinho como a banana, é durinho e crocante como a maçã), permitir que aflore a criatividade e surjam investigações.

14- Elaborar documentação pedagógica voltada para as crianças e valorizar a escrita como suporte

Fazer cartazes com os nomes dos alimentos que estão em pauta, escrever as receitas, expor as pesquisas e colocar fotos dos alimentos e dos processos de preparo, são algumas das ações de documentar os percursos educativos vividos pelas crianças. Madalena Freire ressalta que a sistematização dos conteúdos trabalhados – no caso a documentação pedagógica – é o desfecho do processo de ensino-aprendizagem. Sem oportunizar a organização das experiências por meio de conversas e da memória registrada em cartazes e portfolios, a criança fica no fazer e não necessariamente no pensar, na consciência. Segundo Vigotski, a criança compreende quando:

  • estabelece relações entre o que está novo e o que ela já conhece;
  • destaca os aspectos mais importantes (no seu ponto de vista);
  • agrupa algumas ideias e transfere outras nas diferentes categorias de saberes que já possui (arquiva em diferentes “caixinhas de pensamento”).

A escrita de palavras significativas envolvidas na educação alimentar também é fundamental para ampliar o repertório de palavras conhecidas e, consequentemente, de significados. Não economize registros escritos adequados às diferentes faixas etárias. Desde bem pequenas, as crianças devem ser inseridas no universo da escrita a partir de contextos significativos para elas. Assim, trabalhou com beterraba, que tal escrever BETERRABA com letra bastão bem destacada na documentação pedagógica voltada às crianças?

15- Garantir que as refeições sejam momentos agradáveis e prazerosos 

Pense numa refeição prazerosa para você. Quais seriam as características? Certamente você incluiria:

→ mesas arrumadas e bonitas (por exemplo, toalha, jogo americano, vaso de flores, travessas com a comida bem apresentada), cadeiras confortáveis (adequadas às faixas etárias), ambiente tranquilo e acolhedor;

→ ter liberdade para para escolher com quem sentar, poder conversar e alimentar-se em seu próprio ritmo;

→ poder escolher os alimentos, servir-se deles com autonomia e aprender sobre quantidade e saciedade; 

→ planejar momentos de alimentação em ambientes externos que despertam o apetite e favorecem o transporte de cálcio para os ossos.

Não esquecer que a organização do ambiente das refeições pode ser partilhada com as crianças.

16- Estar presente na mesa, junto com as crianças

As atitudes dos adultos são modelos e inspirações para as crianças. Por isso, procure sentar-se à mesa junto com elas, alternando os grupos a cada dia, demonstrando prazer e tranquilidade. Pode-se pegar um prato e se servir da salada ou do legume (dica: aqueles menos apreciados pelo grupo!). É importante deixar claro para as crianças que, apesar de querer experimentar algum alimento, sua hora de almoço será mais tarde.

17- Dar oportunidade para que as crianças experimentem os alimentos/ingredientes separadamente nas refeições

Sempre que possível, apresentar os ingredientes das refeições in natura para que as crianças possam apreciar, tocar, cheirar e experimentar. Pode-se montar uma pequena mesa com os ingredientes colocados separadamente em potinhos ou aproveitar para dar um toque estético e acolhedor, colocando os potinhos no centro de cada mesa. Vale ressalta que fotos NÃO cumprem este propósito.

18- Lanches podem ter frutas e legumes

→ Que tal oferecer palitinhos de cenoura, pepino e pedacinhos de tomate no lanche também? Que tal planejar a degustação destes alimentos com alguns temperos? (água gelada levemente salgada; gotinhas de limão; orégano; azeite etc.)

→ Que tal oferecer duas opções de frutas para que as crianças façam escolhas na hora do lanche?

→ Que tal fazer um lanche com frutas picadinhas para que cada criança se sirva e faça sua própria salada de frutas?

→ Que tal preparar um lanche com alimentos em diferentes texturas? (por exemplo, cenoura, banana ou maçã crua, cozida, purê e até congelada)

19- Promover oportunidades para as crianças criarem receitas e prepararem alimentos saudáveis

Sanduiches, pizzas, panquecas e wraps são alimentos apreciados pelas crianças, seus preparos podem favorecer a inclusão de ingredientes saudáveis e a experimentação de novos ingredientes e combinações.

Outros preparos também podem ser realizados pelas crianças: saladas, saladas de frutas, bandejas de legumes temperados para assar, espetinhos de legumes e de frutas, pães e biscoitos integrais, pães de queijo, bolos etc.

Para relacionar estas propostas à matemática e à língua escrita, anotar as receitas num cartaz, acrescentar fotos e comentários das crianças para transformar as experiências e aprendizagens em documentação pedagógica.

Alguns professores apontam dificuldades relacionadas à estrutura de funcionamento das instituições escolares quando planejam refeições com alimentos diferentes daqueles programados para todas as turmas. Também há problemas quando planejam uma atividade que demandaria mais tempo no almoço, por exemplo. Para solucionar estes impeditivos estruturais, que tal levar alguns almoços para a sala de aula?  

As escolas de educação infantil que visitei na Suécia não possuíam refeitórios. Na hora do almoço, a professora e as crianças preparavam o ambiente das salas para a refeição:

  • arrumavam e limpavam as mesas,
  • distribuíam pratos, copos e talheres,
  • buscavam o carrinho com as travessas e as colocavam no centro da mesa,
  • no final, arrumavam tudo!

20- Promover atividades significativas de cultivo de alimentos – hortas e vasos

As atividades ligadas ao cultivo de vegetais são ricas e podem se constituir em apelo para que as crianças experimentem e valorizem os alimentos naturais.

Mas cabem ressalvas em relação às estratégias utilizadas nas atividades da horta. É preciso considerar o tema “horta” como um assunto complexo e, por consequência, um projeto a ser construído com base em significados:

Quais elementos compõem uma horta? (terra, água, plantas, animais, sol etc.). As crianças conhecem estes elementos e tem intimidade com eles? Já exploraram a terra? Brincaram com a água? Misturaram água e terra? Observaram e desenharam as plantas ao redor? Colheram as plantas, desenterraram e as examinaram? Investigaram suas estruturas? Pesquisaram as sementes que existem na sua própria alimentação? Tentaram plantá-las?

Enfim, as ações de regar (“cuidar”) e colher as plantinhas já crescidas não podem levar o professor a pensar que são suficientes para “dar um OK” nas atividades de horta! Existe uma infinidade de provocações, descobertas e etapas a serem propostas para que as crianças de fato experimentam e construam conhecimentos sobre o cultivo de alimentos.

21- Envolver as famílias

As famílias são fundamentais na parceria educativa em favor de uma alimentação saudável. Contudo, os hábitos alimentares familiares são culturalmente diversos e nem sempre ideais.

A chave para conquistar esta parceria é a transparência, a comunicação e a educação. É importante compartilhar, por meio de informes e de documentação pedagógica, o planejamento elaborado para trabalhar a alimentação das crianças. Também é fundamental evidenciar os registros das ações educativas desenvolvidas com as crianças.

Por fim, é necessário educar as famílias por meio do envio de conteúdos sobre bons hábitos alimentares, dicas práticas e sugestões de receitas, além de propor conversas nos momentos em que as famílias frequentam a escola (reuniões pedagógicas e eventos).

Este é um tema que está chamando a atenção das escolas brasileiras e promovendo discussões e iniciativas interessantes e bem sucedidas para transformar os hábitos alimentares das nossas crianças. Segundo a nutricionista pediátrica Venus Kalami, do Hospital de Stanford, Estados Unidos,

“Nosso foco deve estar no cultivo de uma relação saudável com os alimentos, e não na restrição. Devemos incentivar as instituições escolares e as famílias a reformularem sua postura em relação aos alimentos. Devido, em parte, à influência do marketing e da cultura da dieta (o foco em perder peso), há muitas informações falsas sobre nutrição que podemos, sem saber, passar para nossos filhos. Como sociedade, a tendência é nos concentrarmos nas coisas que devem ser restringidas, como doces e salgadinhos, mas não é saudável para nossas mentes estarmos ligados de forma tão negativa e temerosa à comida. Se nos concentrarmos no equilíbrio, na variedade e em uma relação saudável com os alimentos, sem dar atenção negativa extra aos doces e salgados, poderemos ter uma dieta e um estilo de vida saudáveis, com alguma flexibilidade para as guloseimas. … Ao manter o equilíbrio, a motivação e a alegria, ajudamos a quebrar o ciclo e a construir uma geração de indivíduos saudáveis e felizes”.

 

UM RELATO DA PRÁTICA COM BEBÊS – Alimentação: um processo de Aprendizagem

“O ato de observar esta presente no
cotidiano da Escola da Infância,
com maior ou menor fragilidade”
A.Hoyuelos

 A observação dos gestos, expressões, falas, postura corporal e das microtransições no momento da alimentação dos bebes, foi algo que começou a nos inquietar. Tentar entender, observar e  refletir como isso acontece no dia a dia de um ambiente coletivo, nos motivou a querer saber um pouco mais sobre o tema.

Para iniciar as nossas pesquisas, nos apoiamos em alguns textos que ajudaram a dar os primeiros passos na busca de afinar o olhar para os momentos de alimentação. A partir das leituras e do estudo dos textos, elencamos com a equipe pedagógica o que iríamos observar. Isso foi de suma importância para alinharmos o olhar e saber o que deveríamos observar e as intervenções a fazer, caso necessário.

Logo nas primeiras observações, fomos nos encantando com o processo, as sutilezas e as diferentes estratégias que os bebes iam aprendendo para se alimentar. A partir desse processo, nasceu o desejo de registrar nossas conquistas num documento que torna visível as aprendizagens das crianças e da equipe pedagógica.

Adriana Tenorio
coordenadora pedagógica

 

Referências Bibliográficas

Currículo da Cidade Educação Infantil – São Paulo 2019
Revista Avisa-la. Nº63 agosto 2015
São Paulo. Orientação Normativa de educação Alimentar e Nutricional para Educação Infantil. São Paulo, SME/COPED/CODAE, 2020 P.48
Alfredo Hoyuelos – Complexidade e Relações na Educação Infantil – Cap. 2 – São Paulo 2019
Organização da Ação Pedagógica Educação Infantil Documento Orientador/ caderno 2 Rede Municipal de Ensino Novo Hamburgo 2020

BAIXE O ARQUIVO AQUI
Alimentação processo de aprendizagem – Ass Bênção de Paz

 

Acredito que as 21 dicas aqui propostas podem engordar as ideias e as experiências dos milhares de leitores do Tempo de Creche, mas ainda estão longe de serem suficientes para desenvolver projetos de alimentação saudável nas escolas. Por isso,  ajude a enriquecer este movimento, compartilhando suas sugestões nos comentários desta postagem!

⇒ NÃO PERCA a próxima postagem com relatos práticos de dois projetos sobre alimentação desenvolvidos em creches de São Paulo.

PARA SABER MAIS…

Além de contar com a minha experiência, consultei alguns sites para elaborar esta postagem:

Outras postagens foram publicadas com esta temática:

ALIMENTAÇÃO DE CORPO E ALMA, UM DESAFIO PARA AS CRECHES E FAMÍLIAS – PARTE 1

ALIMENTAÇÃO DE CORPO E ALMA, UM DESAFIO PARA AS CRECHES E FAMÍLIAS – PARTE 2

COZINHA É LUGAR DE CRIANÇA? ARIELA DOCTORS RESPONDE

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