As pesquisadoras e musicistas, Magda Pucci e Berenice de Almeida, fizeram uma expedição sonora em oito comunidades indígenas brasileiras. No livro A Floresta Canta! – Uma expedição sonora por terras indígenas do Brasil publicado pela Editora Peirópolis, elas contam a partir dos registros em seus diários, as tradições culturais destas comunidades e a linguagem utilizada para transformar elementos da natureza música.
Muitas dos hábitos, palavra e alimentos que hoje fazem parte do dia a dia de todos nós tem sua origem nas culturas indígenas.
- Por que tomamos banho diariamente? Os portugueses quando chegaram ao Brasil não tinham o habito do banho diário, os indígenas tinham.
- Por que gostamos de nos deitar em redes? Podem imaginar?
- O que quer dizer carioca?
No livro tem outras palavras, nomes de alimentos, locais e hábitos que tem sua origem nas raízes indígenas.
Onde tem canto, tem história.
As histórias indígenas, cantadas e contadas, são, na maioria das vezes, explicações da origem do mundo, a criação do homem, o surgimento dos animais na Terra com o jeito próprio dos indígenas verem o mundo.
É comum nas histórias contadas para as crianças as canções que trazem as falas dos animais ou de seres da floresta. Em uma aldeia, quem conta a história é o pajé ou o seu líder. Ele conta e vai imitando o que a história relata como o ruído do trovão, do vento ou da água no riacho.
E as músicas?
Magda e Berenice contam que nas aldeias a música é transmitida de forma oral, de geração em geração. Os cantos têm muitos sons anasalados e, em geral, se relacionam com os elementos da natureza e seres da floresta. No mundo indígena, a música está ligada aos momentos especiais. Eles cantam e dançam tanto para brincar, caçar, pescar e construir suas casas, quanto para celebrar seus rituais.
No site da Editora Peirópolis estão disponíveis as músicas indicadas no livro. Abaixo de cada gravação estão as letras das músicas e uma sugestão de pronuncia.
Escute http://www.editorapeiropolis.com.br/2014/04/24/a-floresta-canta-musicas/
Você também sabe imitar sons da natureza?
Esta é uma pergunta que as autoras fazem.
Muitos instrumentos de produção muito simples trazem os sons da floresta para a brincadeira.
Nas aldeias há vários tipos de sopros, entre eles, as flautas. Os instrumentos de sopro costumam ser feitos com bambu, madeira, cabaças, ossos de animais, rabos de tatu e hoje em dia até de canos de PVC.
Os indígenas gostam de usar chocalhos em diversas partes do corpo: tornozelos, braços, pescoço, cintura, …. e os confeccionam com vários materiais, como sementes, pequenos cascos de animais, coquinhos, o que puder gerar som. Ficam amarrados em uma fita tramada por eles.
Os chocalhos podem ser confeccionados com uma fita ou cordão onde são presas sementes ou grãos aos quais a creche tenha acesso. Fure a semente ou grão e passe um fio para prendê-las na fita ou no cordões, similar ao exemplo nas fotos.
A maraca é o principal instrumento de percussão indígena.
A maraca é um instrumento também fácil de ser construído e pode ser feito com a ajuda das crianças.
A Folhinha (Folha de São Paulo), em 2012, ensinou o passo a passo para fazer uma maraca ecológica. A dica foi de Luthier e do Afonsinho Menino, do grupo Ylu Brazil.
- Passo 1: reúna o material que será usado garrafinha pet, cabo de vassoura cortado em pequenos pedaços, sementes, grãos e pedrinhas, lixa, tesoura, fita adesiva colorida e cone de papel.
- Passo 2: com um cone, coloque as sementes, grãos e pedrinhas até cobrir o fundo na garrafinha.
- Passo 3: lixe o cabo de vassoura para evitar ferir a mão.
- Passo 4: encaixe o cabo de vassoura na garrafinha.
- Passo 5: com a fita adesiva fixe o cabo na garrafa.
- Passo 6: enfeite a maraca com fitas adesivas coloridas.
Mais informações: http://ylubrazil.blogspot.com.br/2012/01/ylu-brazil-ensina-fazer-maraca.html
No youtube a arte educadora Jussara Belloni também ensina umo passo a passo para construir uma maraca a partir de garrafa pet pequena. https://www.youtube.com/watch?v=z-AoQRa4UI0
Na prática
Busque músicas, imagens e histórias de índios e apresente esse universo para as crianças.
Converse, levante as impressões da turma e proponha uma “brincadeira de índio” com os objetos sonoros construídos.
Cante a musica indígena ou coloque uma gravação se você tiver disponível e convide as crianças para tocarem junto.
Como ampliação dessa brincadeira, você pode amarrar cada chocalho numa perna, braço ou cintura das crianças e propor uma dança que “balance” os objetos para que se produzam os sons.
Para brincadeiras de pinturas corporais inspiradas nas culturas indígenas, leia Brincando com as culturas indígenas; Datas comemorativas: muito além da festa!; Tânia Fulkemann Landau fala da importância das festas comemorativas na educação da criança; Ana Helena fala sobre datas comemorativas na creche
Comunidades indígenas visitadas por Magda Pucci e Berenice Almeida
- Yudjá – em tupi significa “donos do rio”, mas também são conhecidos como Juruna ou homem da boca preta. Mato Grosso/ Parque Indígena do Xingu.
- A’Uwé-Xavante – A’uwé significa gente. São mais conhecidos como Xavante. Mato Grosso/ Parque Indígena do Xingu.
- Paiter-Suruí – são conhecidos como um povo cantor e contador de história. Rondônia.
- Ikolen-Gavião – são conhecidos pelos instrumentos de sopro. Rondônia.
- Kambeba – reza a lenda que o povo Kambeba teve sua origem em uma gota d’água que se dividiu em duas partículas e originou o homem e a mulher. Por essa razão, eles vivem sempre entre rios Amazonas.
- Krenak – também gostam de ser chamados de Borum, Palavra que significa “gente” e dá nome a língua que eles falam. Minas Gerais.
- Mbyá-Guarani – eles acreditam que as crianças tem um canal diretor com os espíritos. São Paulo.
- Kaingang – para eles tudo na natureza tem dois lados opostos que se complementam, chamados de Kamé e Kairu. O sol é kamé e a lua Kairu. Rio Grande do Sul.
Autoras
Berenice Almeida – Educadora musical e pianista, formada pela ECA –USP, mestranda em Educação Musical. Entre os livros publicados, destacamos Música para crianças: possibilidades para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental da Coleção Como eu ensino, Melhoramentos; livros do professor Coleção Brincadeiras Musicais da Palavra Cantada, Melhoramentos.
Magda Pucci – Regente, formada pela ECA-USP, mestre em Antropologia, PUC-SP, arranjadora, compositora e cantora, além de pesquisadora da música de vários povos. Dotoranda em Creative Arts pela Universidade de Leiden, Holanda. Dirige e produz o grupo MAWACA desde sua formação em 1993.
Olá Boa noite. Estou trabalhando musicalização com criança com faixa estaria 3 anos… gostarias de receber mais atividades relacionadas a musicalização para trabalhar com os pequenos.
Olá, Patrícia.
Este trabalho é bem importante para os pequenos. Na página do blog há uma indicação de uma lista de postagens por temas que podem ajudar na escolha do que pesquisar e ler. Algumas postagens sobre musicalização são: – Brincadeiras com os sons: musicalização para os pequenos; – Música, brincadeira e desenvolvimento e Musicalização no dia a dia de bebês e crianças. Abraço.
Gostaria de receber em meu e-mail
Olá, Patrícia.
Na página do blog há a indicação de onde colocar o seu e-mail, logo abaixo do contador de visita. Abraço.
Amei essa matéria sobre os indigenas
GOSTARIA DE RECEBER DICAS SOBRE CURIOSIDADES (HÁBITOS ESTRANHOS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL.)
Sandra,
Obrigada pelo seu retorno. Você poderia esclarecer melhor seu interesse? O que quis dizer com hábitos estranhos para a educação infantil?
Conte, também, qual a idade das crianças e em quais assuntos estão interessadas. Abraço!
Muito interessante o artigo sobre o dia do Índio, tudo muito aplicável no cotidiano da Creche!!! Muito obrigada por compartilhar essas ideias!!!!!
Obrigada, Sheila! Procuramos, sim, desenvolver conteúdos práticos e estamos abertas para receber suas sugestões e relatos das experiências. Um abraço