Diálogos sobre relações: famílias e creches unidas na educação V – Cadernos de Comunicados

Diálogos sobre relações: famílias e creches unidas na educação V – Cadernos de Comunicados

As pedagogas Tânia Fulkemann Landau e Lena Bartman Marko escreveram diálogos sobre as relações envolvidas no ambiente das creches e instituições de educação. Neste capítulo, as autoras aprofundam algumas das ações das escolas com as famílias para promover o diálogo e construir relações e vínculo: os cadernos de comunicados 

4. RELAÇÕES EM AÇÃO: CADERNOS DE COMUNICADOS

Comunicados

Cadernos  ou cadernetas são importante instrumentos de comunicação com as famílias, e devem ser usados diariamente e sempre que necessário para perguntas e colocações bem objetivas, como pedir mais roupas de troca, perguntar sobre o horário do sono da criança em casa, pedir mais agasalho ou sapatos, agendar uma conversa ou entrevista. Nunca escreveremos comentários sobre a criança na agenda, do tipo “não está comendo nada”, ou “está chorando muito”, ou “machucou o amigo”, porque só aumenta a ansiedade dos pais. Este tipo de comentário será feito em entrevista com a coordenação com objetivo de planejarem, família e escola, estratégias comuns para dar conta da questão.

Uma alternativa é publicar semanalmente, nos cadernos de comunicados, pequenos bilhetinhos xerocados sobre algo que foi realizado no grupo, como uma atividade culinária ou uma descoberta que fizeram no parque. Este caderno também pode servir para apontar algumas especificidades e descobertas das crianças, tal como dizer que “fulano” experimentou bolinho de chuchu no almoço e adorou ou que ficou encantado com o caminho que as formiguinhas fazem no jardim e hoje vai levar um livro para casa que fala sobre as formigas.

Um jornalzinho periódico para compartilhar os projetos e atividades realizadas com as crianças (que pode ser um cartaz colado na entrada da sala) também cumpre com este papel de informar os pais, de dar maior visibilidade ao projeto e ao que as crianças fazem. São ações deste tipo que ajudam pais a respeitarem, valorizarem e conhecerem melhor o que se faz na escola de crianças tão pequenas.

FratoAlguns comunicados podem ser enviados em forma de bilhetes e circulares. É bom evitar escrever como se a criança falasse aos pais, exceto quando de verdade ela participa da autoria desta escrita. Via de regra, eles devem ser endereçados “Aos Responsáveis”, isto amplia as possibilidades de quem vai ler e confere uma legitimidade maior do que os habituais usos de “papai, mamãe”. Se o bilhete é único e endereçado exclusivamente aos pais ou responsáveis de uma determinada criança, é aconselhável fazer o uso do nome próprio deles, atitude de aproximação e respeito às individualidades. Quando usamos sempre “mamãe” na nossa mensagem, validamos a ideia tradicional de que ela é a única ou principal responsável pela criança.

O ambiente também comunica. Desde o bom dia no portão, até a porta da sala, a escola comunica, passando por corredores, cartazes expostos nas paredes, salas de aula e salas de coordenação/direção, atendimento, biblioteca, atividades , espaços “falam” do projeto educativo da instituição e da vida que ali acontece. O cheiro da comida vindo da cozinha, as marcas de tinta no chão, a disposição dos brinquedos, a organização das cadeiras… um sorriso no rosto ou um olhar carrancudo comunicam.

Devemos conversar na equipe sobre o que queremos mostrar aos pais deste tempo vivido com as crianças, o que é mais importante compartilhar.

Murais devem expressar nossos horizontes de conhecimento e de cultura, nossas produções, no caso de crianças bem pequenas, seus desenhos, suas falas em roda sobre os diferentes assuntos, seus comentários mais interessantes sobre o livro que lemos, o passeio, as contribuições dos professores, etc.

Dependendo de uma “leitura” do grupo de pais e suas necessidades, exporemos diariamente os cardápios, traremos fotos dos parques e vídeos que respondem de certa forma a inquietações dos pais, aquele brinquedo um pouquinho mais alto, aquela escadinha, mostrando com transparência o uso do espaço, reconhecendo diferentes pontos de vista, por exemplo. Ao ver os processos e produções das crianças, ao ter as conquistas documentadas e expostas, damos voz e visibilidade para as crianças que passam a crescer diante dos olhos, da escuta e reconhecimento dos pais.

Tempo de Creche já publicou:

  1. CONSTRUINDO DIÁLOGO E APOIO ENTRE FAMÍLIA E CRECHE 
  2. CRECHES E FAMÍLIAS: UMA PARCERIA DE ESCUTA 
  3. APROFUNDANDO O DIÁLOGO 
  4. REUNIÃO DE PAIS

Outros capítulos do Diálogo sobre relações famílias e creches unidas serão publicados nas próximas semanas. Veja abaixo:

6. RELAÇÕES EM AÇÃO: CONTATOS DE PORTA E PRIMEIROS DIAS NA ESCOLA

7. RELAÇÕES EM AÇÃO: ENCONTROS CULTURAIS E FESTIVOS

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