Vai chegando o final do primeiro semestre e as escolas começam a pensar na organização das festividades do mês de junho. É comum o olhar das instituições se voltar para os arraiais com as bandeirolas e os chapéus de palha, hoje sinônimos da festa caipira. Mas as manifestações juninas são só isso ou temos outras referências para brincar nestas ocasiões? Existem outras tradições?
O festejo com quadrilhas, comidas típicas e o tradicional casamento na roça e seus personagens – noivo, noiva, pai da noiva, padre e delegado – encontram respaldo no contexto cultural das comunidades do Nordeste. Foi naquela região, no período colonial Brasileiro, que começaram as festas juninas vinculadas aos três santos: São João, São Pedro e Santo Antônio, o casamenteiro. Das primeiras manifestações até os dias de hoje, muitas transformações ocorreram decorrentes das evoluções dos festejos nas grandes cidades, mas é do Nordeste o forró e os cortejos pelas cidades .
E as manifestações juninas das outras regiões
Pesquisar outras tradições pode ser uma proposta pedagógica?
O Colégio Sidarta, Cotia, vem se dedicando anualmente a olhar as culturas brasileiras. A cada ano pesquisa as manifestações culturais de cada uma das regiões, convidando as famílias e a comunidade para participar de todos os momentos da atividade.
Num ano, o chapéu do tropeiro, sinônimo de orgulho das tradições dos estados do sul, marcou as festividades. Os tropeiros e suas violas, que embalam cantigas de saudade, atravessam a paisagem rural brasileira conduzindo o gado nas cavalgadas. São responsáveis por uma gastronomia diferenciada, vinculada às possibilidades alimentares que encontram pelo caminho. O arroz de carreteiro é um prato típico*. Os festejos a partir dos elementos dessa cultura compõem outro cenário para as festas juninas.
Neste ano a pesquisa da comunidade do Sidarta voltou-se para a região norte, com o Carimbó. Com traços da origem indígena, o carimbó é dançado em roda. Os tambores ressaltam os traços africanos da manifestação e as saias longas, esvoaçantes, rodadas e floridas apontam as origens das antigas europeias. Na pesquisa sobre a festa, o Sidarta trouxe as pinturas corporais indígenas com o grafismo inspirado nos elementos da natureza.
Seja qual for a região pesquisada, essa é uma forma de aproximar a grande diversidade cultural brasileira das crianças e suas famílias, se afastando do estereótipo do chapéu de palha desfiado, muitas vezes sem significado.
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*Arroz de carreteiro – O arroz é um prato característico do Brasil, mas o arroz carreteiro, também conhecido como arroz-de-carreteiro, tem sua origem relacionada aos tropeiros e mercadores que transportavam cargas e viviam atravessando a região sul em carretas, um meio de transporte puxado por bois. Ao preparar as refeições era comum cozinhar o arroz com a carne de charque, expressão sulina para a carne seca e salgada, em panelas de ferro colocadas no fogo de pequenas fogueiras.
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