9 dicas especiais para contar histórias

9 dicas especiais para contar histórias

Contar histórias para crianças é tão importante para a sua formação que diversas pesquisas apontam para resultados surpreendentes dessa prática. Nos Estados Unidos pediatras passaram a receitar a narração de histórias e poesias até para bebês no útero! Professores precisam trabalhar o mergulho na magia das histórias com suas crianças.
Mas é preciso ser profissional ou ter esse dom?

Contar histórias é uma das artes da palavra.

Muitos contadores usam experiência e intuição para transmitir o que viveram. Outros buscam aprendizados para desenvolver esta habilidade. Leem muito, estudam a língua e, às vezes aprofundam-se nas técnicas de representação. Os atores que encenam histórias, o fazem com um texto formatado, independente do tipo de plateia presente. Já o contador precisa levar em conta a presença e a personalidade de sua audiência.

Apesar da carência na formação de alguns professores, podemos buscar informações sobre o assunto e seguir alguns conselhos preciosos dos especialistas deste oficio. Outro fator importante é exercitar e desenvolver um jeito prazeroso e particular de proporcionar para as crianças experiências literárias.

DICAS GARIMPADAS

1- Escolha das histórias

Os livros e histórias sugeridos pelas crianças são um passo em direção a uma plateia interessada. Mas selecionar histórias que despertem a vontade de contar no professor, é também importante para o bom resultado da atividade. Quando uma história se conecta com que vai contá-la, ela passa a ser interiorizada e pertencente ao contador!
Com crianças muito pequenas – de 1 a 2 anos, e para introduzir um grupo no mundo das histórias, é importante selecionar livros com histórias e ilustrações de boa qualidade. Histórias com textos que se repetem (contos de repetição) favorecem a compreensão e o interesse dos pequeninos, que buscam repetir e aprender novas palavras.  As crianças pequenas também gostam especialmente de histórias de animais.

2- Conhecer para narrar

Às vezes temos que pegar um livro novo e contar de supetão para a turma, sem mesmo tê-lo lido ou folheado. Essa forma de contar histórias geralmente traz insegurança para quem conta e nem sempre prende a audiência. Mas acontece!
Se pudermos nos preparar para o momento, os resultados serão infinitamente melhores. Ler o livro ou história com antecedência, praticar a narração e pensar em momentos “decisivos” e importantes, ampliam a experiência. Vale também fazer uma possível “tradução” de partes complicadas para a faixa etária, a ser explicada após a leitura do texto original.
Uma proposta que desperta a atenção e o envolvimento das crianças é programar cenas com a participação delas e organizar  materiais que possam enriquecer a narrativa (adereços que representem os personagens e objetos associados a algumas situações.
Não é necessário decorar a história! Aliás, quando disponível, o livro deve estar presente para se fazer ver e reconhecer pelas crianças. O livro é um portador de texto e um dos objetivos de levá-lo às crianças é proporcionar o reconhecimento de que a história registrada em textos e imagens permanece a mesma, independentemente de quem a leia. Nesse sentido, é interessante reservar algum bloco do texto para ser lido acompanhando as palavras e as frases com o dedo indicador, sinalizando que “aquela” palavra dita, está registrada daquela forma – com aquelas representações gráficas (ou “letras”).
Ao final da narrativa, é importante deixar as crianças manusearem o livro e incentivar as conversas e o reconto por parte delas. Muitos professores receiam que as crianças estraguem os livros e que não saibam recontar a história porque são pequenos. Mas é justamente o convívio com os livros, a experiência de compor uma roda e participar dos momentos de leitura de histórias que vão educando o apreço e a postura diante da literatura.
Após um período de ambientação com a leitura e a contação, à medida que os pequenos vão ampliando o vocabulário e ficando mais entusiasmados e engajados, as histórias selecionadas podem ser mais longas e complexas.

3- Espaço

leitura na área externaA escolha e organização do espaço físico para o momento de ouvir histórias é relevante. Algumas questões podem encaminhar a decisão:

  • O local favorece o conforto das crianças?
  • É possível falar e ser ouvido com clareza, sem a interferência de barulhos?
  • O ambiente inspira? (possui, por exemplo, almofadas, sofás, colchonetes, a sombra de uma árvore, um pano para demarcar o espaço e acolher o grupo ao sentar-se sobre ele…).
  • O número de crianças e a posição do professor permite que todos enxerguem o livro, os textos e as imagens?

Posicionar os pequenos em semicírculo pode favorecer as relações e os momentos de participação e diálogo durante o desenvolvimento da história. Outra dica é ficar próximo aos pequenos e posicionar-se distante de espelhos e janelas para não dividir atenções.
Todos devem poder visualizar o livro e as suas figuras.  Se precisar, pode sentar num banquinho ou numa cadeira para que o grupo tenha uma visão melhor do livro. A capa, o título e os nomes do autor e do ilustrador podem ser apresentados logo no início.

4- Materiais

dedochesA roupa do contador pode sinalizar o momento específico de entrar no universo das histórias. Escolher um chapéu ou uma varinha de condão, uma capa ou outros adereços, pode criar um ritual para marcar a atividade.
Pequenos objetos sonoros utilizados pelo contador também podem contribuir com pausas e momentos encantados, dramáticos etc.
Distribuir objetos sonoros para as crianças utilizarem em algumas cenas (imitar o barulho de tempestades, brigas, músicas de festas etc.), compartilha a atuação e estimula a atenção e a participação.
Bonecos, fantoches e dedoches também são acessórios interessantes para ampliar as possibilidades de histórias já conhecidas.

contadora de histórias

5- Olhar

É muito importante olhar nos olhos de quem ouve as histórias, valorizando o grupo e cada um individualmente. É esse olhar que captura a audiência e capta os sinais de como a narração está sendo recebida. Quando utilizar bonecos e fantoches, eles também precisam “olhar” para a audiência.

6-Voz, Gestos e Expressões

A dica importante é ser bem claro ao pronunciar as palavras. Pensar também no ritmo da contação. Dependendo da faixa etária e do estado de espírito do momentos, se a história for lenta, longa e com pausas prolongadas, a audiência pode se dispersar. Se for muito rápida, as crianças podem não conseguir acompanhar o enredo. Por outro lado, algumas passagens especiais da história podem ser narradas mais lentamente, com certa dramatização, gestos e até pausas para dar mais impacto às cenas.
Elementos expressivos como imitação de vozes de personagens, ruídos de animais, barulhos, expressões faciais e gestos das mãos, empregados na hora certa, fazem diferença.

7- Dialogar

Abrir a contação com um diálogo sobre o autor do livro, o tema, o estilo literário e até a possível conexão da história ao projeto da turma, pode situar as crianças e capturar o interesse. Mas nada de explicações longas… o objetivo é provocar!

8- Envolvimento do grupo

canto de leitura 2Nem todas as crianças de um grupo estão na mesma sintonia, disposição e estágio de desenvolvimento. Ao introduzir o momento de histórias e leitura, prepare-se para contar para muitas ou poucas crianças. Apesar de convidar o grupo para a hora da história, é possível que nem todos os pequenos queiram tomar parte da atividade. Outro ponto importante desta questão é ter de ler os livros para turmas grandes. Por isso, cantos preparados com outros livros, jogos e brincadeiras são interessantes para acolher aqueles que ainda não querem participar (ou participam de longe ), e para dividir a turma e poder fazer a leitura para grupos pequenos alternadamente. Ignore as peraltices e conte a história para os interessados sem perder o fio da meada. É possível que os “desinteressados” passem a participar observando o interesse do grupo.

Para envolver as crianças no relato você pode:

  • Pedir para que repitam algumas frases marcantes;
  • Emitam sons que são parte do enredo: bater à porta, vento, barulhos de animais, cantar músicas, etc.);
  • Fazer pausas para convidar a turma a fazer gestos e se mover conforme a cena. Por exemplo, um saci que pula num pé só, um leão feroz com garras, um patinho nadando na lagoa. Um sapo que pula…;
  • Fazer perguntas antes de cenas importantes, promovendo um suspense: o que vocês acham que vai acontecer?

9- Contar e recontar

Repetir histórias e cenas queridas favorecem a apropriação, o reconto, a “leitura” e a memorização. Além disso, a intimidade com a literatura enriquece a imaginação e provoca a criação de narrativas mais complexas no brincar. Assim, ao longo da semana é importante recontar as histórias preferidas e introduzir os livros novos.
Antes de recontar, é possível estimular a oralidade e a organização temporal dos fatos: qual a parte que mais gostaram?  Qual personagem você mais gosta? De quem não gosta? O que aconteceu com fulano? 
Depois de trabalhar com os personagens e os acontecimentos, conte a história novamente! Aí, no final dispare mais provocações: será que tal situação poderia ser diferente? E se o fulano não fizesse tal coisa? A história poderia ter outro final?
Nessa etapa do desenvolvimento infantil as histórias podem ser recontadas, em média, três vezes por semana.

canto de leituraHistórias são parte da humanidade. São milenares e anteriores à escrita. Transmitem os saberes, preservando a cultura e a memórias. Todos nós experimentamos com prazer esses momentos e percebemos o quanto eles contribuem para o conhecimento de mundo, ampliam as possibilidades criativas e emocionais. Histórias são um capítulo fundamental da infância… e, se bem trabalhada, de toda a vida!

Não deixe de ler a postagem de Tania Fukelmann Landau sobre leitura para bebês!

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⇒ Leia mais sobre esse tema nas postagens:
Letramento no dia a dia: gradual, lúdico e significativo
Crianças e histórias: uma relação para a vida!
Escolher os livros: um momento de prazer

Créditos das Imagens, na ordem que estão publicadas:
http://2.bp.blogspot.com
http://1.bp.blogspot.com
http://g02.a.alicdn.com
http://corujices.co
CEI Nossa Turma, SP

 

28 comments

Olá, Elaine. Obrigada pelo retorno.
Estamos abertas para receber suas críticas, sugestões e dúvidas. Nosso objetivo é manter o diálogo para espalhar experiência que inspirem novas práticas. Abraço

Gostaria de agradecer, foi muito util as informacoes. Quero acrecentar que as dicas me favoreceram tambem na forma de escrever meus contos. Obrigado!

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