Criança: no singular e no coletivo

Criança: no singular e no coletivo

Janeiro é o período da adaptação das novas crianças. É também o momento de planejar as formas de apresentar o novo para as crianças que voltam das férias. Tem muito a ser pensado para fazer os pequenos se sentirem bem e integrados na nova etapa de suas vidas. Nesta postagem, Tempo de Creche lembra a importância dos momentos individuais e coletivos de cada criança.

Uma mudança importante na vida da criança de 0 a 6 anos é o movimento de saída de seu mundo familiar para o mundo coletivo da creche. A percepção desta coletividade tem dois lados: a perda da individualidade  e a possibilidade de interação com as outras crianças nos encontros do pátio, nas refeições, nas brincadeiras, nos cantinho do faz de conta da sala, nas atividades de arte…

Como a criança vive sua singularidade e o coletivo?

Singular 1Quando a criança está em seu mundo particular, em um momento só seu de pesquisa, as descobertas acontecem no campo da experimentação. Envolvida no seu fazer, a criança está vivenciado a cada segundo o que surge à sua frente. Está imersa e as ações trazem significados para ela. Como diz o pedagogo e filósofo espanhol Jorge Larossa Bondia, significativo é o que fica gravado em nós, passa a fazer parte de nós e só a experimentação possibilita isto. A construção de uma pessoa vem da soma das pequenas experimentações, sendo as primeiras na educação infantil.

Mas, quando a criança interage com as outras, compartilhando suas criações e permite criar junto, ela continua experimentando e conquista o sentimento de criação coletiva. A partir da singularidade de cada um dos participantes nesta produção está nascendo mais do que uma obra nova, está surgindo uma ação coletiva, compartilhada por meio da socialização das singularidades.

coletivo APodemos observar isso acontecer com mais clareza nos trabalhos de arte em grupo, seja nos desenhos coletivos em superfície grande, numa ação de simbolização no faz de conta, onde a maneira de ser de cada um se revela nos inúmeros traços e cores utilizados, nos diversos movimentos do corpo, nas palavras e frases acrescentas à história. Não importa se o resultado é bonito ou feio, certo ou errado, mas sim a possibilidade de se expressar. Dentro do todo construído, cada um foi um.

Mas a coletividade também se revela em outros momentos com naturalidade.

coletivoEm muitas situações a coletividade vai se revelando na preferência dos agrupamentos sem a interferência do adulto. As afinidades vão surgindo. Quando isto é permito, as crianças criam, entre elas, um mundo de cumplicidade, muitas vezes distante do professor e não revelado a ele. O professor, no início do ano, desconhecido aos olhos da criança, é alguém alto, que só dá instruções e está a todo o momento mandando fazer algo.  Esta postura não permite à criança ser do jeito dela. O seu espaço e tempo individual ficam reduzidos. Ela só passa a ter a oportunidade de “ser grande” e dona da situação quando está entre as outras crianças, brincando, criando e fazendo suas produções.

Nesse movimento de individualidades e coletividades, as crianças estão sempre fazendo pesquisas e descobertas novas?

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Não. Em geral suas ações não geram novas descobertas, são momentos de reprodução do que elas aprenderam com os adultos, seja em casa, seja na creche, com todos os profissionais que integram a equipe, do segurança à direção. Nas interações com outras crianças, os pequenos buscam interpretar a cultura da qual fazem parte e as outras culturas que observaram. Assim, as produções que partem dos próprios contextos das crianças não são meras imitações, são reproduções de ações vivenciadas “re-criadas” e “re-produzidas” dentro de cada maneira de ser, de cada universo singular em consonância com o coletivo.

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Balão-Para-Saber-MaisPara ler mais sobre este assunto acesse: Adaptação em processo: você já é o brinquedo favorito das suas crianças? , Adaptação: ansiedades e possibilidades e Primeiro dia na creche: um olhar novo de tudo

 Balão-crédito-imagensCrédito das imagens:
  • Tempo de Creche agradece ao CEI Sangri-la a autorização de publicação das três primeiras imagens,
  • As cenas da 4a imagem são: www.pbs.org, www.shutterstock.com e www.galleryhip.com

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