Observar, escutar e acolher os interesses das crianças são os passos iniciais para construir projetos. Parece um processo corriqueiro e fácil. Mas está longe disso! Professores precisam ativar antenas de percepção e sensibilidade para intuir, refletir, criar e planejar práticas que provoquem as crianças, promovam brincadeiras e as despertem para questionamentos. Essa é a matéria prima para identificar temas e construir projetos com elas.
Como fazer isso acontecer?
Uma prática realizada no CEI Nossa Turma, SP pode ajudar a pensar.
As cores estão chamando a atenção de um grupo de crianças de 2 anos e de suas professoras também. A turma quer conhecer, aprender os nomes e pesquisa-las nos objetos do cotidiano, nos desenhos que fazem diariamente e nas pinturas.
Acolhendo e encaminhando esse interesse, as professoras Sandra Aparecida Ferrari Lima e Maria Aparecida Soares Santos (a Cida) têm planejado e desenvolvido diversas propostas envolvendo o tema. Cida utilizou um jogo de dominó comum para desafiar os pequenos a encontrar pecinhas com bolinhas amarelas, verdes, azuis etc. Os coloridos objetos do dia a dia também são estímulos para que as professoras brinquem com os pequenos fazendo perguntas sobre as cores.
Recentemente um pedaço de espuma de estofado caiu nas mãos da Sandra e inspirou uma interessante proposta de arte. Ela cortou o material em pequenos cubos, arranjou pregadores de roupas e criou pinceis originais.
Forrando com papel kraft uma grande mesa que fica na quadra, as professoras organizaram um espaço confortável e convidativo para a pintura.
Sobre o kraft, fixaram folhas de cartolina e prepararam palhetas com bandejas de papelão, daquelas que se usa para bolo de festa. As bandejas grandes e baixinhas serviriam muito bem para os pequenos molharem os pinceis de espuma nas tintas e pintarem as cartolinas com as cores contrastantes selecionadas. Foi o que aconteceu!
Os pequenos logo se habituaram ao novo pintador e à dinâmica da brincadeira. Pintaram gostosamente as cartolinas, depois estenderam a pesquisa ao papel kraft que forrava a mesa e, finalmente, passaram a espuma suave e molhadinha sobre a pele das mãos e do rosto!
Como as professoras vão encaminhar esse processo que pode ter se transformado num projeto? Como continuar a ampliar as pesquisas a partir desse ponto?
Ouvindo os pequenos!
Cida pensou em introduzir o arco-íris contando histórias e pesquisando imagens na internet com as crianças. Se o interesse continuar, vão experimentar pintar as cores do arco-íris. Pensou-se em recortar grandes arcos de papel kraft e organizar uma atividade de pintura com uma cor de cada vez: num dia tintas em tons de azul, no outro, tons de violeta e assim por diante. Desse modo as crianças experimentarão diferentes tonalidades e pintarão os arcos que formam o arco-íris.
O tema das propostas das professoras poderia surgir das boas ideias que elas normalmente têm. Afinal são profissionais dedicadas, criativas e gostam de desafiar a turma. Mas elas escutam as crianças, constroem com elas os caminhos para inspirar suas práticas e trilhar os caminhos de um projeto.
Poderíamos dizer então que um projeto ou ciclo de brincadeiras, experiências e aprendizagens se forma a partir do entrelaçamento das ações dos professores e das respostas e contribuições das crianças. O esquema a seguir ilustra o ciclo, com as ações das crianças em verde e das professoras em laranja:
Elaboramos um Quadro Organizador para você refletir sobre o seu próprio processo de planejamento e encaminhamento das ações de um projeto. Aproveite o percurso para pensar sobre o que está instigando suas crianças e criar possibilidades para ampliar as brincadeiras e aprendizagens.
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