10 sugestões de materiais e brincadeiras para a hora do parque

10 sugestões de materiais e brincadeiras para a hora do parque

Existem brincadeiras de parque e BRINCADEIRAS DE PARQUE!
Quem não lembra do prazer e da alegria de brincar na praça e no parquinho da escola? Só de tocar no assunto nosso corpo é invadido por um conjunto de sensações: liberdade, exploração, desafio, criação, encontro com colegas, sol, vento…  e descobertas. Sim, este último ingrediente apimentava as brincadeiras e as nossas lembranças. Vivências,  novidades e interação com os colegas nos faziam pensar em possibilidades e mudavam o curso das brincadeiras, desafiando a elaboração de narrativas, a imaginação, o pensamento simbólico, a negociação, a criatividade, a resolução de problemas e as relações.

Por isso, quando dizemos “as crianças saíram para o parque e estão brincando e aprendendo”, é preciso pensar na qualidade das brincadeiras e, consequentemente, das aprendizagens.

Provocações (“e se a gente brincar de floresta, como ela seria?”; “e se a gente brincar que na rua da casinha tem outras casinhas, lojas, mercador, restaurantes… como seria essa brincadeira?”) e novos elementos e intervenções conferem complexidade à brincadeira. É a observação atenta do professor, que procura nos enredos inventados pelas crianças, modos de enriquecer a brincadeira.

Brincar todos os dias no mesmo parque é sempre divertido e importante para as crianças, mas, como escola, buscamos a complexidade e o aprofundamento das aprendizagens. Por mais que o parque seja em si um ambiente grande e repleto de possibilidades, novas provocações representam combustível para as brincadeiras.

Isso não quer dizer que temos que dirigir o brincar! Mas é preciso intervir com provocações. As crianças são movidas por novos desafios e têm a liberdade de aceitar ou recusar o “convite” deixado sutilmente pelo professor.

Preparamos um repertório de sugestões para apimentar a hora do parque. No momento em que o professor compreender os interesses e as demandas de sua turma, o céu é o limite para inventar!

                   

INTERVENÇÕES PARA A HORA DO PARQUE

1- Espaço transformado

Um tecido estendido no trepa-trepa, uma corda amarrada para dividir o espaço, uma cabana, algumas caixas e caixotes. A simples introdução de um destes elementos transformadores já é suficiente para modificar o espaço e as narrativas das brincadeiras.

cabanas de tecido no parque

2- Circuitos e labirintos

Preparar circuitos ou construí-los com a ajuda da turma. Pneus, bambolês, caixas firmes, cadeiras, bancos, cordas e garrafas pet cheias de água ou areia, podem marcar os espaços e desafiar o corpo a “pensar” para se deslocar. Em muitas instituições, existe um verdadeiro arsenal de objetos construídos pelos professores e pelas famílias para compor os circuitos: pontes, escadinhas, rampas, túneis, cubos vazados de canos de PVC ou de madeira. Estes materiais valem o investimento e o cuidado para armazenar.

cordas no parque

3- Grandes construções

Materiais volumosos e robustos podem provocar construções grandes e complexas: caixas de leite e de molho de tomate, recheadas com jornal amassado e revestidas com papel kraft, se transformam em tijolos. Pedaços de tábuas e chapas de madeira enriquecem as construções. Caixotes e caixas rígidas, embalagens cilíndricas de papelão utilizadas na indústria e grandes carreteis ampliam as possibilidades. O simples manuseio destes objetos convoca conjuntos musculares e percepção espacial raramente exercitados nas atividades realizadas em sala. Também desperta para a colaboração, uma vez que, para mover e transportar os objetos grandes, é preciso contar com a ajuda dos colegas.

construções no parque

4- Trilhas no chão

Usar o giz de lousa para riscar “ruas” e percursos no chão é uma alternativa à transformação do espaço. As linhas induzem os pequenos a usarem o espaço de diferentes maneiras, criando novos caminhos e aventuras. A fita crepe também pode ser usada para demarcar o chão.

brincadeira de pista

segurador de placaPode-se desenhar diferentes circuitos com as crianças, para que percorram andando, correndo e até com carrinhos, motocas e bicicletas. Para os maiores, as “ruas e construções da cidade” podem ter nomes. É interessante criar placas para nomear as ruas e os locais do faz de conta. Uma dica para afixar as placas é colá-las em cabos de vassoura ou galhos e enfiá-los  em garrafas pet cheias de areia. As placas podem ter desenhos, letras e até palavras, escritas pelo professor ou pelas crianças. Uma ótima oportunidade para trabalhar o letramento.

5- Brincadeiras que desafiam controle e equilíbrio

Atravessar o parque com cuidado para não derramar a água de um copo, caminhar segurando um prato com uma bolinha ou um livro na cabeça, são brincadeiras antigas e divertidas que convocam o controle do corpo e da mente. É possível combinar as brincadeiras de equilíbrio com as trilhas riscadas no chão.

6- Brincadeiras de caça ao tesouro e de encontrar objetos

As crianças se acostumam aos elementos do parque e, quando algo novo surge, percebem o que é diferente ou está “fora de lugar”. Que tal esconder objetos que não pertençam ao contexto do parque e pedir para a turma encontrar? Uma camiseta velha, um brinquedo da sala, uma revista, um desenho feito pelos pequenos, fotografias, sandalinhas, pelúcias, embalagens de xampu e outros cosméticos, vassouras, cobertas… pense no contexto da escola e invente suas próprias alternativas. Preparar algumas perguntas amplia o desafio: quem será que escondeu tudo isso? Por que esse material não deveria estar aqui? Por que deixaram esse objeto aqui? Como podemos brincar com isso? Onde esse objeto deve ser guardado?

7- Brincadeiras para os dias de sol e calor…

…para cuidar do espaço e brincar de faxinar: lavar os brinquedos do parque (balanços, escorregador, trepa-trepa, chão, paredes, motocas…) e os brinquedos utilizados no tanque de areia.

8- Para os dias de chuva…

…que tal colocar alguns recipientes na área externa para coletar a água da chuva? Vamos ver quanta água caiu do céu na bacia? Será que encheu o copinho? Que tal marcar o volume de água com uma caneta e comparar com outros dias de chuva? Este pode ser o início de uma investigação sobre o clima!

9- Ciências e brincadeira

balança improvisadaPesquisar o peso de diferentes objetos com cordas ou com uma balança improvisada. Investigar o que flutua e o que afunda em bacias e baldes com água. Descobrir a anatomia de flores, folhas, caules, frutos e sementes. A área externa, em especial os jardins, podem despertar investigações científicas. É só uma questão de intenção do professor para estar atento às novidades que a natureza oferece, chamar a atenção das crianças e convida-las a pesquisar: uma nova flor, uma semente encontrada no chão, a chegada de um inseto, uma lagartixa e a visita de um sapo. O professor pode provocar o interesse com perguntas e permitir que os pequenos continuem a investigação com autonomia. Depois, é só fazer uma documentação pedagógica das descobertas e propor desafios para continuar com as investigações.

10- Sons

megafone de papelAlgumas escolas têm parques sonoros instalados nas áreas externas. As crianças sempre dão uma passadinha para brincar e produzir sons. Mas é possível ampliar essa pesquisa buscando outras possibilidades sonoras. Qual o som dos tubos da estrutura do trepa-trepa? E do balaço? E do tronco da árvore? Colheres de pau e pedaços de cabo de vassoura podem fazer as vezes das baquetas.

A própria voz também promove investigação sonora. Que tal construir megafones com cartolina e sair gritando por aí? Os velhos “telefones” feitos com barbantes, mangueiras, copinhos e latinhas favorecem brincadeiras divertidas e interessantes.

TelefoneLata-300x225

Estas 10 sugestões demandam do professor diferentes níveis de intervenção e envolvimento na condução da proposta. É só uma questão de refletir sobre as informações colhidas nas brincadeiras das crianças e pensar em estratégias para contribuir.

Em geral, simples atitudes transformam e apimentam as brincadeiras, como levar uma boneca para a área externa pode atender os anseios da brincadeira de casinha. No CEI Aníbal Difrancia, SP, uma menina descobriu um pequeno buraco no chão de terra batida do parque. Intrigada, começou a cavar e inspirou outros colegas a aumentarem o buraco com as próprias mãos. No dia seguinte, a professora levou pazinhas e colheres para ajudar na escavação. Depois, notou que a brincadeira tomou novos rumos e o desafio passou a ser o transporte da terra arenosa para o tanque de areia que se encontrava vazio. Assim, a professora providenciou potinhos e baldinhos para ajudar na coleta. Hoje o buraco está imenso, é coberto com um palete para evitar acidentes no final da brincadeira, e é um novo “brinquedo” do parque.

O importante é compreender que as crianças aprendem brincando, mas a qualidade das brincadeiras tem influência direta na qualidade das aprendizagens.

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PARA SABER MAIS…

Leia mais sobre o brincar e a hora do parque nas postagens:

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