Ser aluno, ser professor: a construção do conhecimento pelo coordenador

Ser aluno, ser professor: a construção do conhecimento pelo coordenador

Tempo de Creche traz alguns apontamentos colhidos numa das aulas do curso ConversAção com Madalena Freire. Como trabalhar com os professores coordenando e construindo um grupo que estuda e discute sobre a prática? Essa é uma tarefa difícil para muitos coordenadores.

Reunião Pedagógica pb

O que o coordenador reclama dos professores da sua equipe se volta para ele próprio, porque ele é o professor dos seus professores. O que ele faz pelo seu grupo? Está escutando e encaminhando as demandas e questões de cada membro da equipe individualmente?

É papel do coordenador-professor exigir rigor e comprometimento. Isso não é ser autoritário! Faz parte do ensinar não espontaneísta, que registra o percurso, reflete sobre os registro e se planeja. Madalena diz que ser espontaneísta é ficar focado no “prazer” do aluno e não na construção de seu aprendizado.

Fazer a escuta do aluno é um ponto fundamental do processo de educar. Ao arrumar o terreno para trabalhar um conteúdo, é fundamental escutar o que cada professor já sabe sobre o assunto e dar oportunidade para que se posicione sobre o tema. Quando o coordenador-professor parte somente daquilo que ele sabe ou pensa a respeito de um conteúdo, não ocorre relação e diálogo! E não ocorre construção de conhecimento e formação.

Construir a aprendizagem a partir da escuta não é fácil. A memória da nossa história como alunos está entranhada e teima em ocupar o papel de modelo. Trazer à tona essa consciência nos leva a confrontar o que está na razão – uma visão mais atual e consistente de educação – com o que está na nossa natureza de alunos formados numa educação autoritária.

O planejamento, um dos recursos do professor, pode ser utilizado como autoridade do ensinar ou como autoritarismo para dominar um processo. Depende de como o professor o encara, quando imposto, o professor não estabelece uma relação democrática com o grupo.

Aprendemos naturalmente quando nos sentimos participantes e interessados. Mas para adquirir conhecimento é preciso socializar os saberes no coletivo, trocar e reelaborar o que está morno dentro de nós. É na ebulição de um grupo que tem como objetivo comum buscar o conhecimento, que ele se consolida. O espaço da aula sistematiza o conhecimento do grupo e promove o estudo.

Escola é para aprender a estudar. É modelo e prática de disciplina intelectual. Portanto, o papel do coordenador do grupo, mediador e regente do percurso, é fundamental para que não se caia no autoritarismo do abandono ou no espontaneísmo. Sem condução, o que sobressai é o domínio do aluno ou a farsa do democratismo da sala de aula.

O aluno não vê além porque ainda não tem o domínio do conhecimento e nem do processo pedagógico. A clareza sobre o processo pertence ao professor que vê mais à frente, percebe a luz do percurso e as possibilidades de trabalho na Zona Proximal de Desenvolvimento dos alunos.

Assim, a formação deve acompanhar o processo de cada aluno e do grupo como um todo: ritmo, socialização, tarefas, reflexão sobre a prática e a teoria. E também deve se centrar no espaço, no tempo e na frequência dos encontros formativos para criar uma história de estudo e aprendizagem.

PARA SABER MAIS…

Curso Madalena Freire e Joyce O curso ConversAção com Madalena Freire – grupo de estudos sobre o papel do registro na Formação do educador é uma realização Pedagogia Subjetividade, em São Paulo.

→ Leia mais sobre Madalena Freire e Registro nas postagens:

2 comments

O coordenador é o mediador de conhecimentos,cabe a cada professor se empenhar na sua prática e trocar as experiencias com seus colegas. Embora vemos muito individualismo.
Gostei do texto!

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