Registro e documentação pedagógica continuam a ser tópicos das formações e até das cobranças das Secretarias de Educação.
Na ótica das crianças, como reviver o que aconteceu de modo sistematizado? Como a criança pode retomar o que já experimentou e aprendeu para adquirir novos pontos de partida?
Do ponto de vista das famílias, que nem sempre podem acompanhar de perto as conquistas das crianças, é muito reconfortante poder contar com uma intimidade, uma proximidade daquilo que acontece com elas.
Na esfera administrativa e da prática pedagógica, o registro de atividades não é uma novidade na educação. No entanto, o REGISTRO tem uma dimensão imensa. Acompanhe…
Já abordamos alguns aspectos dos registros em diversos posts aqui no Tempo de Creche:
- Por quê fazer registro?
- Gisa Picosque fala da importância de fazer registros e sua arte
- Preparar atividades: o desafio de planejar o imprevisto
Mas vamos falar mais objetivamente: 7 caminhos que levam ao registro feito com alma!
Não adianta padronizar formato de registro, assim como não adianta pensar numa forma de anotar uma aula, cada um tem a sua. Tem pessoas que são mais formais e se encontram melhor numa organização mais estruturada. Tem aqueles mais visuais que precisam de imagens e se expressam melhor por meio delas.
E tem pessoas que são movidas pelas possibilidades criativas que o registro pode oferecer: utilizam figuras, cores, desenhos, anotações, colagens e muito mais.
E ainda existem aqueles que amam os cadernos com pautas, cadernos de desenho e os que gostam de registrar tudo em cartazes que podem ser colados na sala. Tudo é válido contanto que se conte uma história, se apresente um olhar e seja passível de submeter as memórias a uma reflexão.
Muitos coordenadores e educadores ficam absolutamente tensos e tolhidos com a função de policial investigativo que acreditam estar assumindo ao fazer os tais registros.
O registro pedagógico pode enfocar, por exemplo, como a maioria da turma respondeu à ação programada e quais crianças responderam muito diferentemente do esperado.
Selecionar algumas crianças (duas, por exemplo) para serem observadas mais de perto na situação proposta.
Como as situações devem ser repetidas na Educação Infantil, podemos observar e registrar algumas de cada vez!
Observar e levantar as propostas, as pesquisas e as descobertas das crianças para desenvolver novos projetos são destaques interessantes para serem anotados.
Outro aspecto que o próprio desenvolvimento do planejamento demanda é acompanhar a evolução de um pequeno que atravessa alguma situação especial ou está num processo de trabalho diferenciado do professor
Neste sentido, é importante a elaboração de uma pauta do olhar para orientar essa observação mais atenta e cuidadosa. (veja nota sobre Pauta do Olhar mais abaixo)
- Os registros podem ser editados para serem compartilhados! Liberte-se! Você não é obrigado a entregar o seu tesouro particular em forma bruta!
E ainda, isso não precisa ser um trabalho duplo de refazer tudo o que já foi feito.
Se for levar o relato para uma reunião entre professores, pode levar o próprio material ou copiar apenas o que for significativo para traduzir a situação e a reflexão. Da mesma forma quando direcionar as informações para os pais. Mas aí já está tudo quase pronto!
Segundo Mallaguzzi, fundador da proposta educativa de Reggio Emilia, as paredes de nossa pré-escola falam e documentam. O que se coloca nos murais deve contar uma história daquilo que acontece. Será que colocar os trabalhos sem critério já é suficiente para comunicar todo o universo de situações trabalhadas naquela atividade? Que tal juntar o registro da professora ou algumas fotos que transmitem a narrativa? Colocar junto os trabalhos em que as crianças encaminharam um tipo de pesquisa diferenciada, também pode ser interessante.
Fotos, relatos, esquemas do professor, materiais utilizados, tudo isso colocado no mural representa a memória e o registro da ação. [veja o que foi comentado no item 1…]
Compartilhado com as crianças provoca discussões e as encoraja a pensar sobre suas próprias experiências e descobertas.
Acessível às famílias, as aproxima de suas crianças e dos conteúdos trabalhados, estabelecendo até parcerias. Estas informações constroem, no sentido de instruir os familiares a respeito dos conteúdos do desenvolvimento infantil (passam a valorizar, por exemplo, as garatujas quando compreendem o processo de evolução do desenho).
Alivia tensões com cobranças de conteúdos “escolarizados” uma vez que pais e responsáveis percebem que a infância é o foco da instituição e é o que vem sendo trabalhado.
Desenvolve e qualifica o trabalho pedagógico desenvolvido na Educação Infantil da instituição. Quando compartilhados entre os educadores, os registros promovem novas reflexões, não mais solitárias, mas coletivas. Promovem trocas e ampliação de experiências e podem até afetar a gestão institucional quando as questões têm reflexos nos tempos, espaços e pessoas das creches.
- A reunião dos registros, trocas e reflexões do ano/semestre serão os ingredientes para a preparação do relatório para os pais.
Com a alma do trabalho pedagógico em mãos: as demandas das crianças, as pesquisas, as descobertas e as reflexões do educador, planejar um novo semestre ou o novo projeto fica sendo uma consequência do trabalho desenvolvido – e não mais “o que vou inventar para o próximo planejamento?”
Pauta do Olhar é ter um roteiro de olhar para acompanhar o desenvolvimento das propostas. É um olhar que reconhece a intenção pedagógica do que foi proposto, com a generosidade de acolher o inesperado.
Por exemplo, se estivéssemos vendo fotos de registro de uma atividade do seu grupo, para exercitar a Pauta do Olhar, poderíamos perguntar:
- O que vemos nas fotos?
- Qual foi o objetivo da sua proposta?
- Qual era a sua intenção?
- Como olhou as crianças durante a atividade e a brincadeira?
- Qual o movimento do grupo? O que estavam fazendo? Como?
- Quem (qual criança) instigou? Quem propôs? Quem “atropelou”? Quem cooperou? Quem incluiu o outro?
- O que foi feito ou poderá ser realizado para enriquecer a pesquisa que as crianças iniciaram? Quais materiais foram ou poderão ser apresentados? A organização do espaço favoreceu? Qual o tempo mais adequado?
Esse exercício está sendo sugerido para uma ação que já passou. A Pauta do Olhar, como recurso pedagógico do educador, ocorre no desenrolar da situação. Assim, quando as atividades estão se desenvolvendo o OLHAR ROTEIRIZADO do professor está acontecendo e, este roteiro, além de contribuir com o sucesso da proposta, também facilitará o registro, a reflexão e a avaliação.
Leia também Um roteiro para começar registro e planejamento – parte 1 e parte 2
Obrigada por compartilhar!!!! Ideias muito boas para ativar ainda mais a curiosidade e imaginação.
Adriana,
Obrigada pelo retorno
Abraços!
Muito legal essa definição e reflexão sobre o registro. Gosto muito de ter esse tipo de registro em meu trabalho, mas uso muito o meu instinto/sentimento do que está acontecendo para não deixar perder o momento, as vezes acontecem várias coisas ao mesmo tempo, por isso sinto dificuldade em escolher um tempo para cada criança, pois posso deixar escapar algo.Isso me fez pensar em ter mais de uma pessoa registrando, apesar do olhar de cada um levar em consideração seus próprios objetivos(vou conversar com a equipe e refletir melhor sobre isso; talvez possamos revesar, um dia olho uma criança especifica e outro o grupo, assim solicito a equipe fazer o meu inverso) Esses pequenos detalhes que enriquecem nosso trabalho como professor, realmente as crianças se amam ver assim como seus pares, e isso não serve de avaliação nossa ,mas deles também, fortalecendo nossa própria avaliação tendo os olhares dos pequeninos.
Excelente, gostaria e ficaria muito grata se recebesse essas publicacões no meu e-mail [email protected]
Tania,
Obrigada pelo comentário.
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Abraços!
Sinto falta da assinatura em seus posts
Olá Alessandra!
Esta postagem foi escrita por mim, Joyce M. Rosset.
Abraços
Muito bom… parabéns!
Obrigada, Jerusa! Partilhe conosco suas experiências!
Abraços
Sensacional este posta…vai nos ajudar muito em nossos CEIS, vamos passar para nossas diretoras, coordenadoras e educadoras
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