Território do Brincar – num filme de brincadeiras, dicas para brincar com os olhos e o coração!
Na abertura da mostra de cinema com foco na infância, Ciranda de Filmes 2015, pudemos conhecer o Território do Brincar de Renata Meirelles e David Reeks. Uma poesia cinematográfica que atiça os diversos sentidos dos entusiastas da infância. Com fotografia precisa e encantadora, os olhos se enchem de beleza. A edição sensível conversa com a nossa memória e a trilha sonora sedutora do Grupo Uakti embala uma viagem para outros mundos e para o nosso próprio.
O filme vale ser visto e discutido em encontros de educadores e numa conversa de colegas no final de semana.
Entre as dezenas de brincadeiras mostradas pelas crianças filmadas por todo o Brasil, pudemos destacar três adequadas e desafiadoras para o universo da Educação Infantil.
Patrícia Durães fala da importância do cinema na formação
A diretora do Grupo Espaço de Cinema e uma das curadoras do Ciranda de Filmes, Patrícia Durães reconhece nos filmes uma experiência que sensibiliza, mobiliza e transforma. Em seu convívio com educadores tem a certeza de que a proposta de um mergulho cultural através do cinema é de uma força e riqueza infinita. Patrícia contou um pouco desta experiência para o Tempo de Creche.
Tempo de Creche – Qual a importância do cinema para a vida do professor?
Patrícia – A experiência cinematográfica provoca o pensar e desenvolve uma competência para ver e ler o mundo. O cinema é uma expressão artística e como arte, encanta, sensibiliza, mobiliza e transforma. O filme por si só lança o espectador dentro de realidades complexas, dramáticas, poéticas e o faz retornar modificado, com um novo olhar para a sua própria realidade. A arte, o lúdico e o conhecimento estão sempre juntos, é aí que está a força na relação cinema e educação.
O universo infantil em filmes
Acontece entre os dias 21 e 24 de maio, em São Paulo, a 2ª edição do Ciranda de Filmes. Além de exibir gratuitamente produções cinematográficas do universo infantil, nacionais e estrangeiras, o evento patrocinado pelo Instituto Península e pelo Instituto Alana, promoverá rodas de conversa, vivências lúdicas e oficinas cinematográficas, em um espaço de troca de conhecimento e aprendizado coletivo que tem como ponto de partida a linguagem do cinema. Toda a programação desse ano tem três temas como fio condutor: famílias, relação criança e natureza e protagonismo infantil.
Filmes
Para a edição 2015, entre os 50 filmes selecionados, estão:
Neste ano, a Ciranda irá homenagear alguns mestres brasileiros fundamentais para o enriquecimento cultural do país que faleceram em 2014, apresentando:
Sentir prá Ver: gêneros da pintura na Pinacoteca de São Paulo
A exposição Sentir prá Ver, inaugurada em Abril no Memorial da Inclusão, em São Paulo, coordenada por Amanda Tojal, traz 14 reproduções fotográficas de obras de arte do acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo que possibilitam uma interatividade ampla entre público e o objeto artístico.
Sentir prá Ver possibilita e estimula a percepção de pinturas não somente por meio da visão, mas também por outros sentidos como o tátil, o auditivo, o olfativo e o sinestésico, de diferentes temas abordados nas artes plásticas, como retrato, natureza-morta, cenas, paisagens, marinhas e abstração. Ao propor esta nova estratégia de mediação, a exposição inclui uma série de recursos de apoio multissensoriais, por meio de reproduções táteis de obras de arte, em baixo relevo e, também, na forma tridimensional, jogos associativos, textos investigativos em dupla leitura e audiodescrição.
Para Amanda Tojal, há diversas formas de representação artística, como a arte conceitual, a arte contemplativa e também a arte mais interativa, que estimula uma participação e exploração mais direta das obras de arte com as pessoas.
Exposição Arte com Dinossauros – Rio de Janeiro
O Museu Nacional, no Rio de Janeiro, exibe uma exposição de arte paleontológica: Arte com Dinossauros. Tema muito presente no universo da primeira infância, a exposição pode ampliar os projetos trabalhados com a turma.
Vamos conhecer e brincar com a música indígena brasileira?
As pesquisadoras e musicistas, Magda Pucci e Berenice de Almeida, fizeram uma expedição sonora em oito comunidades indígenas brasileiras. No livro A Floresta Canta! – Uma expedição sonora por terras indígenas do Brasil publicado pela Editora Peirópolis, elas contam a partir dos registros em seus diários, as tradições culturais destas comunidades e a linguagem utilizada para transformar elementos da natureza música.
Muitas dos hábitos, palavra e alimentos que hoje fazem parte do dia a dia de todos nós tem sua origem nas culturas indígenas.
- Por que tomamos banho diariamente? Os portugueses quando chegaram ao Brasil não tinham o habito do banho diário, os indígenas tinham.
- Por que gostamos de nos deitar em redes? Podem imaginar?
- O que quer dizer carioca?
No livro tem outras palavras, nomes de alimentos, locais e hábitos que tem sua origem nas raízes indígenas.
Rosa Iavelberg: o processo de aprendizagem do desenho na infância
Rosa Iavelberg, educadora, autora do livro Desenho na Educação Infantil fala sobre o novo olhar para o processo de aprendizagem do desenho na infância.
Rosa, são muito difundidos os estudos sobre as fases do processo de desenho na infância. Há um novo olhar para este processo?
Desenhar não é uma questão de dom. O desenho praticado desde a Educação Infantil pode abrir um mundo novo de experiências simbólicas que expandem a imaginação, a expressão e a capacidade criadora.
O que move a criança a desenhar é sua interação com os próprios desenhos e a sua diversidade presente nos ambientes. Hoje não se compreende mais o desenho da criança passando por fases de desenvolvimento de modo espontâneo e sim, que todos os alunos podem aprender a desenhar com orientação didática adequada sem ter medo de criar.
“É preciso olhar o mundo com olhos de criança”. Henri Matisse
O Núcleo de Ação Educativa da Pinacoteca de São Paulo inaugurou no último domingo, 25/01/15, um novo espaço voltado para ações educativas. Estudado e construído com um olhar multiuso, o Espaço NAE possibilita atividades poéticas do educativo do museu com o público em geral, inclusive o infantil e também encontra/se voltado para a formação de educadores. A inauguração do Espaço NAE contou com a participação de Luiz Guilherme Vergara, educador, curador e atualmente diretor do Museu de Arte Contemporânea de Niterói e dos conectores platônicos: artistas educadores do MAC que desenvolveram atividades de reflexão sobre as possibilidades educativas dos espaços culturais.
Durante o encontro, Vergara abordou o desafio do trabalho dos educadores diante dos movimentos de sentir para perceber, correlacionando o mundo das ideias e possibilidades à necessidade do momento. Ao trabalhar com um paralelepipedo, ele propos aos participantes sentirem as “mil palavras contidas nesta pedra filosofal”. Esta proposta nos incentiva a pensar como em cada objeto existem múltiplos significados e como cada palavra pode nos levar a mil pensamentos. Esta multiplicidade de sentidos se dá para cada um de nós, mas também em somatória, ou seja, para todos nós! Assim proporciona um exercício de construção coletiva de sentidos.
Datas Comemorativas: muito além das festas!
DATAS COMEMORATIVAS: todo início do ano, na reunião de Planejamento e elaboração de Calendário, esse assunto é tema de debate.
Cada integrante da equipe pedagógica tem sua bagagem cultural e uma forma de ver essa questão:
Festa Junina é básico! Tem festa que pode captar recursos, tem oportunidade para realizar “apresentações” para as famílias e tem motivo de sobra para desenvolver projetos de decoração.
Ah, mas o Dia do Índio também é importante para trabalhar a cultura brasileira… e as crianças podem ficar tão lindas com cocares, pinturas no rosto e adereços!
E o Halloween? Tão difundido nos centros urbanos brasileiros! Rende tanta decoração, brincadeira de terror!
Os motivos para defender cada situação não faltam. Os educadores podem encher folhas de projetos com propostas interessantes.
Mas quem pensou essa questão do o ponto de vista da criança pequena?
O que significa para ela uma festa de bruxa que tem que ser comemorada no dia 31 de outubro?
Tânia Fukelmann Landau fala da importância das manifestações culturais na formação da criança
Num texto interessante e apetitoso, Tânia Fukelmann Landau, pedagoga e especialista em Educação Lúdica, fala ao Tempo de Creche, reconhecendo a importância das tradições culturais na primeira infância uma vez que a sociedade em que ela se desenvolve é determinante para a sua formação. Destaca também a produção de cultura da criança, com a valorização e reconhecimento dos conteúdos produzidos por parte de quem educa.
Tempo de Creche – Neste período em que planejamos o calendário do ano, como você vê as manifestações culturais e a educação para a primeira infância?
Tânia – Mesmo antes de nascer o bebê já está imerso em uma cultura. Algumas mães cultivam a prática de acariciar a barriga, outras conversam com seus filhos e cantam para eles ainda escondidinhos no seu ventre. Dedicam um tempo pessoal para prepararem o quarto, o enxoval com as roupas e imaginam como será o pequeno. Listam possíveis nomes e se inspiram em diversas fontes nestas alternativas. Fato é que isto tudo pode parecer natural, no entanto não é bem assim. Todas estas escolhas estão ancoradas em hábitos e práticas de determinados ambientes sociais. Estas são formas que conhecemos de preparo humano para a chegada dos descendentes, mas não são as únicas. No documentário Bebés gravado pelo cineasta francês Thomás Balmès podemos testemunhar como mães de diferentes lugares cuidam de formas diversas de sua prole durante o primeiro ano de vida. Podemos afirmar que as crianças, por serem introduzidas nestas diversas práticas culturais, desde muito cedo, podem desenvolver um sentimento de pertencimento e identidade. Este já seria um bom motivo para pensarmos nas manifestações culturais que estarão presentes na escola da primeira infância, considerando que, adotá-las é sempre uma escolha ancorada nas nossas crenças, convicções, ideais, rupturas e tradições.