Percorremos uma jornada de formação na faculdade. Atualizamos nossos conhecimentos por meio de cursos e palestras. Compramos alguns livros e lemos artigos em revistas especializadas e na internet… ainda assim parece que falta algo! Parece que nada disso dialoga com a prática! O que acontece?
Atualmente, a formação do professor é considerada uma disciplina de estudo especializado e uma área de pesquisa estratégica. Diversos países investem nesse tema porque julgam ser prioritário pensar sobre a qualidade do ensino praticado pelos professores ao longo de suas carreiras.
O que isso quer dizer exatamente?
Para qualquer profissional cuja carreira dependa das habilidades intelectuais, é fundamental que a formação se estenda por toda a vida.
Até aí, nada de novo.
O que tem despontado nas pesquisas a respeito da formação continuada do professor, é a importância da REFLEXÃO como estratégia de auto-formação.
É crença de diversos estudiosos e especialistas que a formação do professor se completa com a sua prática. Isso quer dizer que sem colocar a mão na massa não há formação que dê conta de preparar um professor para um trabalho qualificado.
O educador americano Herbert Kohl diz que a não ser que os professores assumam a responsabilidade de testar e elaborar teorias de educação, as teorias serão sempre feitas (e impostas!) pelos outros.
Então não é só frequentar uma faculdade, estudar, obter a graduação e, com a experiência prática, conquistar a satisfação de reconhecer-se como um bom professor?
Mais uma vez, não!
É nesse sentido que os pesquisadores têm apontado e necessidade de uma etapa formativa da carreira que NUNCA TERMINA: o exercício constante da reflexão sobre a própria prática.
Paulo Freire foi um defensor da reflexão crítica sobre a prática pedagógica. Para ele, (…) é pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática. (FREIRE, 1996, p.43).
O australiano John Smyth (1989) propôs um percurso de reflexão para professores dividido em 4 etapas:
- Descrever o que foi feito na prática
- Informar sobre o que foi feito e o que significou a prática
- Confrontar-se com as bases (crenças e teorias) que estruturaram sua prática
- Reconstruir a prática
Mas temos tantas coisas para fazer: planejar, organizar a proposta, colocar em prática, registrar, fazer relatórios, falar com as famílias, arrumar a sala… ufa! E ainda refletir?
A questão é que ao refletir – aqueles minutos em que revisitamos os registros e os acontecimentos – é que a prática vai fazendo sentido, se tornando intencional, adequada ao contexto e qualificada.
Assim, a reflexão complementa a formação do professor e integra o processo formativo que começou na faculdade. Ao refletir diariamente, professores e coordenadores colocam-se em permanente processo de formação.
Contudo, refletir é tarefa fácil?
Para ajudar a responder, pense numa situação comum de discussão e conflito que você tenha vivido. Passada a tensão, é difícil olhar para dentro de si, repassar os acontecimentos e, com abertura e humildade pensar: será que a razão esteve comigo todo o tempo? Será que eu poderia ter agido de outro modo? É duro se encontrar com as próprias fragilidades.
Na verdade, grande parte de nós não aprendeu a refletir. Aprendemos, sim, a absorver informações sem crítica e, consequentemente, a autocrítica não foi valorizada e praticada.
Para ajudar a construir um modo próprio de refletir, preparamos um percurso baseado nos estudos de John Smyth. São perguntas para o professor repensar sua atuação e buscar modelos de ensino para atuar com competência profissional, de forma colaborativa com seus colegas de equipe e, desse modo, contribuir para a melhoria da educação de suas crianças e da escola como um todo. Segundo o pesquisador espanhol Carlos Marcelo Garcia, isso é evoluir cognitiva, pessoal e moralmente, conectando teoria e prática e adquirindo competência para promover aprendizagens significativas nas crianças.
♦♦♦♦♦♦♦♦♦♦♦♦
PARA SABER MAIS…
→ Bibliografia consultada:
Paulo Freire – Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa, 1996.
Carlos Marcelo Garcia – Formação de Professores – Para uma Mudança Educativa, 1999
John Smyth – Developing and Sustaining Critical Reflection in Teacher Education,- Education and Culture: Vol. 09 : Iss. 1 , Article 2, 1989
→ Leia mais sobre formação nas postagens:
ENCONTREI ESTE SITE POR ACASO E ESTOU ME APAIXONANDO POR EL, FAZ REFLETIR E REPENSAR MINHA PRATICA E MEU OLHAR EM RELAÇÃO A MINHA TURMINHA, E SOBRE A BASE, ESTOU COMEÇANDO A ENTENDER MELHOR O QUE SÃO OS CAMPOS DE EXPERIENCIAS.
Refletir, autocrítica é igual a meditação, necessita de prática. Todavia, para fazer a autocrítica reflexiva da sua própria prática é importante ter um bom fundamento teórico confrontando os temas. As experiências em sala de aula pode se repetir ou não e, além do mais, cada indivíduo (criança) é única. A prática da docência, conjuntamente, com o saber docente é o campo de pesquisa do professor.