Educadores de educação infantil geralmente sofrem da ansiedade de buscar rotineiramente atividades diversificadas. E não se trata de buscar a ampliação das pesquisas que as crianças fazem. Trata-se de inovar os formatos das propostas para buscar novos processos e resultados.
Realmente, as surpresas movem as crianças porque intrigam, despertam o interesse e as descobertas. Mas, para movê-las nesse sentido, não é necessário inventar novidades a todo o momento.
Quando se envolvem numa proposta, as crianças entram de corpo, alma e criação. A cada momento esta combinação de forças se traduz numa aventura de brincar diferente. A famosa frase “criança inventa cada coisa” tem seu sentido verdadeiro porque realmente criança está sempre inventando e se inventando. Pensando assim, repetir as atividades traz novas dimensões para aquilo que já foi vivido.
Então, é perceber aquilo que capta o interesse e ir propondo muitas e muitas vezes?
NÃO. Porque o educador pode, ao apresentar as mesmas propostas, levantar as descobertas e interesses das crianças e perceber possibilidades para aprofundar questões e desenvolver projetos.
A resposta é NÃO no sentido de que o mesmo pode não ser exatamente o mesmo. O professor pode, a partir do que lê de seus pequenos, ir apresentando novos desafios e alterando detalhes da atividade para que as pesquisas se renovem.
Mas a resposta é também SIM. A repetição traz aprofundamento, desenvolvimento de habilidades e capacidades e novos mergulhos na brincadeira e no faz de conta.
Por exemplo, o desenho, que caracteriza uma referência do trabalho com a infância, segundo Lowenfeld (e outros estudiosos como Piaget, Vygotsky e Luquet – veja PARA SABER MAIS no final), passa por etapas que só serão conquistadas com o fazer e a prática. A criança inicia o processo de desenhar fazendo garatujas ou rabiscos de forma desordenada. Em seguida, os rabiscos vão se ordenando. A prática desse rabiscar encaminha a criança para fazer formas. As formas vão gerando as figuras humanas que são constituídas basicamente por cabeças redondas e membros que se originam dela. Essas figuras, ao longo das repetições, vão adquirindo mais detalhes e o desenho passa a evoluir na composição também.
Então é desenhar, desenhar e desenhar!
Assim como deve ser brincar com areia: infinitamente! Ter liberdade no pátio, ouvir as mesmas (e novas!) histórias, fazer bolhas de sabão, massinhas … etc.! etc.! etc.!
É temperar novidade com repetição. E, se refletirmos bem lá no fundo, a vida também é feita com esse sabor.
Lowenfeld, Piaget, Vygotsky e Luquet, estudiosos do grafismo infantil, sem exceção, reconheceram a existência de determinadas fases, etapas ou períodos que são comuns aos sujeitos em processo de apropriação do desenho enquanto sistema de representação, conforme destacado por Marlene Coelho Alexandroff em Os caminhos paralelos do desenvolvimento do desenho e da escrita do Instituto Sedes Sapientiae – publicado pelos Periódicos Eletrônicos em Psicologia.