Crianças não separam emoções e sensações nas suas vivências. Crianças experimentam o mundo por inteiro … com o corpo todo e a mente. Todas as dimensões participam do que propomos a elas, por isso, ao planejarmos momentos de desenho, movimentos do corpo e música, o que de fato estamos provocando? Temos consciência do conjunto de sensações, emoções e criações que estamos despertando?
Nesse sentido, alguns estudiosos têm pesquisado a abrangência do envolvimento das pessoas com as Artes e algumas conclusões podem contribuir com as práticas da Educação. Um foco desses estudos pesquisa a conexão entre desenho, pintura e as expressões do corpo.
Que relações existem entre o corpo que se movimenta e dança ao som da música e o corpo que risca e pinta sobre um suporte?
→ Vamos pensar nas expressões do corpo:
O corpo que se movimenta criativamente ao som de uma música, quase que flutua. Se pensarmos bem, a dança ou movimentos expressivos, buscam dar ao corpo um estado de leveza. Ao dançar fazemos gestos que marcam o espaço e lutam contra a força da gravidade.
→ Vamos pensar no corpo que desenha:
O pintor e o desenhista também usam seu corpo na ação de marcar os suportes. Segundo o filósofo francês contemporâneo Merleau-Ponty, emprestando seu corpo ao mundo é que o pintor transforma o mundo em pintura, (…) num entrelaçado de visão e movimento.
Assim, podemos compreender o que inspirou os estudiosos a pensarem no corpo empenhado na operação de pintar e desenhar e, no sentido inverso, os gestos da pintura e do desenho expressando movimentos corporais poéticos.
É comum observar crianças pequenas se debruçarem, se remexerem e ocuparem espaços amplos ao desenhar. Nesses momentos, todo o corpo da criança desenha.
Seguindo por esse caminho, o artista plástico italiano Alessandro Lumare e a coreógrafa Simona Lobefato criaram o estúdio Segni Mossi para aprofundar a experimentação e desenvolver um trabalho de formação artística para crianças e educadores. O eixo do estúdio é a relações entre a dança e as marcas gráficas do desenho. Essa postagem precisaria de movimento e música para transmitir as dimensões do trabalho inovador que esse estúdio desenvolve, mas é possível conhecer alguns trabalhos dos artistas em filmes no YouTube .
Em São Paulo, o Instituto Avisa lá realiza um trabalho formativo no CEI Shangri-la, que inclui experiências com a dança-desenho. No dia em que visitamos a creche conhecemos algumas propostas que colocam a intenção do professor na conexão das múltiplas artes.
Na sala multisseriada, com crianças de 2 e 3 anos, as professoras Rosilene e Adriana prepararam o ambiente colocando tecidos que encobriam estantes e outros móveis, conferindo organização estética ao espaço. Fixaram grandes folhas de papel kraft numa parede, no chão e em algumas mesas tombadas, para provocar o desenho em diferentes planos. Prepararam canetões e lápis dispostos estrategicamente no chão, sobre os papeis. Alguns lápis foram reunidos com fita crepe formando riscadores coloridos e de pega grossa. Lenços, pequenos pedaços de tecido e uma música instrumental completaram a preparação do ambiente. A professora sentou com as crianças na entrada da sala, retomou alguns combinados e convidou a turma a sentir a música e desenhar. Alguns pequenos dançaram fazendo os tecidos voarem, outros pegaram os riscadores e começaram a desenhar. A professora observava. Quando percebia que um grupo estava próximo, sugeria novas experiências fazendo movimentos e brincando. Ao rolar encostada na parede, riscava o grande papel kraft lá fixado. Mais tarde, colocou um canetão entre os dedos do próprio pé e desenhou. Trouxe um banco e, debruçada sobre ele, riscou o papel do chão. Em todas as situações a professora inspirou grupos de crianças sem precisar falar nada. Os pequenos imitavam e depois criavam seus modos. A turma apreciou a música, movimentou o corpo expressivamente e marcou os papeis de diversas formas. Tudo com muita brincadeira e energia criativa.
No solário da sala da turma de 3 anos, as professoras Maria Cristina e Fernanda amarraram dois grandes pedaços de tecido numa ripa do teto formando uma espécie de balanço. Fixaram no chão folhas de papel branco e colorido sob um dos balanços e um pedaço de plástico sob o outro. Com canetas do tipo marcador de CD, duas crianças deitaram de bruços nos balanços de tecido. Ao som de uma música e balançadas pelas professoras, riscavam os suportes acompanhando os movimentos do corpo. Quem assistia a cena percebia a entrega completa ao momento e aos gestos. Depois de satisfeitas, outras duas crianças ocupavam o lugar.
Desenhar dançando ou dançar desenhando não parece estranho quando observamos as crianças participando dessas propostas. A naturalidade em experimentar e vencer os desafios amplia a vontade de criar soluções e inventar brincadeiras. Cada vez que o ambiente organizado e as notas musicais envolvem os pequenos, fazem explodir movimentos expressivos e marcas do desenho, nesse contexto a criança se percebe, se gosta e se desenvolve.
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Equipe do CEI Shangri-la:
– Benedita Machado de Mello (Benê) – diretora
– Katia Girlene Silva Leite Farias – coordenadora
– Professoras Rosilene Amorim dos Santos Pereira e Adriana Aparecida Rangel – grupo multisseriado, com crianças de 2 e 3 anos
– Professoras Maria Cristiana Leite de Brito Farias e Fernanda Miranda Gomes Muniz – turma de 3/4 anos
Gostei da ideia de fazer este curso pra abrir um pouco mais a mente já q na quarentena estamos nos preparando para a volta
Estas dicas açâo importante pra desenvolver a motricidade da cças
Como rotina na creche temos sempre um.plano de aula, decoração, roda de conversa, músicas alusivas, hora da higienização. se se preparar para se alimentar, conversamos sobre a importância do alimento para o nosso crescimento
Lucianaaparecidasantos
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Eu gostei já fiz este tipo de atividades com música. As crianças adoram e se soltam bastante