DATAS COMEMORATIVAS: todo início do ano, na reunião de Planejamento e elaboração de Calendário, esse assunto é tema de debate.
Cada integrante da equipe pedagógica tem sua bagagem cultural e uma forma de ver essa questão:
Festa Junina é básico! Tem festa que pode captar recursos, tem oportunidade para realizar “apresentações” para as famílias e tem motivo de sobra para desenvolver projetos de decoração.
Ah, mas o Dia do Índio também é importante para trabalhar a cultura brasileira… e as crianças podem ficar tão lindas com cocares, pinturas no rosto e adereços!
E o Halloween? Tão difundido nos centros urbanos brasileiros! Rende tanta decoração, brincadeira de terror!
Os motivos para defender cada situação não faltam. Os educadores podem encher folhas de projetos com propostas interessantes.
Mas quem pensou essa questão do o ponto de vista da criança pequena?
O que significa para ela uma festa de bruxa que tem que ser comemorada no dia 31 de outubro?
Trabalhar com bruxas, monstros, sacis, cucas e curupiras é divertido! É lúdico e ainda elabora questões relacionadas ao medo. Mas é uma pesquisa das crianças em questão? Houve alguma situação em que as crianças despertaram para o tema? Se essa pesquisa começou em setembro ou outubro e isso virou um projeto, então a comemoração das bruxas e monstros faz sentido. Bruxas e monstros… não Halloween!
Dia das mães é outra data que está no piloto automático de muitas instituições.
Já se perguntaram se todas as crianças que provavelmente farão uma lembrancinha para a data, tem uma mãe em casa para entregar o presente? O que significa dizer para uma criança de 2 anos, por exemplo, que “no próximo domingo é Dia das Mães”? Será que na cabeça dos pequenos, todos os dias não são da “mamãe” e do “papai” e da “vovó”…? É de se pensar, não?
Então que tal buscar outras possibilidades e significados?
Talvez comemorar as “mulheres cuidadoras” das famílias, levantando quem são, trazendo fotos para serem compartilhadas com a turminha, pedindo que mandem historias sobre o que fazem e até convidando-as para virem, uma a uma, fazer alguma atividade com as crianças (contar uma história, ensinar suas brincadeiras de criança, mostrar seus crochês, fazer biscoitos…).
A outra ponta dessa questão é o enriquecimento cultural que faz sentido às crianças e que respeita a diversidade da comunidade à qual pertencem. É pensar em termos de cultura e não de mercado de consumo e comemorações importadas que são desprovidas dos saberes locais.
Quais são os eventos culturais que possuem conteúdos que ampliam saberes? Que tenham significados que podem ser compartilhados por todos: crianças, pais e educadores?
Quais são os rituais com conteúdos culturais praticados e valorizados pela comunidade?
Festas Juninas são um exemplo de ritual de celebração que pode mergulhar a creche em assuntos significativos. Elas tem o potencial de ampliar saberes e vivências culturais se não forem reduzidas a colorir desenhos xerocados de caipirinhas, enfeitar espaços com alegorias confeccionadas pelas professoras (para ficar tudo “lindinho”) e treinar (de treinamento mesmo!) as crianças para uma dança que elas não entendem o porquê!
Outra comemoração tradicional, celebrada há 400 anos no Brasil, é a Festa do Divino. Trazida pelos jesuítas para ensinar e converter os povos indígenas e africanos ao catolicismo. Hoje é uma festa tradicional do folclore sem caráter religioso. Nela, há diversos personagens e as crianças podem estar vestidas de anjo, imperador, imperatriz (com a coroação dos representantes dos povos africanos), mordomo da bandeira, mordomo da vela… e todos fazem uma procissão para celebrar o divino espírito santo. O cateretê e a congada são danças que fazem parte da comemoração. É comum vivenciar essa festa sete semanas após a Páscoa (em Pentecostes), nos estados de Goiás, Maranhão, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Bahia.
Então, reunir a equipe para pensar abertamente sobre as datas comemorativas é um caminho para elaborar um calendário mais afinado com a cultura da infância do nosso país. Sugerimos algumas questões para ajudar nas reflexões:
- A data comemorativa possibilita o desenvolvimento de propostas em que as crianças compreendem os conteúdos à sua maneira? Podem conversar sobre eles, se expressando nas linguagens da arte (música, dança, jogo simbólico e artes visuais), pensando e criando?
- O contexto da comemoração é relevante para o desenvolvimento infantil?
- A comemoração em questão respeita e valoriza as tradições culturais da comunidade, das crianças e das famílias?
- Os conteúdos possibilitam aprendizados, ampliação do repertório cultural e artístico, pesquisas e vivências?
- As famílias podem participar ativamente e não apenas como expectadoras (!) da comemoração? Contribuem com seus saberes, tradições e até mesmo com trabalho voluntário, para construir e consolidar vínculos? Que tal fazer uma pesquisa sobre os saberes das famílias logo no início do ano, na ficha que os pais costumam preencher?(Leia como na postagem: Anamnese Cultural das famílias: identidade e afeto )
A partir das reflexões que brotarão das discussões com a equipe, as escolhas da creche vão acontecer com mais consistência e, de quebra, com percurso para antecipar um planejamento. Apertem os cintos …. e boa viagem cultural!
Para conhecer a opinião de outras educadoras, leia: Ana Helena fala sobre datas comemorativas na creche Tânia Fulkemann Landau fala da importância das festas comeorativas na Educaçõa Infantil. Para conhecer propostas relacionadas as datas comemorativas culturais, veja os posts: Passeando pela cultura, descobrindo a festa junina Brincando com a cultura indígena Vamos conhecer e brincar com a música indígena brasileira
Boa tarde! Venho por meio desta, em nome da equipe ” Caminho de Damasco” agradecer pela atenção.
Gostaria de informar que enviamos algumas das nossas experiências, conforme fora solicitada anteriormente.
À sua apreciação se o momento for oportuno.
Abraço!
Laurinete Lopes.
Oi, Laurinete e equipe
Agradecemos seu retorno! Recebemos seu material e entraremos em contato para qualquer esclarecimento. Abraço!
Meu nome é: Laurinete Lopes,sou coordenadora pedagógica do CEI Nova Era I, estou encantada com a linha de pensamento de vocês.Meu grande incentivo partiu da diretora e gestora da Instituição a qual eu trabalho, e, portanto não parei mais de pesquisar desde julho de 2014.
Parabéns!!!!!
Laurinete,
Muito obrigada pelo seu retorno e pelos elogios!
Por favor, fique à vontade para visitar, copiar os conteúdos, aplicar, compartilhar suas experiências e trazer suas dúvidas.
Um grande abraço!
Boa tarde! eu só tenho agradecer a vocês, pois têm me ajudado bastante. Obrigada! e tenham um bom final de semana!
Laurinete
Laurinete,
Obrigada pelo retorno e que ótimo podermos contribuir! Mande para a gente as suas experiências. Bom domingo para você também!
Abraços