Vínculo na Educação Infantil
Outro dia recebemos o pedido de socorro de uma professora de crianças de 2 anos que, segundo ela nada atrai o grupo que briga e se bate.
Bom, vamos começar do começo!
Começo do ano, começo do trabalho em grupo, começo da construção do conhecimento… Período em que o educador necessita concentrar suas energias para dois focos essenciais de seu trabalho:
Destacamos então um trecho de pesquisa e uma das Orientações Curriculares de 2007, da Secretaria de São Paulo, que abordam essa temática, para começar a pensar:
“Nas instituições de educação infantil, um parceiro muito importante é o professor, que tem que responder à especificidade das necessidades de crianças tão pequenas e atuar como um mediador especial, como um recurso que elas dispõem para aprender. (…)Ele age de uma forma indireta, pelo arranjo do contexto de aprendizagem das crianças: os espaços, os objetos, os horários, os agrupamentos infantis. O professor atua de modo direto conforme interage com as crianças e lhes apresenta modelos, responde ao que elas perguntam, faz perguntas para conhecer suas respostas, as pega no colo quando se emocionam e, por vezes, opõe-se ao que elas estabelecem para ajudá-las a ampliar seu olhar, ensinar as regras sociais de seu grupo social ou aperfeiçoar seu modo de sentir as situações.” Orientações Curriculares
“Sempre que se fala em vivenciar o novo, em passar a fazer parte de um novo contexto ou grupo, fala-se em necessidade de adaptação. Ideia que tem sido bastante valorizada nos últimos tempos, adaptação não se restringe ao período de entrada de crianças pequenas em creches e escolas. Outras situações merecem a atenção dos programas educacionais: Grupo de alunos reconfigurado no início do ano, professor novo, implementação de novas políticas de educação, mudanças nas estruturas institucionais, acontecimentos inesperados que invadem o cotidiano escolar e seu meio.” Maria Teresa Carvalho
São muitas emoções sutis e marcantes que estão envolvidas nessa relação professor crianças.
Existe uma corrente de paixões e emoções que partem do professor e também das crianças. Quando ele entra na sua sala, provavelmente já têm em sua mente as figuras de crianças que ele deseja, que idealiza. Mas, do outro lado, as crianças também constroem expectativas com relação ao “jeitão” dos professores, a sala e a creche como um todo, de acordo com suas próprias experiências. A RELAÇÃO, então, SE CONSTRÓI SOBRE ESSE ENCONTRO DE DESEJOS E EXPECTATIVAS.
Mas, para uma criança e qualquer ser humano se relacionar é necessário construir um ambiente de segurança. É a velha sensação de que só vou me entregar para quem confio.
E como estabelecemos esse tipo de ambiente na sala? Como vamos construir relações?
A partir da sensação de que o outro me conhece! O professor sabe quem sou eu! Ele conhece meus desejos, meus sentimentos, sonhos, vontades, habilidades e … me enxerga e me escuta! Isto é, eu percebo que ele ouve e inclui o que solicito na pesquisa e na experimentação que me fazem crescer.
Isso tudo em bases individuais. Fazer generalizações quanto à faixa etária, origem das crianças e histórico do que vem acontecendo na creche não é se relacionar! Porque as relações são construídas de um para um!
Considerar e partir das colocações e contribuições das crianças nas propostas de atividades e na própria rotina da creche, são elementos chave para compor uma pauta de ações que se relaciona, interage, fica totalmente adequada ao grupo em questão e constrói vinculo!
Assim, pensando na prática: como se pode estabelecer esse clima de interação construtiva na sala?
Partindo das atividades simples da rotina, mas com olhos, ouvidos e peito aberto para conhecer sua equipe! É equipe mesmo!!! Porque seu trabalho incluirá a participação efetiva de todos para que se alcancem os objetivos da aprendizagem e desenvolvimento.
Para a construção de seu trabalho e do grupo, o professor necessita delimitar as atividades, dentro de uma constância, seus objetivos e a organização dos limites de tempo, espaço e materiais, combinados coletivamente, de acordo com a idade de seu grupo.
É no acolhimento de cada criança como indivíduo participante que se construirá a sua relação.
Então, é demonstrar a valorização do que as crianças estão fazendo e estar presente de fato com elas. Ao desenvolver as atividades, ter no foco as crianças e não a atividade e seus “produtos”. E desenvolver propostas centradas nas brincadeiras, na linguagem lúdica e nas interações.
Finalmente, observando as crianças nas brincadeiras e o modo como se expressam ao longo dos momentos da Rotina, levantar as dicas para o enriquecimento e desdobramento das propostas, porque as crianças são as parceiras e propositoras fundamentais para o trabalho do educador.
Leia mais neste blog sobre conflitos entre as crianças, em: MORDIDAS: situações que demandam atenção e cuidado Adaptação em processo: você já é o brinquedo favorito das suas crianças? O que a criança faz em cada etapa do desenvolvimentoFontes:
- M. Teresa Carvalho – Adaptação: vivência em três dimensões, DIÁLOGOS ACOLHEDORES. Espaço Pedagógico. ANO III Nº 6 – fevereiro de 2000
- Orientações curriculares : expectativas de aprendizagens e orientações didáticas para Educação Infantil – Secretaria Municipal de Educação – São Paulo, SME / DOT, 2007
- Madalena Freire – Diálogos do Espaço Pedagógico
- Maria Aparecida Guedes Monção – depoimentos em 22/05/2014
- Imagens: www.atchim.com.br/img/creche_ativ/92g.jpg ; www.ecobabysteps.com ; englishcornercolegioarturosoria.wordpress.com
[polldaddy poll=8073435]