Crianças nasceram com o gene da exploração! São pesquisadoras natas do mundo que as cerca e, aos poucos, vão tendo suas fronteiras ampliadas. No fuça, mexe, remexe, segura, transporta, tira e põe, os adultos ficam ansiosos, receosos pela segurança e não sabem como agir para estabelecer limites: não dá para abrir os armários da sala e tirar tudo de dentro, lidando com grupos de 18 crianças! Brincar de abrir e bater portas pode machucar!
O que fazer para interromper algumas dessas “investigações”? Como trabalhar os limites nessas situações?
A casa, os ambientes da creche e, em especial, a sala, são o mundo das crianças. Isso significa que esses universos precisam ser explorados para serem totalmente reconhecidos. Paralelamente, controlar o ímpeto de pesquisa não é fácil e nem natural nessa faixa etária. Os impulsos ainda não conseguem ser freados pelos pequenos e, apesar dos alertas dos adultos capturarem a atenção, em poucos minutos eles estão de volta às portas, gavetas e armários!
O que fazer?
- Ter expectativas realistas com relação aos limites
Sabendo que a pesquisa e a exploração é natural da primeira infância, esses comportamentos não acontecem para deixar os adultos malucos!
Assim, é importante saber que os fuça-mexe vão se repetir muitas vezes, nos lugares mais diversos, sempre que a criança perceber que tem algo a descobrir. Outro aspecto dessa questão é levantado pela psicóloga Rosely Sayão. Ela acredita que as crianças estão sendo educadas sob o peso da superproteção, o que as desconecta da realidade. O excesso de zelo também dificulta o desenvolvimento da resiliência, a capacidade de resistir às adversidades.
- Observar o foco da pesquisa
O que está atraindo a criança? É o abre e fecha? É O que está atraindo a criança? É o abre e fecha? É ultrapassar obstáculos? É tampar e destampar? É um barulho? É mexer em botões? É encaixar? Essa percepção será importante para trocar a ação de exploração de algo inapropriado para uma proposta apropriada. Exemplificando, se a criança está gostando de abrir e fechar portas, que tal oferecer um armarinho de brinquedo para ela continuar a pesquisa de forma segura? Ou, que tal preparar uma caixa de papelão com tampas que simulam o movimento de abre e fecha, e ainda colocar um objeto ou brinquedo preferido dentro? No caso dos pequenos que gostam de subir em lugares altos em momentos que o professor não pode assisti-los, é possível intervir preparando um ambiente desafiador com colchonetes e convidar: estou vendo que você gosta de subir nesse lugar alto, e é gostoso mesmo! Mas aqui você não pode fazer isso porque é perigoso. Vamos brincar nos colchonetes? Isso é redirecionar os interesses da criança, demonstrar que seus desejos são reconhecidos e, por isso, oferecer alternativas viáveis para atender as necessidades.
→ Outras sugestões para favorecer as pesquisas redirecionadas: fazer um painel com botões de tampinha de garrafas, fazer painéis sensoriais com sucatas e objetos do uso diário, conseguir teclados quebrados de computador, jogos de encaixar peças, lâmpadas de led que ligam e desligam com botões.
3. Dizer NÃO, de forma firme (não zangada!) somente quando necessário!
Se sabe→ Outras sugestões para favorecer as pesquisas redirecionadas: fazer um painel com botões de tampinha de garrafas, fazer painéis sensoriais com sucatas e objetos do uso diário, conseguir teclados quebrados de computador, jogos de encaixar peças, lâmpadas de led que ligam e desligam com botões.mos que os comportamentos exploratórios vão se repetir porque os pequenos não controlam esse ímpeto, de que adiantar usar o NÃO que não vai ser atendido? Esse tipo de resposta acabará sinalizando às crianças que o NÃO não representa um não de verdade! Desse modo, conversar com a criança, reconhecendo seus interesses e apresentando outras possibilidades de brincar e explorar preserva o NÃO para situações legítimas, que construirão a dimensão exata desse comando. Na Te-Arte da educadora Therezita Pagani, alguns NÃOs são substituídos por PERIGO! O uso dessa palavra acaba transformando-o num código de alerta compreendido por todos, crianças, equipe e famílias.
Somente aos 3 anos as crianças começam (começam!) a desenvolver o autocontrole que as refreia de persistirem numa ação. Nessa etapa as frustrações e desapontamentos encontram a percepção dos pequenos, sendo um importante e delicado aspecto do desenvolvimento emocional. É um trabalho educativo que tem suas raízes plantadas na forma como lidamos com os limites desde bebês. Limites e os famosos NÃO PODE são recursos importantes para preparar as crianças para a vida, contudo, é primordial estar atento à forma como lidamos com a natureza infantil.
♦♦♦♦♦♦♦♦♦♦♦♦♦♦
- Zero to Three, Child Development
- Psicologias do Brasil – Educar pressupõe sempre desagradar a criança diz psicóloga Rosely Sayão
→ Leia mais sobre desenvolvimento emocional das crianças nas postagens:
Olá meu nome é Maria.
Estou com 18 crianças de 2 anos e tenho passado por uns apertos de enlouquecer. O que tenho planejado não tenho conseguido executar. É tanto sobe e desce… vem pra cá… olha a surpresa… não faça isso… aí não… não abre isso… saia daí… que fica estressante e sufocante para todos nós. Tenho a consciência de que são crianças pequenas, curiosas, mas apresentam uma teimosia infinita.
Ao final do dia estamos exaustas e frustradas, pois nada (ou pouco) do que foi planejado conseguiu sair do papel. A coordenação pedagógica não tem experiência nenhuma com Educação Infantil e vem de uma longa temporada no Ensino Fundamental e Médio e está tão perdida quanto nós. O que fazer para construir junto com essa turma, uma rotina mais tranquila sem podar o interesse e a curiosidade inerentes a idade, sem perder o brilho tão lindo que existe no olhar?
Aguardo um conselho.
Maria , professora de uma Escola de Educação Infantil do Rio Grande do Norte
Olá, Maria. Obrigada pelo retorno. São muitas as preocupações que você nos traz! Mas você mesma nos indica um ótimo caminho para conseguir planejar e realizar este planejamento: ‘construir junto com essa turma, uma rotina mais tranquila sem podar o interesse e a curiosidade inerentes’ a esta faixa de idade. Mas como?
Conhecendo as crianças e o que estão pesquisando!
Escolhemos algumas postagens no índice da página inicial do blog (home), que poderão ajudar nesta reflexão! Leia, troque ideias com a coordenadora, converse com as colegas, organize um grupo para discutir e aprofundar as pesquisas…
Para pensar nos critérios do que planejar que tal ler: – Atividades que “dão certo” e que “não dão certo”: o que pensar desta classificação?
Para continuar a pesquisa, sabemos que as crianças nascem curiosas e essa é a principal arma que possuem para conhecer o mundo. Nada escapa ao campo de visão e audição dos pequenos. Para acompanhar “o brilho tão lindo que existe no olhar” de cada criança, como você diz, a sugestão é: – Curiosidade: o combustível da aprendizagem.
Com a intenção de buscar uma solução ao ‘é tanto sobe e desce… vem pra cá… olha a surpresa… não faça isso… aí não… não abre isso… saia daí… que fica estressante e sufocante’ acrescentamos a pergunta: como ter inspiração para planejar boas propostas? A postagem: – O que planejar… alguma sugestão? procura esta resposta – eis um trecho: “… na medida em que entendemos que precisamos estar à altura dos seus interesses e pesquisas. Existe uma fonte inesgotável de sugestões de atividades? Sim! Tudo se resolve quando a fonte é o que enxergamos e ouvimos das próprias crianças! É ao olhar para o que cativa e provoca descobertas que pode nos conduzir a uma jornada certeira de planejamentos, pesquisas e aprendizados. Do contrário, tudo o que planejarmos será artificial, porque partirá do nosso interesse, da nossa vontade, da nossa brincadeira.”
E como são ‘crianças de 2 anos’ um olhar atento à postagem: – Planejar é preciso, como chegar ao planejamento que atenda os desejos das crianças? pode indicar caminhos possíveis… O artigo procura responder a questão: O que pensar, o que escolher, como é a elaboração deste planejamento?
As postagens são inúmeras e os assuntos também! Queremos um espaço de diálogo e aprimoramento para a Educação Infantil: troca de saberes, práticas e fundamentações. Assim, sinta-se provocada e compartilhe conosco este novo percurso! Abraço
Olá, Maria
Escrevemos a você a partir do comentário que fez na postagem do blog: Como dizer NÃO para crianças pequenas?
Nossa postagens procuram situações reais e práticas para ajudar outros professores que estão em situações semelhantes. Por isso, gostaríamos de sua autorização para compor uma postagem a partir da sua solicitação. E, para isso, precisamos também de seu nome completo, o nome da cidade e como ficou conhecendo o Tempo de creche. Pode ser? Esperamos você entrar em contato. Abraço