Qual a importância de organizar os registros para elaborar uma documentação pedagógica para crianças e professores? O que acontece quando a documentação pedagógica é parte da rotina de ensino e aprendizagem?
Acabo de visitar um museu de arte moderna e contemporânea na Alemanha, Pinakothek der Moderne, com inúmeras salas, coleções e curadores*. Chamou a atenção a forma como as obras desse museu foram reunidas em cada uma das salas. Poucas paredes apresentaram obras de um único artista ou de uma mesma época. O que estava provocando os visitantes-observadores era a conversa que as diferentes pinturas, esculturas e instalações faziam entre si. Muito além da autoria, os curadores organizaram pinturas e outros trabalhos pela temática, pelo estilo, por causa de uma cor marcante, de uma luz, o uso do espaço ou mesmo um material.
Ao passear o olhar pelas obras reunidas, o visitante é convidado a pensar na mensagem implícita na arrumação proposta pelo curador:
→ O que está por trás da narrativa?
→ Como esse conjunto de obras me provoca?
A pesquisadora sueca Liselott Olsson defende que a documentação pedagógica deve ser usada por professores e crianças para visualizar problemas, identificar caminhos para pesquisar e criar coletivamente possibilidades para ampliar as brincadeiras e explorações.
Nesse sentido, cabe pensar:
1- Estamos usando a documentação pedagógica (registros do professor e das crianças) para refletir sobre processos e aprendizagens?
2- Como estamos fazendo uso desses recursos? Estamos preparando espaços e organizando os materiais para convidarem as crianças a reviver as experiências? Fotos dos processos e das descobertas, produções, materiais estão provocando diálogo entre professores e crianças?
3- O professor faz uma provocação ao apresentar os desenhos organizados de acordo com uma “mensagem”? Por exemplo, ao constatar o desenho do sol e de animais nas produções das crianças, o professor reune os desenhos que revelam essas descobertas. Ou, ao fotografar uma brincadeira de casinha, o professor identifica que um objeto foi usado de forma diferente; registra as cenas e organiza um painel com essas fotografias para provocar conversas.
Liselott diz que é a partir da documentação refletida e organizada que novas ideias e ações podem surgir, tanto para as crianças aprofundarem aprendizagens, quanto para os professores levantarem pistas para novas propostas articuladas com os interesses e descobertas. Como no museu alemão, constrói-se um campo de relações em torno do encantamento, do respeito pelas ideias, pelos desejos e pela investigação.
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* Curador é o profissional capacitado responsável pela concepção das obras de arte, montagem e supervisão de uma exposição de arte. A palavra “curador” vem do latim tutor (“aquele que tem uma administração a seu cuidado”)
Tenho muitas dúvidas sobre documentação pedagógica e quanto mais pesquiso,tenho mais vontade de mudar a minha prática e estou nesse processo de mudança e vocês tem me auxiliando muito com os artigos.
Adorei os artigos..