Aprendizagem dos movimentos numa viagem de faz-de-conta
Deslocar-se nos espaços é um assunto sério! Movimentos são linguagem expressiva e recurso de brincadeira. E não se trata somente de mover o corpo. Os movimentos constituem-se numa linguagem que comunica. O crescimento físico e a aquisição das habilidades motoras marcam a primeira infância e são favorecidas quando a criança participa de atividades motoras desafiadoras e lúdicas.
Ao proporcionar diversas maneiras de se deslocar compatíveis com a faixa etária, como andar, correr, engatinhar, pular, andar abaixadinho etc. a criança experimenta e desenvolve o conhecimento de seu corpo e sua própria maneira de conquistar os espaços do mundo. Ela amplia seu repertório e enriquece o faz de conta.
Sugerimos um planejamento que explora a aprendizagem dos movimentos e o desenvolvimento de deslocamentos. Para contextualizar com os interesses da turma, pode-se partir de uma história de aventura que já faça parte do repertório da turma e que seja apreciada pelas crianças. A trama da historia deve conter diferentes espaços por onde os personagens se desloquem: meios de transporte, obstáculos e outros elementos que possam entrar num faz de contas para estimular as crianças a se movimentarem de formas diferentes pela sala ou parque. E, para selecionar quais movimentos propor, observe por alguns dias, as crianças durante uma atividade no parque, identificando as potencialidades.
Como inspiração, a historia A menina e o sapo, de Márcia Paganini Cavéquia, publicada neste blog, , tem esse tipo de conteúdo. Mas autores como Daniel Munduruku, Ruth Rocha, Tatiana Belinky e muitos outros da literatura infanto-juvenil brasileira tem contos bonitos, vibrantes e cheios de cenários interessantes. Você pode encontrar alguns no site da Revista Escola, clicando aqui.
1. Narração da História
Despertar para a atividade
Programe a contação da história de aventura num momento em que você possa estender a atividade (a duração irá depender do interesse e envolvimento do grupo… permita que isso aconteça!).
Ao chamar as crianças para a roda, você pode dizer que vai contar uma história que vai virar brincadeira depois.
Faça a narração dando ênfase aos espaços em que a história ocorre e os possíveis obstáculos do desenvolvimento do enredo. Pergunte para as crianças como elas imaginam esses espaços ou obstáculos (para os maiorzinhos). Por exemplo:
Explorar e descobrir
Ao final da história, você deve ter percebido os interesses da garotada, as fantasias nas quais elas embarcaram, as outras histórias e causos que surgiram a partir da sua narrativa. É com esse material que você pode entrar na proposta de faz de conta para promover a experimentação e a prática de movimentos.
Se o faz de conta chegou, por exemplo, numa floresta encantada com árvores, lagos e caminho com flores, você pode construir com a turma um caminho com as cadeirinhas e bancos, ou caixas, imaginando que são as arvores do percurso. Assim, é importante disponibilizar diversos objetos para inspirar os pequenos. Folhas de jornal ou um tecido podem criar o espaço do lago. Já um amontoado de mochilas ou colchonetes, cobertos por um lençol dariam uma montanha muito impressionante! Brinquedos, garrafas pet, latas e outros objetos podem fazer às vezes das flores perfumadas. E aí vale deixar para os pequenos o espaço para as sugestões e contribuições criativas.
Construído o caminho, é hora de propor a viagem:
Vamos imaginar que entramos na história? Como vamos caminhar pela floresta?
As crianças logo estarão prontas para criar movimentos espontâneos e pesquisar todo o ambiente, sozinhas ou em grupos. Dê um tempo para essa pesquisa, observe o que acontece e, se necessário, estimule com outras sugestões, como as perguntas abaixo:
Enfim, é só propor desafios (conforme a faixa etária do grupo) e colher as propostas de movimentos que as próprias crianças certamente vão colocar! E aí convidar a todos a repetir os movimentos explorando gestos feitos com os braços, pernas e o corpo inteiro.
Observe o que as crianças fazem e perceba como estão participando, quais movimentos são mais facilmente executados, quais apresentam mais dificuldades. Esse registro pode auxiliá-lo no planejamento das próximas atividades de movimento e expressão corporal.
Acabando a brincadeira suavemente…
Quando as crianças demonstrarem estar satisfeitas com a vivência, convide a arrumarem a sala ou o pátio, ainda dentro do faz de conta: agora, a viagem está terminando… e temos que deixar a floresta arrumada para a próxima viagem.
2. Viajar de tapete mágico ou outros meios de transporte!
Despertar para a atividade
Em outro dia você pode retomar a história perguntando o que a garotada lembra dela (3 anos em diante) ou recontando um pouco deixando as crianças participarem da forma que puderem.
Ai você pode colocar uma nova proposta: e se a gente viajasse pela floresta num tapete mágico, ou num carrinho, ou num barco… enfim, no meio de transporte que seja mais reconhecido por elas, que elas conhecem e brincam nos faz de conta na sala, no pátio ou na brinquedoteca.
Deixe espaço para elas proporem também! Pode ser que alguma criança traga uma ideia inovadora e a turminha se entusiasme com ela!
Pegue as folhas de papel Kraft ou jornal e os giz de cera e convide as crianças a criarem os seus meios de transporte. Os desenhos podem ser feitos no chão para que depois as crianças possam “viajar” mais livremente pela sala ou pelo pátio.
Terminados os desenhos dos meios de transporte, conversar e perguntar sobre cada um é uma ideia interessante.
Depois é só propor que cada criança pegue o seu e viaje pelo espaço. Fazer perguntas retomando os acontecimentos da história vai enriquecer a proposta e diversificar as possibilidades de movimentação.
Que tal construir os meios de transporte com caixotes? Fazer carros, ônibus, trens, barcos… o quê a imaginação sugerir…
Acabando a brincadeira suavemente …
Ao final da exploração, você pode terminar a proposta dentro da brincadeira. Pode inventar uma garagem para os desenhos, dizer que eles estão cansados e que precisam dormir (todo mundo pode deitar e dormir um pouco antes de guardar os desenhos!). É só prestar atenção na brincadeira para pegar o gancho dentro do universo criado pelas crianças.
Para finalizar, você pode convidar as crianças para arrumarem a sala, fazendo um desafio para quem consegue juntar muitos lápis de cera, empilhar as folhas usadas etc.. Por incrível que pareça, elas adoram a “brincadeira de arrumar”, aprendem com ela, desenvolvem a autonomia e você conquista ajudantes fiéis!