Tapas, empurrões, chutes e puxões de cabelo – como reagir nessas situações? O que fazer? Como entender a agressividade na primeira infância? Veja as reflexões, as dicas e brincadeiras para trabalhar essa questão.
No olhar da psicologia, a agressividade que se manifesta nos primeiros anos de vida é um comportamento normal. É uma espécie de reação que ocorre quando a criança está à frente de algum acontecimento que a faz se sentir frágil e insegura.
Assim, na primeira infância é comum as crianças expressarem desejos e frustrações por meio de comportamentos nada polidos e pouco aceitos, causando incômodo em todo o grupo.
Alguns estudos*[1] entendem que a agressividade na Educação Infantil está cada vez mais presente:
- pela falta de estrutura familiar
- pela falta da atenção dos pais,
- pela reprodução de atitudes presenciadas,
- e nas tentativas de atrair atenção para si.
No ambiente da educação também cabem algumas reflexões:
- Como a instituição analisa as ações de sua própria equipe com as crianças?
- Temos consciência de quais atitudes são favoráveis ao aparecimento de frustrações nas crianças?
- Os educadores trabalham a autonomia das crianças e a construção do respeito pelo outro? Ocorre interação entre crianças de idades diferentes? Como ela é?
- Quanto a estrutura da rotina e a organização das atividades permitem a expressão e a manifestação dos desejos e estados de espírito das crianças?
- A turma fica muito restrita às salas? O corpo tem espaço para se movimentar, para experimentar e para interagir?
Conforme o documento Orientações Curriculares[2] de (2007) da prefeitura de São Paulo, é por meio de seu agir, na relação com os outros (grandes e pequenos), que as crianças poderão compreender suas emoções e sentimentos e organizar seus pensamentos, assim como ter iniciativa e buscar soluções para os desafios, problemas e conflitos.
Uma situação comum da rotina que pode desencadear atitudes mais agressivas ocorre quando o educador apresenta uma proposta de trabalho e não há espaço para a escuta e o respeito dos desejos das crianças. Aceitar o estado de espírito das crianças que não querem participar de uma ou outra proposta também pode contribuir para a construção de um ambiente tranquilo e respeitoso.
A valorização das atitudes positivas das crianças (mais agressivas ou não) contribui para a melhoria das relações. Evidenciar os comportamentos favoráveis com expressões faciais alegres e verbalizando elogios para que todos ouçam, são boas estratégias. E, ao mediar as situações de conflito, ser discreta para não chamar a atenção dos que não estão envolvidos. Mas é importante o esforço e o comprometimento de toda a equipe da creche com a percepção e a valorização dessas atitudes para que a transformação seja efetiva.
Jogos e brincadeiras também são fortes aliados porque, dentro dos seus contextos, valorizam as boas relações ao favorecerem o espírito de grupo e a solidariedade.
Algumas brincadeiras são interessantes para trabalhar a agressividade:
Quando perceber que o clima está esquentando, leve o grupo para o pátio e proponha atividades de corpo, bem movimentadas.
Na Escola Te-Arte, a educadora Therezita Soares Pagani instituiu uma Fábrica de Tintas no pátio. No início do processo, as crianças batem com martelinhos, em tijolos, pedras, isopor e outros materiais transformando-os em pó que será peneirado para fazer tintas e outros materiais para as atividades de artes visuais. Quando as crianças desejam ou se estão nervosas e agressivas, é sugerido que fabriquem um pouco de tinta! Funciona!!!
Outra brincadeira interessante é Chuva de Papeis, proposta feita com revistas velhas e jornais e o convite para a turma rasgar os papéis. É rasgar, rasgar e rasgar! Quando esgotarem o exercício, proponha juntar todos os pedacinhos numa caixa, balde ou sacola e, reunindo o grupo, jogar os papeis para o alto fazendo uma linda chuva de papeis! Pode repetir a chuva muitas vezes.
Brincar com as expressões é outra alternativa lúdica. Nomear os sentimentos e expressá-los é um ótimo exercício e uma experiência de autoconhecimento. Desenhar carinhas com expressões ou recortar fotos de revistas pode compor um jogo de expressões de tristeza, alegria, raiva, medo, susto e gargalhada, entre outras.
No geral, desenvolver uma ideia de grupo e a tolerância entre as crianças é um caminho seguro para minimizar as manifestações de agressividade, aprendendo a respeitar o outro e desenvolvendo um sentimento de pertencimento ao coletivo.
[1] Como por exemplo, A AGRESSIVIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O JOGO COMO FORMA DE INTERVENÇÃO. CANDREVA e outros da revista Pensar a Prática, UFG. [v. 12, n. 1 (2009)].
[2] Orientações curriculares: expectativas de aprendizagens e orientações didáticas para Educação Infantil / Secretaria Municipal de Educação – São Paulo : SME / DOT, 2007.
Leia também no Tempo de Cheche:
MORDIDAS: situações que demandam atenção e cuidado;
Crianças e professores: vamos construir relações?
♦♦♦♦♦♦♦♦♦♦♦♦
Gostou de ouvir o conteúdo?
A startup AUDIMA deu voz a esse post, trazendo a novidade do Vale do Silício, Califórnia.
Se você é criador de conteúdo e também quer converter seus textos, clique aqui (www.audima.co/queroaudio) e ganhe um áudio de até 800 palavras para experimentar!