GEP – grupo de estudos sobre projetos: uma trilha de aprendizagens do professor

GEP – grupo de estudos sobre projetos: uma trilha de aprendizagens do professor

A educadora, fundadora e coordenadora do Grupo de Estudos sobre Projetos/GEP, Alice Proença, promove o aprendizado de professores e coordenadores, por meio de grupos de estudos. No final de cada semestre, organiza uma exposição que revela as descobertas singulares dos participantes. Estruturado para desafiar o olhar dos educadores, refletir em grupo sobre práticas pedagógicas e promover estudos e discussões, os grupos são compostos por pessoas com diversas experiências profissionais: gestores, coordenadores, professores e estagiários. Neste final de semestre, os caminhos e os conhecimentos produzidos foram expressados no conceito COM-PAR-TRILHAR.

Este ano, o estudo capítulo a capítulo do livro Arte e Criatividade em Reggio Emilia, de Vea Vecchi, está sendo o guia dos trabalhos. É um percurso coletivo de conquista de saberes do grupo, de aprendizados individuais e de crescimento profissional, apresentados numa documentação voltada para a equipe pedagógica. Um processo de formação e crescimento dos alunos-professores pode ocorrer também na escola. Acompanhe a entrevista realizada com Alice e seus alunos, que têm um modelo enriquecedor de formação continuada para compartilhar.

Tempo de Creche – Por que finalizar o semestre com uma exposição de documentação pedagógica voltada para os próprios educadores?

Alice – O foco do trabalho está na construção do olhar. A Madalena Freire fala uma frase que me move: “quem tudo olha, nada vê”. Trabalhei com o grupo a percepção de onde estávamos colocando o olhar, para ir aprendendo a lapidar uma questão. Assim, com foco e intenção, construímos uma pauta a partir de um ponto de observação. Sem pauta, o olhar fica como um barco à deriva.

Tempo de Creche – É possível estabelecer um paralelo com o olhar para as obras de uma exposição de arte?

Alice – Numa exposição de arte não existe uma “resposta” para o olhar que foca as obras, mas existe o aprender a observar. E é fundamental que o educador aprenda a observar o corpo que fala das crianças e o corpo dos próprios educadores. Nesse sentido, a grande questão é estabelecer relações com aquilo que se vê.

Escuta e observação trazem fortemente a questão do registro. Para que as informações levantadas se transformem em material de trabalho é necessário registrar. A exposição da documentação é uma forma de registro a partir daquilo que trabalhamos nos encontros dos grupos de estudos. Então, o que os 15 participantes observam num mesmo encontro, é  lido diferentemente por cada um.

Conversamos também com as alunas do GEP! Professoras que se colocaram na posição de alunas, integrantes de um grupo cujo interesse comum foi conquistar aprimoramento.

Tempo de Creche – Depois de percorrer esse processo com a Alice e o grupo, como vocês veem a documentação pedagógica voltada para a equipe pedagógica?

Ana Claudia – Para este grupo, documentação pedagógica é reflexão. É olhar de novo e de várias formas. Observar, enxergar e perceber aquilo que foi lido no capítulo de um livro, o que foi vivenciado, enfim, as nossas experiências.

Beatriz – É um processo de muita reflexão. Saímos de cada encontro com tudo que nos impactou na cabeça. Eu passo a semana com aquelas ideias borbulhando, pensando em como documentar o que estou sentido, o que me impactou, encantou, maravilhou. Esse estado me leva a caminhar pela rua, observar o caminho, catar folhas, pensar no que aconteceu, e, assim, eu vou percebendo o que me traz significados. Comparando com a prática, o trabalho com as crianças nos leva à refletir a todo o momento, e a maneira como documentamos [as experiências] nos marca.

Cristiane – Quando a gente olha essa exposição observa a pluralidade. Cada um pensou de uma forma, mas todos se sentem pertencentes ao que foi produzido.

Paulinha – A documentação [produzida a partir dos encontros] é um território de reflexão simbiótica porque o pensar do outro fica na gente.

Jocimara – Os professores precisam assumir o papel de alunos porque precisam aprender sempre, todos os dias. Os trabalhos reunidos ganham uma nova dimensão: “eu não tinha pensado sobre isto”; “não tinha pensado sobre este percurso”; “isso também é possível”. Quando o professor está aberto a aprender, reflete sobre o espaço da sua sala de aula. Quando se coloca no papel de aluno, percebe como ele próprio aprende e, assim, olha como a criança aprende. Na medida em que eu sei como aprendo, respeito o jeito do outro aprender.

Tempo de Creche – O que muda a partir das experiências de participar do grupo de estudos?

Patrícia, Alan e  Aline – Nós vamos juntas para os encontros discutindo e opinando sobre os textos lidos [tarefa]. Na volta também não paramos de falar!  A nossa cabeça está em um turbilhão de ideias e relacionamos as discussões do grupo com a nossa prática. Nesse com-par-trilhar conseguimos mudar a nossa maneira de documentar. Antes, a documentação era muito fechada, muito padronizada, tudo muito igual: computador, fotos … Hoje abrimos nossa visão e evoluímos para esta síntese imagética, o que conseguimos entender, transformamos em imagens.

A Caminhada continua neste segundo semestre. Tempo de Creche deseja boas pesquisas e descobertas!

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PARA SABER MAIS…

Grupo de estudos é um recurso valioso para promover a formação continuada de professores. Dentro do espaço da escola ou em grupos mistos e independentes, é fundamental que o educador mobilize seu pensar solitário e o compartilhe com o outro. É só neste movimento de troca, de estranhamentos e descobertas que a prática do dia a dia pode amadurecer e progredir.

Participaram desta entrevista: Isabel Maschio, Ana Claudia Cavalcanti, Patricia Diodato, Allan Zugolo, Aline Andrade, Jocimara Leite, Joyce Leite, Christiane Zerino e Alice Proença.

Leia mais sobre grupo de estudos e documentação pedagógica voltada para o professor nas postagens:
Documentação Pedagógica como aprendizagem para crianças e professores

Coordenador pedagógico e formação de professores: tudo a ver!

 

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