Crianças, expressões artísticas e aprendizagem

Crianças, expressões artísticas e aprendizagem

Existe relação entre o desenvolvimento do cérebro e as expressões artísticas dos pequenos?  O que as crianças percebem do mundo? Como elas aprendem?

crianças no museu de Los Angeles

Para refletir sobre essa questão, que permeia o cotidiano de muitos educadores da infância, vamos entender a relação entre a formação do cérebro e as formas de expressão nas crianças pequenas.

Balão-Dúvida-pO que a criança faz?

Brincadeira é a língua que se fala no universo infantil. Tudo passa pelo brincar.
Mesmo quando a criança está quieta num canto ela está brincando em pensamento. Brincar de não fazer nada, para elas, é brincadeira.
Por meio da ludicidade as relações se estabelecem e as descobertas do mundo acontecem.
Ao brincar o universo passa a ser interessante e, consequentemente, significativo. Essa pesquisa e compreensão brincante que as crianças têm do mundo, quando desenvolve significados internos, pode ser expressa.
E como se expressam! Você pode lembrar dos seus pequenos e as formas como eles contam para você sobre o mundo?
Balbuciam, falam, gritam choram, mexem o corpo, gesticulam, dançam, riscam, rabiscam, pintam, cantam, fazem de conta e, assim, contam o que sentem, pensam e buscam.

células nervosasO cérebro nasce com células nervosas imaturas e desconectadas. Para compensar, nasce também com uma energia imensa. O cérebro em condições de amadurecimento reage diferentemente. Para compor um conhecimento de mundo podemos dizer que crianças pequenas tem cérebros superexcitáveis. Tudo o que está ao redor dos pequenos desperta sua atenção e provoca, intensamente as células nervosas que, ao estabelecerem conexões, vão alterando química e fisicamente a arquitetura cerebral.

Balão-Dúvida-pJá percebeu que crianças pequenas parecem ter antenas ligadas?

Essas novas redes de conexões são os aprendizados. E quando elas podem ser acessadas e conectadas a outras redes, isto é, quando os muitos aprendizados podem ser conectados entre si, passam a ser conhecimentos.

Os cérebros dos artistas também tem um funcionamento especial. Imaginando como eles pensam, observamos que a forma de perceberem o mundo é muito semelhante à das crianças. Artistas se deixam impressionar pelos estímulos do mundo, constroem significados para eles e expressam esse conhecimento por meio de sua arte. (Leia sobre esse assunto na postagem Sentir prá Ver: gêneros da pintura na Pinacoteca de São Paulo).
As obras de arte podem inspirar, provocar e despertar a expressão das crianças. Mas essa ação permanece na esfera do cérebro excitável e lúdico. As crianças não mergulham intencionalmente na obra, interpretando e conscientemente conferindo significados abstratos a ela.

Balão-Dúvida-pIsso significa que não devemos mediar as relações de crianças com obras de arte?
Claro que não!

vivência artística Finlândia

Crianças vão se inspirar, construir seus próprios significados poéticos e, talvez, queiram expressá-los realizando experiências artísticas. O professor que apresenta obras de artes visuais, por exemplo, pode acompanhar o interesse de sua turma e, de acordo com o levantamento desses interesses, propor experimentação com materiais plásticos. O que não deve ocorrer é expectativa de cópias e releituras, uma vez que a criança vai experimentar brincando e sua narrativa deve levá-la a caminhos que não podemos prever.

Balão-Dúvida-p… se não podemos prever, houve aprendizado?
100% de certeza de que houve!

produção das crianças do CEI WaltinhoEstimuladas pelas obras, materiais plásticos, relações, percepção do repertório dos colegas e pelas próprias sensações, emoções e experiências, as crianças aprendem na medida em que seus cérebros sofreram alterações e construíram redes de conexões.

A bióloga Maria Aparecida Domingues afirma que as experiências não são simplesmente “armazenadas” nos neurônios. Elas mudam fisicamente a estrutura do sistema nervoso, mudando nossa forma de perceber, pensar, planejar, exteriorizar. E isso não é aprender?

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Balão-Para-Saber-MaisReferências:
Desenvolvimento e Aprendizagem: o que o cérebro tem a ver com isso?, de Maria Aparecida Domingues – Editora da ULBRA

Leia mais sobre esse tema nas postagens:
Crianças e Arte: aprender a aprender
Em que língua falo com minhas crianças?

 

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