Os resultados do IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – de 2013 foram publicados e apontaram para a estagnação das notas do ensino médio e leve aumento para o ensino fundamental. As notas, além de baixas, não atingiram as metas estipuladas pelo governo federal.
Segundo o Jornal o Estado de São Paulo, de 6/09/2014, para justificar o fracasso nos dois últimos ciclos da educação básica, o governo federal defende uma reforma do currículo para tornar a escola mais atraente para os jovens.
Mas o que esta noticia tem a ver com a Educação Infantil?
Tem tudo a ver se pensarmos que a aprendizagem é um processo de construção. E suas bases estão nas vivências e conteúdos que são significativos para quem educa e, principalmente, para quem aprende.
Os pilares desta construção tem seu início no momento em que a criança vem ao mundo. Na primeira infância, as primeiras conexões cerebrais se formam, abrindo-se como verdadeiras avenidas daquilo que é sentido e vivenciado.
A Prova Brasil, base da avaliação realizada pelo Ministério da Educação, se pauta sobre Português e Matemática. Estes campos de experiência também pertencem à infância e, portanto, tem o início de sua base estruturado na Educação Infantil.
Se os resultados que vem sendo apurados no ensino fundamental e médio não tem sido expressivos (muito pelo contrário!), nós, educadores da Educação Infantil também devemos refletir sobre nossa responsabilidade na construção dos fundamentos dessa educação.
Pensando na linguagem oral e escrita…
Os documentos referenciais e orientadores da Educação Infantil apontam os caminhos para as creches e pré-escolas. Os textos do documento Tempos e espaços para a infância e suas linguagens nos CEIs, creches e EMEIs da cidade de São Paulo, de 2006, abordam a questão da linguagem oral e escrita de forma interessante.
Segundo ele, as instituições devem promover experiências variadas com as diversas linguagens entendendo que, para as crianças, as linguagens se inter-relacionam. Assim, é importante não tomar as linguagens de modo isolado ou disciplinar, mas, sim, contextualizadas. Abrir espaços para os enredos dos faz-de-conta, a escuta da leitura de histórias, recontar e narrar causos, aproxima a criança das ações de leitura e da escrita.
Ainda segundo o documento, é função dos CEIs, Creches e EMEIs assegurar o direito das crianças de manter contato com a escrita, sobretudo do nome próprio e também dos escritos presentes em seu cotidiano. Mas o texto reforça que esse contato deve ser contextualizado no espirito da infância e nunca desenvolvido a partir de contextos didáticos artificiais, forçados, importando formatos e conteúdos que pertencem ao ensino fundamental. Nesse sentido, manter contato não significa ter a necessidade de aprender a escrever, mas ver, reconhecer, brincar com materiais que apresentem o nome escrito.
Na figura abaixo, destacada das Orientações Curriculares, podem-se perceber algumas ações práticas recomendadas para o desenvolvimento da linguagem escrita:
Porque, para a criança aprender de fato, ela tem que viver e sentir, lá dentro, com vontade e interesse. Ela tem que sentir que faz suas próprias descobertas. Para ela ser alfabetizada (o lado técnico do saber ler e escrever), ela deve estar letrada, isto é, interessada em fazer leituras do mundo, que se iniciam com a construção do processo simbólico, onde um desenho, um logotipo, uma propaganda, um cartaz da creche produzem significados. Até que o seu próprio nome, um desenho de símbolos único e pertencente, passe a significar também.
E é esse o âmbito da Educação Infantil!
Essa educação da linguagem é a que tem o potencial de produzir bons leitores, interessados, dedicados e produtivos para as próximas etapas da vida escolar.
E não é isso que queremos?
Essa leitura de mundo na educação infantil, suas descobertas, até chegar no lado técnico da leitura e escrita é de suma importância para o pleno desenvolvimento desse aluno, é a base e a estrutura para conseguirmos estagnar essa piora de tantos alunos analfabetos funcionais.
Olá estou na coordenação de uma escola e gostaria de ler mais sobre esse assunto, para orientar o grupo de professores.
Olá, Magda. Bom tê-la conosco! Para aprofundar sobre letramento há outras postagens que abordam este tema:
Letramento no dia a dia: gradual, lúdico e significativo; Palavra de… Magda Soares: criança e a reinvenção da escrita; Palavra de… Magda Soares: a linguagem escrita na infância; E, para ampliar, temos: O registro das crianças pequenas é o desenho. Na faixa azul no topo da página temos as indicações das abas em que estão organizadas as postagens. Há um espaço específico para gestão e coordenação. Abraço.