Na nossa série de postagens sobre Neurociências e desenvolvimento infantil os bebês chegaram aos 6 meses e caminham para o primeiro ano de vida. Isso significa muita conquista! (leia em Neurociência, aprendizagem e desenvolvimento infantil – 6 a 12 meses).
Na primeira infância os pequenos desenvolvem conexões nervosas num ritmo tão acelerado que a capacidade de aprendizagem de novos comportamentos nunca será tão potente e intensa. Como ajudar os bebês de 6 a 12 meses a continuarem seu crescimento? Propomos um brinquedo acessível, amplo e fácil de ser construído para provocar, instigar e contribuir com a pesquisa intelectual, motora e das interações: as almofadas sensoriais.
Ao conhecer os estudos e as teorias sobre o desenvolvimento das crianças bem pequenas, temos a oportunidade de olhar com compreensão para aquilo que planejamos e oferecemos para a turma. Até aqui nossos pequenos já aprenderam muito. Percorreram uma jornada significativa de conquistas especialmente singulares. É a partir dos conhecimentos teóricos e das observações individuais e coletivas das crianças que o educador tem as ‘ferramentas’ para escolher propostas mais apropriadas e planejar sua ação.
Que tal construir brinquedos de largo alcance, divertidos e desafiadores, para instigar os bebês a pesquisar, descobrir, crescer? E dar oportunidades valiosas para você observar e interagir com seus pequenos, contribuindo com as aprendizagens.
ALMOFADAS SENSORIAIS
Lambuzar-se com água, mingau, farinha, tinta e muitas outras substâncias com propriedades físicas e químicas diversificadas é importante para desenvolver uma multiplicidade de capacidades motoras e intelectuais. Mas, no mundo real, propostas com esse contexto de exploração não podem acontecer a todo momento. Elas precisam de organização e estrutura adequada. Para estender e favorecer a pesquisa de materiais com diferentes consistências, texturas, formatos, movimentos e cores, propomos um conjunto de Almofadas Sensoriais para compor uma alternativa às deliciosas brincadeiras de melecas e “sujeiras”.
Para fazer um conjunto de Almofadas Sensoriais são necessários:
- sacos plásticos de boa qualidade – os sacos tipo “zip” facilitam a construção.
- fita adesiva para fechar hermeticamente os sacos – as fitas tipo “silvertape” são resistentes e dão acabamento ao brinquedo
- uma diversidade de meios aquosos. Escolha alguns… ou todos!
- o gel – de cabelo ou de ultrassom. Podem ser diluídos com um pouco de água. São encontrados em lojas de produtos de beleza
- espuma de barba
- óleo de bebê
- água e detergente
- água
- Alguns meios sólidos também podem rechear a almofada: arroz (que tal colorido?), gelo, gel para plantas em bolinha.
- Objetos pequenos, coloridos e não pontiagudos (de plástico e de EVA são mais apropriados) – peças e partes de brinquedos quebrados, sucatas, figuras recortadas de EVA etc.
- Gliter, contas, paetês e botões
- tinta guache e corante alimentício – diversas cores
Selecione os materiais e experimente as combinações mais instigantes para serem exploradas com as mãos, o corpo e os olhos. Sugerimos algumas:
- Gel com gliter, paetês e pequenos objetos dão resultados muito interessantes
2. O meio da espuma de barba fica ótimo com pequenos objetos de plástico que vão surgindo à medida que as almofadas são apertadas.
3. Outra possibilidade com a espuma de barba é colocar pequenas quantidades de duas ou três cores de tinta guache em pontos distantes da espuma. À medida que o bebê aperta e mexe na almofada as cores vão tomando conta da almofada e se misturando.
4. O óleo de bebê fica muito bom com algumas gotas de corante colorido que, como na combinação do guache com a espuma de barba, vão se deslocando pelo meio oleoso e se misturando. O efeito pode ser ampliado com gliter e paetês coloridos.
5. Água e uma alta concentração de detergente, incolor ou colorido, combinados com alguns objetos resultam numa almofada que vai se transformando. Conforme a mistura é agitada, uma espuma vai se formando e os objetos ficam parcialmente escondidos.
6. Como meio, a água é o mais conhecido e acessível. Ela representa para o bebê mais uma alternativa de pesquisa com diferentes propriedades.
As almofadas tem um período de “validade” limitado, uma vez que os sacos plásticos não resistem a infinitas manipulações. Para evitar acidentes (benvindos para os pequenos! rsrsrs!), verifique a integridade dos materiais ao guardá-los depois da proposta e antes de oferecê-los.
Prepare um espaço amplo, que permita os gestos e a movimentação das crianças. Espalhe algumas almofadas e permita os tempos e ritmos de cada um. Observe se percebem os brinquedos e se tem dificuldade de se aproximar deles. Se não for possível alcançar as almofadas apesar de expressarem o desejo, ajude. Se demonstrarem que estão satisfeitos com a pesquisa do brinquedo, procure oferecer outro tipo de almofada. Por outro lado, se expressarem sinais de cansaço ou irritação, é hora de finalizar a brincadeira e propor novamente em outro dia.
Segundo as psicólogas Anna Tardos e Agnès Szanto-Feder, do Instituto Pikler (Lóczy),
O bebê que, em seu lugar habitual, encontra, dia após dia, brinquedos e objetos familiares, tem possibilidade, quase desde o nascimento e durante todo o seu primeiro ano (e nos seguintes), de exercitar e desenvolver suas competências. Cada vez mais hábil, cada vez aprende mais coisas sobre os objetos que o rodeiam, sobre suas dimensões, suas formas, suas qualidades. Mas, sobretudo, aperfeiçoa as suas competências aprendendo a estar atento aos resultados dos seus atos, aprende a aprender. (do Livro Educar os três primeiros anos: a experiênciade Lóczy, Judit Falk, 2011)
Observar a interação dos bebês com esses materiais pode trazer informações preciosas sobre as pesquisas, descobertas e conquistas. Registre! Com fotos que focam a exploração e com anotações.
Reflita sobre as informações que você levantou: chegou a sua vez de fazer descobertas sobre a sua turma! Temos certeza que você vai se surpreender com o seu próprio trabalho e as conquistas dos pequenos.
Compartilhe tudo isso organizando uma documentação pedagógica para os pais: pode ser no formato de um cartaz, numa postagem no Facebook ou nos encontros com as famílias.
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PARA SABER MAIS…
Da série Neurociência, aprendizagem e desenvolvimento Infantil, Tempo de Creche já publicou:
Neurociência, aprendizagem e desenvolvimento infantil – 2 a 6 meses
Neurociência, aprendizagem e desenvolvimento infantil – 6 a 12 meses
Para conhecer mais sobre Emmi Pikler leia as postagens:
Gente, que lindo esse site.. Amei!!
adoreiiiiiiii
Que bom, Fernanda! Estamos abertas para sugestões e dúvidas. Abraço