O Núcleo de Ação Educativa da Pinacoteca de São Paulo inaugurou no último domingo, 25/01/15, um novo espaço voltado para ações educativas. Estudado e construído com um olhar multiuso, o Espaço NAE possibilita atividades poéticas do educativo do museu com o público em geral, inclusive o infantil e também encontra/se voltado para a formação de educadores. A inauguração do Espaço NAE contou com a participação de Luiz Guilherme Vergara, educador, curador e atualmente diretor do Museu de Arte Contemporânea de Niterói e dos conectores platônicos: artistas educadores do MAC que desenvolveram atividades de reflexão sobre as possibilidades educativas dos espaços culturais.
Durante o encontro, Vergara abordou o desafio do trabalho dos educadores diante dos movimentos de sentir para perceber, correlacionando o mundo das ideias e possibilidades à necessidade do momento. Ao trabalhar com um paralelepipedo, ele propos aos participantes sentirem as “mil palavras contidas nesta pedra filosofal”. Esta proposta nos incentiva a pensar como em cada objeto existem múltiplos significados e como cada palavra pode nos levar a mil pensamentos. Esta multiplicidade de sentidos se dá para cada um de nós, mas também em somatória, ou seja, para todos nós! Assim proporciona um exercício de construção coletiva de sentidos.
A coordenadora do Núcleo de Ação Educativa da Pinacoteca, Mila Chiovatto, em depoimento para o Tempo de Creche enfatizou que “o momento de visita de uma criança a um museu é inaugural, ou seja, ao mesmo tempo, inaugura um novo lugar e inaugura um novo você”. Vergara também ressaltou a importância deste momento. “Temos que ter o maior cuidado com este primeiro encontro [da criança com o museu], o tempo inaugural. É preciso ter profissionais cuidadores do tempo inaugural. É o futuro que está sendo construído. É uma alta responsabilidade”, destacou.
Sobre as características dos profissionais envolvidos neste processo, ele afirmou ainda que “temos que ter profissionais com condições de “conector platônico”, que façam com que o público tenha acesso ao mundo das ideias e à necessidade daquele momento, da temporalidade e das circunstâncias do momento. Este é o sujeito que vai despertar na criança esta dimensão, esta potência das idéias e das coisas, entre o pensamento e as palavras, entre o lugar e os sentidos do lugar. Este profissional é ao mesmo tempo poeta, artista, educador, filósofo, ele é lúdico. Este lugar vai fazer parte do futurodesta pessoa. Por isso a gente tem que cuidar porque ela pode nunca mais querer voltar, ou ela pode nunca mais esquecer.”
Enfatizando os pontos levantados sobre a importância do espaço, Vergara sintetizou a sua fala em uma equação matemática onde a “soma da potencialidade de todas as Artes é igual ao integral de educação”.
Cida Perez, sociologa, ex secretaria de educação da cidade de São Paulo, também participou do encontro e fez dois depoimentos exclusivos para o Tempo de Creche. Instigada pelo ponto de interrogação que faz parte do design preparado para este espaço, por onde Vergara começou sua reflexão, ela salientou que “se a gente trabalhar instigando a criança a perceber o espaço como ela vê e como ela vai dispor das coisas, ela vai encontrar o “seu” espaço, ela vai começar a interagir, construir um espaço que seja aconchegante, que tenha acolhimento. Ao mesmo tempo, ela vai estar num momento de aprendizado, ela vai observar e ela vai trocar com outro, para criar uma coisa nova, mesmo que seja por intuição. Diferente de nós que pensamos o espaço como um todo, ela instintivamente vai pela curiosidade, ela vai perceber, construir uma coisa nova, se apropriar”.
Para Cida, este movimento de estímulo à descoberta pode ser transposto também para o momento de chegada da criança à creche ou à educação infantil. “No primeiro dia da criança, em vez de dizer aqui é sua sala de aula ou, para os maiores, esta é a mesinha, a cadeirinha, este é o professor; vamos deixar que ela entre e fale o que acha daquilo. Deixar que ela percorra a escola. Assim ela vai se enxergar naquele espaço que ela vai ter que visitar diariamente e fazer desta visita um prazer”, afirma. Bruno Albert, artista educador do MAC/Niterói , também falou ao Tempo de Creche sobre as peculiaridades de apresentar um novo espaço para uma criança pequena. “É uma novidade! Acontece com uma criança de zero a 200 anos. O que é diferente com as crianças é o feedback que elas dão. Você tem que estar preparado para ler de uma maneira diferente, não só a palavra, mas o corpo da criança. É um tipo de acompanhamento que só no momento ali não basta, tem que estar alinhado com todo o trabalho de corpo que tem sido desenvolvido com a criança na escola. Este momento é uma novidade para eles, uma novidade para a gente. A criança tem esta especificidade no acompanhamento porque a criança não é palavra, é o corpo que fala”, completa.
Tempo de Creche publicou Primeiro dia na creche: um olhar novo de tudo, relacionando a participação dos pais nos primeiros dias da creche e um post sobre o Livro Museu, Educação e Cultura: Encontro de Crianças e Professores com a Arte coordenado por Maria Isabel Leite e Luciana E. Ostetto.
Pinacoteca do Estado de São Paulo
- End.: Praça da Luz, 2- | Lg. General Osório, 66
- Fone: 11 3324 1000
- Visita: terça a domingo, das 10h às 17h30, com permanência até às 18h. As quintas até as 21h30, com permanência até às 22h
- Agendamento de visitas educativas: 11.3324-0943 ou 3324-0944, com Valdir ou Paulo.
Tempo de Creche agradece o apoio da equipe do Núcleo de Ação Educativa da Pinacoteca do Estado de São Paulo na edição deste post.
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Obrigada!
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Obrigada e Parabéns.
E muito especial ter essa página como apoio de pesquisa,uma página rica de detalhes que nós convida a estar conectados ao mundos das crianças,adoro e compartilho com os amigos Parabéns !!
Cristina, Obrigada pelo retorno e por compartilhar. É muito bom podermos contribuir! Mande para a gente as suas informações e experiências. Abraços