A Escola do Bairro, da educadora Gisela Wajskop, foi inaugurada. Estávamos ansiosas para conferir o resultado interessante que já despontava na obra.
Como suspeitávamos… o clima de casa, de bairro, de família, de quintal, de brincadeira, se manteve. O que nos levou a pensar: como devem ser as escolas para crianças? Qual a atmosfera ideal? O que os ambientes devem transmitir?
Era uma manhã ensolarada. Um clima de festa de família ocupava uma das calçadas da Rua Joaquim Távora, na Vila Mariana, SP. Aquela agitação de entra e sai, de crianças querendo descobrir e pais ansiosos por conferir a possível escola para seus filhos.
Atravessando o corredor da entrada, ladeado por plantinhas coloridas, avista-se uma casa de vó e um imenso quintal no fundo.
A primeira sala da casa, destinada aos pequenos de 1 a 3 anos (juntos!) convidava as crianças para pesquisar e descobrir: os móveis com linhas orgânicas e cores suaves, a grande área molhada com pia e chuveirinhos para molhar à vontade, sofá, almofadas e muitos “brinquedos não brinquedos”.
No andar superior, uma grande sala com piso de madeira que faz barulhinho quando se caminha – toc! Toc! Toc! – e grandes janelas antigas. Caminhando mais à frente chega-se a um prédio anexo de construção contemporânea. Por meio de um corredor aberto para o céu e todas as variantes do clima, chega-se a outra grande sala com uma varanda no fundo, que divide a paisagem com uma imensa amoreira carregada de frutos. Por fim, avista-se o grande quintal-jardim-parque, com horta, laguinho e água corrente, forno a lenha, tanque de areia, pedras para saltar e paredes para pintar. Encantador!
Acompanhando o espírito da casa, os materiais oferecidos convidavam e valorizavam quem quisesse brincar, porque eram “de verdade”. Pás e ancinhos de jardinagem; mudinhas para serem plantadas; cestos de tricô e tear com agulhas e lãs; formas de alumínio e objetos de cozinha; martelos, alicates, vassourinhas e rodos para contribuir com a limpeza e laguinho para experimentar a água.
Nesse contexto de festa e descobertas, o que saltou aos olhos: o projeto de arquitetura? Os materiais? A estética? Os visitantes?
Fomos fisgadas pela intimidade das crianças com o lugar. Bebês e crianças se moviam com segurança e destreza pelos ambientes. Entendiam onde estavam. Tinham acesso a todos os materiais e, sabiamente, escolhiam com cuidado aqueles que queriam brincar. Não tinha monitor ou animador contratado para acolher e convidar. O espaço foi o anfitrião.
A Escola do Bairro começa a deixar sua lição antes mesmo de iniciar o ano letivo: lugar de criança é em casa. Escola com jeito de casa. Casa com jeito de família, que oferece natureza e liberdade. Que provoca e instiga, mas também envolve com colo. Um lugar para aprender e realizar grandes feitos, se sentindo à vontade. Um lugar para experimentar e investigar.
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Leia a postagem sobre a obra da Escola do Bairro e as primeiras impressões sobre essa escola em Uma casa que se transforma, uma escola que nasce da história
Gisela Wajskop é pós-Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação: Formação de Formadores da PUC/SP. Também é Visiting Scholar no Ontario Institute for Studies in Education, University of Toronto, Mestre em Educação: História, Política, Sociedade, PUC/SP, Pesquisadora colaboradora do Núcleo de Estudos e Pesquisas e Desenvolvimento Profissional Docente vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação: Formação de Formadores da PUC/SP.
Texto muito bom, demonstra total sensibilidade ao tema. Parabéns.
Marcos, obrigada pelo retorno!
Sensacional. A melhor maneira de ganhar a admiração das crianças, família e ter esse vinculo esse afeto. Parabéns por demonstrar com sensibilidade o verdadeiro sentido em empatia de todas as partes.
Marcos, obrigada por compartilhar!
Uma parceria que começou assim como deve ser: com afeto, muita troca e admiração mútua!
Obrigada Joyce, Angela e Maria Helena!
Seu texto é lindo e me emociona pela sensibilidade de dizer da Escola do Bairro com o mesmo sentimento com que foi construída.
As crianças agradecem!!
Beijos carinhosos,
Gisela Wajskop
Gisela,
Acompanharemos tudo de perto para compartilhar… porque acreditamos!
Beijos da equipe Tempo de Creche