Oferecemos uma grande quantidade de informações sobre Neurociência e desenvolvimento de bebês de 2 a 6 meses na postagem Neurociência, aprendizagem e desenvolvimento infantil – 2 a 6 meses . Abordamos:
- como os bebês conhecem e aprendem sobre o mundo,
- como interagem e se expressam e
- como se relacionar com eles para conhecê-los e trabalhar no seu desenvolvimento
E agora? O que fazer com essas ideias?
O desafio do educador é estar preparado para ir ao encontro dos interesses do bebê na sua singularidade. Nesse sentido, precisamos perceber os pequenos, registrar seus percursos e arranjar tempo para fazer tudo isso com qualidade na correria da rotina
Desse modo, os conteúdos da Neurociência servem como referência para conhecer os bebês do grupo e como orientação para a escolha, organização dos espaços, materiais e elaboração de propostas adequadas.
A organização de CAIXAS TEMÁTICAS com objetos separados e agrupados por temas e qualidades sensoriais é um recurso que pode provocar nos bebês pesquisas e deflagrar situação de aprendizagem. É uma forma enriquecedora de desafiar os pequenos e observar os percursos das conquistas que vão se revelando.
Como organizar essas caixas?
Definindo o foco. As caixas podem conter objetos para provocar mais intensamente um dos sentidos ou instigar pesquisas sensoriais mais amplas. Assim, a organização das caixas pode ser flexível e é possível reorganizá-las à medida que se observa os interesses e necessidades dos bebês.
Muitos focos para brincar e aprender:
- → Objetos instigantes para o TATO – temperatura, pressão, texturas para o tato fino e o tato grosseiro, vibração, tamanho (não menor que 5 cm) e diversidade de materiais.
- → Objetos Vibrantes para a AUDIÇÃO – repertório de músicas e canções e pequenos objetos sonoros que possam ser manipulados pela criança e pelo professor.
- → Objetos curiosos para a pesquisa com a VISÃO – cor, formato, luz, sombra, maleabilidade, em movimento, transparentes, opacos e reflexivos (espelhos). Lembrar que não é interessante sobrecarregar o campo de visão dos bebês porque eles podem ver tudo ao mesmo tempo e não focar em nada! Os bebês que permanecem deitados podem ser estimulados com objetos pendurados como móbiles. É possível amarrá-los em hastes, traves, cabides e varais, com barbantes e elásticos.
- → Objetos cativantes para o OLFATO – criar pequenos sachês de tule, morim ou crochê com ervas aromáticas: erva-doce, camomila, marcela, lavanda, canela, cravo, capim limão, cheiro de talco, cheiros de frutas etc.. Também é interessante separar alguns dos materiais da hora da troca para produzirem uma boa conversa durante a higiene: você está sentindo o cheiro do creme? E a fralda, tem perfume? Vamos sentir?
Objetos de casa, pano da naninha e roupa da mamãe também têm cheiros e os bebês reconhecem.
Observação: os incensos podem ter componentes prejudiciais na fumaça. Evitar o uso. - → MOVIMENTO – as ações motoras das crianças vão acontecer à medida em que trabalhamos os sentidos com os objetos das caixas:
- colocar os bebês no chão.
- deixar os objetos no campo de visão e ao alcance dos pés e das mãos.
- quando perceber que tentam rolar, posicionar os objetos um pouco mais distantes.
- se já sustentam a posição sentada, os objetos podem estar ao redor e até mesmo dentro da caixa para que provoque mais descobertas.
Questões para encaminhar a prática com bebês de 2 a 6 meses
1- Garantir um tempo individualizado de pesquisa e descobertas.
2- Repetir a introdução dos materiais com frequência, ao longo dos dias, até perceber que as pesquisas se esgotaram. Mas isso não quer dizer que os materiais devam desaparecer! À medida que os bebês crescem, outras percepções e interesses vão amadurecendo. Assim, é recomendável introduzir a mesma coleção de objetos alguns meses depois.
3- Registrar o percurso desse trabalho com fotos e anotações. Esse registro é importante para conduzir o planejamento individualizado do trabalho com os bebês. Para aproveitar todo o potencial deles é imprescindível saber quais objetos são interessantes para cada um, quais já foram muito pesquisados e quais apresentam dificuldades de exploração. Essas informações não podem ser creditadas somente à memória do educador. Elas precisam ser fotografadas, anotadas, retomadas e refletidas.
Por natureza, bebês são muito interessados e curiosos com o que acontece à sua volta. Esse é um tempo delicioso de descobertas e amores! Os bebês trazem novidades todos os dias aos olhares atentos de quem os cuida. E isso enche nossos corações… Que incrível perceber que dia a dia crescem, aprendem e conquistam o mundo!
Caixas Temáticas para provocar as sensações estão relacionadas à crença da médica e educadora italiana Maria Montessori (1870-1952). Para ela, a criança conhece e aprende sobre o mundo a partir das próprias mãos. São as experiências concretas, autônomas e sensoriais que ensinam. Assim, as crianças tem a capacidade de ensinar a si próprias se organizarmos o espaço, os materiais e o tempo para que isso possa acontecer.
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PARA SABER MAIS
Leia mais sobre Neurociência e desenvolvimento infantil nas postagens:
- Neurociência, aprendizagem e desenvolvimento infantil – 2 a 6 meses
- O que a criança faz a cada etapa do desenvolvimento
- Bebês aprendem muito. Desde cedo!
- Atividade para bebês: aprendizados com Jogo Heurístico e Cesto de Tesouros
- Educação dos 0 aos 3 anos: contribuições de Emmi Pikler
- Palavra de… Sylvia Nabinger: filosofia e práticas Emmi Pikler
Embora em trabalhe na Educação infantil a catorze anos, eu nunca trabalhei com o quadro de registro, pois em nosso caderno de registro não havia questões norteadoras, para que pudéssemos descrever, sendo assim, este quadro é muito interessante. Por isso eu pretendendo utiliza-lo a partir de hoje. Em minha prática pedagógica eu utilizo muitas atividades voltadas a metodologia montessoriana, a questão de trabalhar os sentidos, o concreto é muito enriquecedor para a criança. Ao ler os textos despertou em mim a criatividade, os textos são muito bons.