Para a fisioterapeuta Silvia Ferraresi e a fonoaudióloga Ana Elisa Machado toda a criança tem o direito de brincar! Elas conversaram com o Tempo de Creche sobre inclusão e Tecnologia Assistiva, que é a utilização de recursos – simples ou sofisticados – para melhorar as funções das pessoas com deficiência.
TEMPO DE CRECHE – O que precisa nortear a atuação de um professor preocupado com a inclusão?
Um professor preocupado com a inclusão precisa ter empatia e comprometimento com a criança. Ele precisa conhecer a dificuldade que a criança tem, para poder pensar em maneiras de contornar essa dificuldade e proporcionar o aprendizado. Ele precisa saber que cada aluno é diferente e aprende de formas diferentes, mas que isso não impossibilita que a turma seja um grupo. O professor precisa ser o mediador entre a criança deficiente e as outras crianças da sala, até que a criança deficiente seja incluída socialmente no grupo. O professor não precisa, necessariamente, saber detalhes de uma determinada patologia, mas deve estar aberto para conhecer algo novo, flexível para modificar suas estratégias de ensino quando necessário e disponível para utilizar meios alternativos de comunicação, tecnologia assistiva e técnicas de manuseio.
TEMPO DE CRECHE – Como viabilizar o brincar no caso de crianças com deficiências físicas?
As patologias que causam as deficiências físicas são inúmeras e variadas, assim como existem diversas sequelas, porém, mesmo nos casos mais graves a criança precisa exercer o seu direito de brincar. É importante garantir a segurança da criança, mas também fornecer meios para que ela brinque do modo mais independente possível. Existem no mercado brinquedos adaptados, como balanços para usuário de cadeira de rodas, mas eles são caros e infelizmente nem todos podem adquirir. Existem possibilidades para tornar a brincadeira acessível, gastando pouco dinheiro através do uso da tecnologia assistiva, que é o uso de qualquer produto, instrumento, equipamento ou tecnologia adaptada ou projetada para melhorar a função de uma pessoa incapacitada. É bom que o professor receba um treinamento, para saber manusear e auxiliar no deslocamento de uma criança deficiente física de modo adequado e seguro. Com a técnica adequada, o professor pode auxiliar a criança a usar os brinquedos existentes na escola ou até adaptá-los para serem utilizados. O uso de órteses para melhorar o posicionamento da mão para pintar ou manipular um brinquedo e próteses para substituir o membro também auxiliam as atividades de brincar. É importante que a criança deficiente participe das mesmas atividades que os colegas.
TEMPO DE CRECHE – Pode dar exemplos práticos do uso de Tecnologia Assistira na Educação Infantil?
A Tecnologia Assistiva engloba materiais de alto e baixo custo, para auxiliar na realização de atividades cotidianas de pessoas que tenham alguma dificuldade. É a necessidade da criança que vai orientar a escolha e utilização da Tecnologia Assistiva.
Podemos começar pelo uso de recursos alternativos de comunicação para as crianças com esta dificuldade. Ter uma prancha de comunicação, confeccionada com papel e figuras com as solicitações usuais, pode ser um bom começo. Existe também tablet com programa específico para a comunicação ou vocalizadores que emitem mensagens ou palavras previamente gravadas. São bastante úteis os dispositivos que acionam e controlam o acendimento de luzes, aparelhos de som, TV e outros aparelhos além de brinquedos. Eles também podem ser usados por pessoas com dificuldades para chamar a atenção das pessoas, como os educadores.
Silvia Ferraresi é fisioterapeuta e educadora. Pós graduada em Biomecânica do Aparelho Locomotor e especialista em tratamento Neuroevolutivo Conceito Bobath. Fundadora da HUMANAI
Ana Elisa Chaves é fonoaudióloga, especializada em Distúrbios da Comunicação Humana e formada pelo método neuroevolutivo Bobath. Fundadora da HUMANAI