Registro e Planejamento na Educação Infantil: esse é um assunto que não se esgota!
A infância tem seus ritmos. Que oscilam como as fantasias de um faz de conta. Reconhecemos as potencialidades das crianças e sabemos que podemos ampliar seus repertórios culturais, contribuir com o aprofundamento de suas pesquisas e trazer para a creche muitos conteúdos e experiências…
…mas quais?
Quando? Em que momento podemos ou devemos intervir?
Qual a dimensão daquilo que podemos considerar “currículo” de trabalho na infância?
Essas perguntas já foram feitas, respondidas e refeitas. Ainda assim, a prática do dia a dia parece se impor às demandas e aos projetos inspirados nos interesses dos pequenos. Aí professores e turmas são atropelados pelos horários determinados, arrumações, limpezas de sala e uma logística de materiais que prevê antecipação.
E assim… bate aquela sensação de frustração. Porque somos cuidadores e professores! Reconhecemos que as crianças aprendem em todas as situações e momentos da rotina, mas queremos ir além e trazer mais conteúdos culturais e de interesse para a turma. Quando não conseguimos viabilizar esse tipo de trabalho nos sentimos frustrados e abatidos.
Se você acompanhou até aqui essa trajetória de pensamentos, já percorreu uma trilha de reflexões. Isso representa empenho para buscar novas formas de olhar e, consequentemente, de pensar a sua Rotina.
Num post publicado em duas partes vamos sugerir um roteiro para guiar a ação de registrar e refletir sobre as atividades que você já planejou e ainda não desenvolveu. É começar pelos REGISTROS, isso mesmo! Sem mudar nada do que você vem fazendo, por enquanto. É passar a registrar o seu dia a dia com as crianças, porque …
… A PRÁTICA É O CONTEÚDO DA REFLEXÃO!
Em resumo, olhar a prática para:
- Identificar
- Reconhecer
- Perceber e sentir
Suas ferramentas: caneta, papel/caderno e máquina fotográfica/celular com câmera
Antes de iniciar… uma inspiração da mestre Madalena Freire:
Roteiro para começar a olhar as suas propostas
O que eu posso perceber
Essa parte do roteiro diz respeitos aos fatos observados. É registrar as observações de acordo com o que foi proposto, acompanhando o roteiro abaixo. Nesse momento atenha-se aos fatos ocorridos e esqueça a Reflexão! Ela virá depois, com as informações em mãos (na segunda parte desse post).
Como o grupo se comportou diante da proposta?
- Quantos se envolveram de fato?
- Quanto tempo durou?
- Como foi a introdução (o despertar para o tema), o desenvolvimento (o explorar e descobrir) e o fechamento da proposta (acabando a brincadeira suavemente)? Para saber mais sobre essa questão acesse o post Educação Infantil: planos e propostas.
- Quais aprendizados ocorreram com mais frequência?
- Quais dificuldades surgiram no grupo?
Nesse item cabe uma explicação:
É esperado que cada criança seja observada, tenha seu desenvolvimento registrado, estas informações possam alimentar uma reflexão a respeito de seu aprendizado e amadurecimento e inclusive subsidiar os relatórios para pais e coordenação. Mas como fazer isso com uma turma de pelo menos 10 crianças, tendo que cuidar, conduzir e mediar as atividades?
Veja, não é esperado que essa observação e registro ocorra com TODAS as crianças e em TODOS os momentos! Isso é impossível!
Uma forma de conduzir essa questão é fazer uma SELEÇÃO das crianças a serem observadas a CADA SITUAÇÃO. Por exemplo, se numa atividade com objetivo de trabalhar deslocamentos você já tiver identificado algumas crianças que tem dificuldades e quer focar essa questão com elas, selecione esse pequeno grupo para fazer os registros individuais. Na hora da história você pode selecionar outras crianças e assim por diante. Ao longo de um período todas as crianças serão individualmente observadas e será possível determinar os aspectos que precisam de foco nas próximas atividades.
- As crianças selecionadas para a observação foram acompanhadas durante a atividade? O que foi registrado?
- Quais informações foram levantadas?
- Quais as dificuldades e conquistas identificadas?
Olhar para o uso dos espaços e dos materiais
- Quais espaços foram utilizados? Como foi o aproveitamento e participação das crianças neles?
- Quais materiais foram utilizados? Quais despertaram maiores desafios e foram mais explorados?
- Quais espaços e materiais “prenderam” as crianças na exploração?
- Como foram percebidos os espaços e materiais com relação à segurança das crianças?
Olhar para os interesses, pesquisas e contribuições das crianças
- As crianças apresentaram interesses e pesquisas que podem ser aprofundadas? Quais foram? Quais crianças trouxeram as contribuições?
- Esses interesses foram compartilhados por outras crianças?
- Quais interesses vêm se repetindo?
Desafie suas crianças com propostas de atividades e se desafie a olhar, perceber e registrar o que acontece. Você já tem uma sugestão para direcionar suas anotações, agora é experimentar!
Leia a segunda parte do post, com o roteiro para refletir sobre as anotações, encaminhar o planejamento e uma sugestão de formato de Registro.
Posts já publicados sobre Registro e Planejamento: Na prática: a documentação pedagógica, relatos, registros e reflexões Registro e Documentação Pedagógica: da dor de cabeça ao papo cabeça Por quê fazer registro? Gisa Picosque fala sobre a importância de fazer registros e sua arte
Excelente blog. As sugestões são muito pertinentes e com materiais muito ricos. Obrigada por disponibiliza-los e contribuir na formação de muitos professores.
Parabéns pelo site! o conteúdo é riquíssimo e essencial para a nossa formação. Muito obrigada!
Quero agradecer pelo rico conteúdo que vcs apresentam no site. Parabéns
Me encantei com a diversidade de materiais, é nítido a organização, a fundamentação teórica e a qualidade das propostas apresentadas no site. Estão de Parabéns.