Que as crianças precisam de natureza, ninguém duvida! Levar um pouco de natureza para a sala enriquece a pesquisa e a brincadeira com elementos potentes.
Acompanhe o trabalho da professora Neuza e da coordenadora Silvana do CEI Santa Marina, SP, com a turma de pequenos investigadores de três anos.
As professoras de três creches de São Paulo estão pesquisando o envolvimento das crianças pequenas com “objetos potentes”, tema da formação que estamos desenvolvendo com o apoio do Impaes* neste semestre.
Objetos potentes são materiais que não vêm com “instrução de uso”. Eles desafiam a criança a mobilizar a criatividade e a imaginação para construir significados.
As sucatas são um bom exemplo dessa potência. Também as caixas que se prestam a uma infinidade de brincadeiras, os utensílios de cozinha, os tecidos e as folhas, flores e gravetos que se transformam em saborosas comidinhas.
Já os brinquedos prontos “prescrevem” um manuseio, indicam como podem ser usados e limitam a criatividade.
No percurso da formação das equipes, a Neuza resolveu planejar uma sequência didática a partir do interesse da turma pelos tesouros encontrados no caminho do parque para a sala. Se os pequenos gostam de coletar, vamos trabalhar essa coleta!
Saíram para o parque munidos de sacolinhas e afinaram o olhar para encontrar elementos interessantes: pedras pequenas e grandes, lisas e ásperas, brancas e marrons; “pauzinhos” que foram chamados pelo nome de “gravetos” e galhos”; folhas verdes e amarelas, que sinalizam o outono; vagens; sementes e um “coração de bananeira” – uma raridade caída no chão do parque. Depois do exercício, parece que os olhos das crianças aprenderam a observar o caminho com cuidado e interesse: olha o que eu achei, prô!
As sacolas voltaram repletas para a sala e foram guardadas com cuidado para serem utilizadas em outra proposta.
No dia seguinte, com a ajuda da coordenadora Silvana, Neuza separou as lupas e os elementos coletados, classificando-os para dispor sobre as mesas colocadas no pátio ensolarado. Com a brincadeira arrumada, convidou as crianças que reconheceram o material.
A organização do espaço propositor pareceu contar para os pequenos que era hora de observar e pesquisar os materiais de perto. Minuciosamente olharam através da lupa, ora mirando os materiais, ora mirando os colegas e as partes do corpo.
Uma menina examinava atentamente as pequenas pedrinhas de brita. Percebendo o esforço da colega, outra menina segurou a lupa sobre as pedrinhas para colaborar com a amiga. Uma formiguinha deu o ar da graça e foi seguida por alguns pequenos. Mas a grande sensação foi o “coração da bananeira”, manuseado e revirado por muitos interessados: cuidado! A prô disse que esse é o coração da árvore!
Até que um menino resolveu retirar as grandes pétalas dessa incrível flor e descobrir que ela abrigava bananas pequeninas. Que descoberta! Professora, coordenadora e crianças ficaram maravilhadas! Foram encontradas bananinhas em miniatura dentro da flor-coração. Posso comer? disse um dos pequenos. Neuza respondeu que banana verde pode ter gosto ruim. Mesmo com o cheiro de fruta verde, a tentação foi grande.
A professora registrou os acontecimentos, as falas e descobertas das crianças em seu caderno, além das próprias descobertas com a prática. A coordenadora fotografou e filmou a atividade, procurando registrar os detalhes da organização dos espaços e materiais e também os momentos de pesquisa das crianças. Depois, refletiram em conjunto.
A natureza convidou crianças e educadores e mostrou um caminho frutífero para pesquisar… quem falou em “fruta”?
Ahhh! Fruta também faz parte desse universo natural e a equipe aproveitou os avanços das pesquisas das crianças para investigar as frutas do dia a dia.
Essa trilha está só começando… e fica para outra postagem!
PARA SABER MAIS…
→ A prática comentada nesta postagem aconteceu no CEI Santa Marina, do Instituto Rogacionista, São Paulo. A professora é a Neuza Marlene da S. Avelar e a coordenadora é a Silvana Barbosa de Moura.
→ * O Impaes – Instituto Minide Pedroso de Arte e Educação Social propõe um novo e avançado formato de responsabilidade social no Brasil. O Instituto propõe beneficiar iniciativas que tenham como meta a capacitação de educadores na área da arte, visando efeito multiplicador em todas as suas ações sempre voltadas à formação de crianças, jovens e adultos, em comunidades de baixa renda. Por meio do Programa Desafios Impaes 2017, o instituto apoia projetos de formação de dois anos voltados a professores e gestores de creches de São Paulo, num dos quais atuamos como formadoras. O Projeto Afinal, o que é arte na Educação Infantil? trabalha com os CEIs Nossa Turma, Anibal Difrancia e Santa Marina, com monitoramento do CENPEC.
→ Leia mais sobre esse tema nas postagens:
Eu estou muito feliz em encontrar vocês ,gostaria de um contato ,
Segue meu ZAP:967735318
O professor, como mediador das atividades, deve propor às suas crianças objetos potentes (materiais recicláveis, tecido, folhas etc..), que instiguem a imaginação e criação das crianças.
Quando se proporciona à criança “objetos potentes” você a desafia a ser produtiva, inovar e com isso ela consegue expressar suas ideias e, na maioria das vezes, transparece suas alegrias, tristezas e angustias.
As sucatas, por exemplo, enriquecem o dia dia da criança pois ela se reinventa a cada dia , imaginando e criando brincadeiras novas sempre interagindo com os colegas.
Amei o trabalho com a natureza, meus parabéns.
Que interessante o direcionamento dado pela profa. na coleta dos materiais e depois entre outras coisas o uso de lupa. Seria produtivo juntar estas várias experiências e publicar algum relato mais estruturado.
Olá, prof. Amauri. Obrigada pelo retorno. Sua sugestão será encaminhada para a professora. Abraço